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Bolsonaro a governadores: Vai abrindo devagar, que ninguém aguenta mais

Pedro Caramuru, Gregory Prudenciano e Daniel Galvão

02/04/2020 21h47

O presidente Jair Bolsonaro fez nesta quinta-feira, 2, um apelo aos governadores para que reabram, ainda que aos poucos, os comércios de rua, ao invés de reforçarem as medidas de isolamento social. Bolsonaro desafiou os governadores e ir pessoalmente conversar com o "povo", à semelhança dos contatos com populares que ele tem tido nos últimos fins de semana e que são alvo de crítica por irem contra as medidas de combate à covid-19. Segundo Bolsonaro, "se o povo está contaminado, eu vou lá no meio do povo".

O presidente conjecturou que há quem queira "sufocar a economia para desgastar o governo". Bolsonaro ainda criticou nominalmente, por algumas vezes, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que faria "demagogia barata o tempo todo". As falas aconteceram em entrevista à rádio Jovem Pan.

"Quando esses Estados fecharam tudo, a maior fonte de receita, o ICMS, acabou. Já tinham problemas. Não venha esse porta-voz com esse discursinho barato, ginasial, falando que o governo federal tem dinheiro, tem a Casa da Moeda. Eu não vou rodar moeda lá, se rodar moeda vem inflação, aí acaba o Brasil de vez. Estamos prontos para ajudar, agora, é o meu sentimento, é o que eu penso: comecem a abrir. Vai abrindo devagar, que ninguém aguenta mais", falou Bolsonaro.

O presidente disse temer que, terminada a validade da medida provisória que suspendeu o pagamento de dívida dos Estados com a União, os entes federativos voltem a pedir mais dinheiro para o governo federal.

Ainda sobre Doria, Bolsonaro disse que os governadores brasileiros estão "muito mal de porta-voz, péssimo em todos os aspectos", e que o tucano está "destruindo a economia de São Paulo" e depois "vem com cara de freira, de virgem imaculada dizendo que o governo tem que ajudá-lo". "Sou paulista, adoro o povo paulista, mas esse governador não está fazendo um trabalho sério", disse o presidente, para quem Doria "precisou" do nome dele em 2018, ao lançar o mote "BolsoDoria" no segundo turno das eleições.

Comentando sobre a troca amigável de tuítes entre Doria e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Bolsonaro se disse constrangido. "Essa do Lula, pelo amor de Deus, estou com vergonha dessa aproximação do Lula. Já caiu a máscara dele (João Doria) há muito tempo, agora ficou ridícula a situação dele se solidarizando com o ex-presidiário que acabou com o Brasil", provocou.

O governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), que assim como Doria vem antagonizando com Bolsonaro e apoiando medidas de restrição à mobilidade dos fluminenses, foi também criticado pelo presidente da República. "Não podem alguns governadores, como vi o do Rio anteontem na TV falando 'fica em casa, é uma ordem'. Tá pensando que é o que, é ditadura esse negócio aqui? Que negócio é esse? Não é dessa forma que devemos tratar a população, tem que tratar com respeito." Bolsonaro defendeu a liberação das praias, pois, segundo ele, "o cara na praia está ao ar livre, melhor do que estar com dez caras num churrasco ou num quarto vendo TV".

Citando um vídeo divulgado pelo pastor Silas Malafaia, o presidente disse que o governo do Rio tem se abstido de fiscalizar o comércio das favelas do Estado, que estariam funcionando normalmente apesar da quarentena decretada. "Por que o Witzel não manda alguém para a comunidade fechar o comércio? Não tem coragem de fazer isso aí?", provocou.

Outro político criticado por Bolsonaro foi o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), a quem o presidente atribuiu a publicação de uma foto de sepulturas escavadas em um cemitério da cidade e que foram parar na capa do jornal americano The Washington Post. "Eu mandei levantar se isso (a foto) não é fake news, mas parece que não é. Se não for, que vergonha, prezado prefeito o Bruno Covas, buscar sensacionalismo em cima de pessoas que perderão as suas vidas. Essa imagem não pode ser levada a conhecimento público. Isso é uma vergonha para o Brasil. Uma vergonha para a classe política brasileira", disse Bolsonaro.

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