Condições financeiras globais foram afetadas significativamente, diz ata do Fed
Iander Porcella, André Marinho e Gabriel Bueno da Costa
São Paulo
08/04/2020 16h05
Os participantes da reunião mostraram "profunda preocupação" com os que tiveram a saúde afetada, observando que o problema foi, sobretudo, "uma emergência de saúde pública".
Os dirigentes comentaram que as medidas de distanciamento social tomadas para conter a pandemia, embora necessárias, devem representar um custo para a atividade econômica americana no curto prazo.
Eles disseram que os dados econômicos disponíveis mostravam que a economia dos EUA entrava nesse "período desafiador" em ritmo forte, com o mercado de trabalho ainda robusto até fevereiro e a atividade econômica crescendo "a um ritmo moderado". "Os ganhos de vagas vinham sendo sólidos em média, nos últimos meses, e a taxa de desemprego seguia baixa", diz a ata.
Os gastos das famílias haviam avançado em ritmo moderado, enquanto os investimentos em ativos fixos e as exportações haviam "permanecido fracos". Ainda segundo o documento, a perspectiva geral para a inflação e seu núcleo seguiam abaixo de 2% e as medidas de expectativa de inflação no mais longo prazo tinham tido pouca mudança.
Efeito
A crise trazida pelo novo coronavírus pode não ter efeito tão duradouro sobre a atividade quanto teve a crise de 2008, avalia o Federal Reserve, de acordo com a ata.
Além disso, para os integrantes do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês), o problema de liquidez no mercado de títulos corporativos ainda não chegou ao nível da última grande crise financeira.
O documento traz que os dirigentes, na reunião, assim, avaliaram não ser possível comparar as duas crises, até porque o choque atual não é financeiro, como foi em 2008.
Por outro lado, os participantes da reunião do BC dos Estados Unidos ponderaram que a duração da fraqueza econômica em decorrência da pandemia, que deve levar a contração no crescimento neste trimestre, é incerta. "As perspectivas de curto prazo para economia dos EUA se deterioram fortemente", diz o documento, que se refere à reunião de política monetária de 15 de março, quando os juros básicos americanos foram derrubados, em reunião extraordinária, para a faixa entre 0% e 0,25%.
"As medidas para conter o vírus terão impacto na atividade americana no curto prazo", segue a ata.