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Valdemar Costa Neto vira réu por superfaturamento de ferrovia em Goiás

Ex-deputado federal é acusado de receber propina para fraudar licitações - Sérgio Lima/Folhapress
Ex-deputado federal é acusado de receber propina para fraudar licitações Imagem: Sérgio Lima/Folhapress
do UOL

Do UOL, em São Paulo

27/05/2020 14h02

O ex-deputado federal Valdemar Costa Neto se tornou réu hoje em um processo que investiga obras superfaturadas da Ferrovia Norte-Sul, que corta o estado de Goiás. Valdemar e mais seis acusados serão julgados por um esquema que atuou de 2000 a 2011, denunciado em delações de executivos de grandes empreiteiras como Camargo Correia e Andrade Gutierrez.

Valdemar atualmente não tem mandato, mas segue sendo uma importante liderança do PL (Partido Liberal), após ter presidido a legenda por anos. Preso em 2012 no processo do Mensalão, o político teve o perdão da pena concedido em 2016 e é apontado como um dos principais negociadores de cargos para o centrão no governo de Jair Bolsonaro, que se aproximou do grupo recentemente.

O processo que investiga o ex-deputado foi recebido pela Justiça Federal de Goiás no último dia 7 de abril. A denúncia é do Ministério Público Federal (MPF) e investiga crimes de peculato, corrupção passiva e fraude à licitação.

Segundo o processo, apenas três empresas, que nunca tinham feito doações eleitorais anteriores ao PR (nome do PL à época), chegaram a somar quase R$ 1,2 milhão como doadoras em 2010 e 2014, segundo dados da Justiça Eleitoral.

O esquema se iniciava na formação de cartel por parte de participantes das licitações para a obra da ferrovia, conduzida pela empresa pública Valec. Com isso, as empreiteiras conseguiam praticar o sobrepreço e combinar quem venceria a concorrência.

O MPF aponta que o esquema rendeu, no mínimo, um prejuízo de quase R$ 30 milhões aos cofres públicos, o que representaria em valores atualizados mais de R$ 76 milhões.

Valdemar participava das ilegalidades dando sustentação política a José Francisco das Neves, o "Juquinha", que era o responsável por homologar resultados das licitações e aprovar os contratos superfaturados. O MPF ainda diz que Valdemar cobrava uma espécie de pedágio para que novas empresas pudessem participar das licitações fraudulentas.

O ex-deputado federal permanece sem mandato desde 2013, quando renunciou pela segunda vez após ser condenado no processo do Mensalão. Antes, em 2005, ele já havia desistido do mandato quando teve seu nome envolvido no escândalo que tinha o governo de Lula e o PT como protagonistas.

Além de Valdemar, também viraram réus no processo José Francisco das Neves, ex-presidente da Valec, Luiz Carlos Oliveira Machado e Gustavo Henrique Malaquias, ex-superintendentes de construção da Valec, Djalma Florêncio Diniz Filho, diretor-presidente da Pavotec, Itamar Antônio de Oliveira, então engenheiro fiscal da Valec, e Ricardo Ribeiro de Paiva, engenheiro da empresa supervisora das obras.

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