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Servtec e fundo Darby fecham aquisição de parque eólico e hidrelétrica

06/08/2020 15h52

Por Luciano Costa

SÃO PAULO (Reuters) - A geradora de energia Servtec e o fundo de private equity Darby, da gestora norte-americana Franklin Templeton, fecharam a aquisição de um parque eólico no Ceará e uma pequena hidrelétrica no Mato Grosso, disse à Reuters nesta quinta-feira o presidente da elétrica brasileira.

A operação, cujo valor não foi revelado, foi acertada junto ao grupo espanhol Inveravante. O parque eólico Dunas do Paracuru tem 42 megawatts em capacidade, enquanto a PCH Inxú tem 22 megawatts, e ambos os ativos estão em operação comercial.

"São ativos pequenos, que ficam fora do radar dos grandes compradores, das grandes transações de M&A (fusões e aquisições). Temos visto mais transações maiores, de 300 megawatts a 400 megawatts, então esses ativos não despertam tanto interesse dos grandes players, mas para nós faz todo sentido", disse o CEO da Servtec, Pedro Fiúza.

Com o negócio, a carteira de empreendimentos eólicos e pequenas hidrelétricas da Servtec em operação alcançará 173 megawatts. A companhia também possui participação em termelétricas e ativos de geração solar distribuída, como são conhecidas usinas fotovoltaicas de menor porte que vendem a produção diretamente a empresas ou grupos de clientes.

Já o grupo Inveravante, vendedor na operação, possui negócios em diversos setores, incluindo imobiliário, e buscava se desfazer dos ativos em energia no Brasil, disse Fiúza.

"Estamos mirando possíveis ganhos de eficiência e de qualidade com nossa gestão. Conseguimos também ter um ganho de escala nos custos operacionais desses ativos", explicou ele, ao destacar que a Servtec tem usinas eólicas próximas ao parque comprado dos espanhóis.

A transação envolverá pagamento aos vendedores e assunção de dívida dos empreendimentos junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e ao Banco do Nordeste (BNB).

A Servtec focará inicialmente em melhorar o desempenho das usinas, mas depois deve avaliar a possibilidade de refinanciamento dos ativos, para reduzir custos, em meio à continuidade das quedas das taxas de juros no Brasil.

"Certamente, faz parte da agenda. Não num primeiro momento, mas daqui a um, dois anos, podemos avaliar um refinanciamento desses ativos", disse Fiúza.

A Servtec e o Darby se associaram em meados de 2016 para buscar negócios conjuntos em projetos de energia por meio de um fundo de investimento em participações.

A operação pela PCH e o parque eólico foi a primeira que envolveu uma aquisição de usinas prontas pela Servtec, que até então focava o desenvolvimento de projetos do zero, o que ainda deve continuar a ser o foco do grupo.

"Foi um movimento bem oportunístico", disse Fiúza, embora sem descartar que a empresa possa olhar outras possíveis compras.

GERAÇÃO DISTRIBUÍDA

A Servtec também tem buscado em parceria com o Darby desenvolver uma carteira de projetos de geração solar distribuída, inclusive com a busca de possíveis aquisições de projetos no setor ou associações com outras empresas.

"Temos quase 70 megawatts em projetos, 15 megawatts operando e uns 54 megawatts em construção, e temos boas negociações em andamento. Temos um plano de chegar a 250 megawatts no final de 2021", disse Fiúza.

Segundo o CEO da Servtec, os investimentos nesse segmento têm sido bancados com recursos próprios, mas com planos de buscar financiamentos no futuro.

"Nossa ideia é fazer uma primeira leva de projetos com equity e à medida que esses projetos forem ficando prontos e operacionais vamos potencialmente acessando o mercado de capitais para agregar dívidas neles", explicou.

A Servtec também possui negócios em geração termelétrica, inclusive projetos prontos para participação em leilões do governo, mas a empresa não espera novas oportunidades nesse setor em 2020, segundo Fiúza.

O Ministério de Minas e Energia decidiu no final de março suspender por tempo indeterminado leilões para novos projetos de geração devido às incertezas associadas à crise do coronavírus, o que incluiu a postergação de um certame para novas usinas térmicas a gás.

É difícil que essas licitações sejam reagendadas ainda para 2020, enquanto mesmo em 2021 ainda há grandes incertezas sobre a demanda por novos projetos de geração, disse Fiúza.

Ele também destacou que projetos térmicos têm dificuldade para serem viabilizados com contratos no mercado livre de energia, como tem acontecido com parques eólicos e solares -- essas fontes renováveis passaram mais recentemente a mirar negociações privadas de venda da produção devido às baixas perspectivas quanto aos leilões do governo no curto prazo.

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