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Manchas de óleo atingem praia chamada de "Caribe" do Rio Grande do Norte

Foto antiga da praia de Maracajaú, que é conhecida como Caribe do Rio Grande do Norte - Idema/Divulgação
Foto antiga da praia de Maracajaú, que é conhecida como Caribe do Rio Grande do Norte Imagem: Idema/Divulgação
do UOL

Aliny Gama

Colaboração para o UOL, em Maceió

09/10/2019 23h43

Resumo da notícia

  • Óleo cru atingiu piscinas naturais de Maracajaú
  • Secretaria diz estudar como irá fazer a limpeza dos locais
  • Passeios turísticos não foram afetados na região, segundo fundação

Considerada o "Caribe do Rio Grande do Norte", a praia de Maracajaú, no município de Maxaranguape, litoral norte do estado, foi atingida pelo derramamento de óleo cru, que vem ocorrendo no Nordeste desde o início de setembro. A substância foi encontrada flutuando em meio aos parrachos (piscinas naturais) de Maracajaú, que fica na APA (Área de Proteção Ambiental) Recife de Corais, no dia 14 de setembro. A informação foi divulgada hoje.

O derramamento de óleo no Nordeste é considerado o maior acidente ambiental em extensão do país, com 2.100km de manchas oleosas, que atingem da Bahia ao Maranhão. Até agora, não se sabe a origem nem o responsável pelo óleo.

Os parrachos são um conjunto de recifes de coral que formam piscinas naturais, com águas transparentes, localizados a 7km da costa da praia de Maracajaú. O local atrai turistas para mergulhos de apreciação da fauna e da flora marinha, com peixes e recifes de coral coloridos.

A constatação da presença de óleo nos parrachos foi feita pela equipe do EcoRecifes, programa de monitoramento ambiental da Fundep (Fundação para o Desenvolvimento Sustentável da Terra Potiguar). Segundo a EcoRecifes, foram encontrados pequenos fragmentos de óleo em suspensão na água e, devido à flutuação do material, os recifes não foram afetados.

"Vale destacar que este resíduo é um composto com abundância em hidrocarbonetos e, sendo assim, não afunda e não tendo contato com os corais. Graças a isto, nenhum dano ambiental foi registrado na área. É importante esclarecer que, a quantidade deste resíduo observada no mar pelo monitoramento e ínfima frente às encontradas nas praias que compõem a Unidade de Conservação", informou a EcoRecifes, em nota.

A equipe do EcoRecifes destaca que está diariamente monitorando o mar e ainda é possível observar desde a constatação da presença do material que, em raros momentos, "alguns pequenos fragmentos sendo carregados pela corrente".

A substância foi encontrada após rastreamento na área, depois que manchas apareceram na praia de Maracajaú, por duas vezes, e nas praias de Cabo de São Roque e Caraúbas, todas localizadas em Maxaranguape.

Segundo o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), manchas oleosas apareceram por duas vezes na praia da Maracajaú, nos dias 10 e 17 de setembro. As praias de Cabo de São Roque e Caraúbas apareceram oleadas nos dias 14 e 15 de setembro, respectivamente.

A Fundep afirmou que apesar da presença do óleo nos parrachos, os passeios turísticos não foram afetados. "Nenhum prejuízo foi verificado, pelo contrário, no último mês de setembro o quantitativo de visitantes na APA aumentou, tendo como parâmetro aos meses de julho e agosto deste ano".

A Secretaria Municipal de Sustentabilidade Ambiental e Urbanismo informou que estuda junto com a administração municipal e órgãos ambientais como vai fazer a limpeza dos parrachos e ações que possam minimizar os impactos ambientais na área atingida.

Segundo o Ibama, o Rio Grande do Norte tem 43 praias atingidas pelo derramamento de óleo e, os dados apontam que é o estado com maior número de áreas afetadas. No RN, quatro tartarugas foram encontradas cobertas de óleo, sendo duas mortas.

No Nordeste, já são 62 municípios e 138 praias afetadas pelo óleo. Dezoito animais foram encontrados cobertos de óleo, sendo 17 tartarugas marinhas e uma ave. Onze animais morreram - dez tartarugas e uma ave chamada bobo-pequeno (Puffinus puffinus).

Início das manchas no Nordeste

Passado um mês das primeiras manchas encontradas em Pernambuco, autoridades não conseguiram detectar ainda a origem do óleo que vem poluindo a costa do Nordeste. Até agora, sabe-se que as manchas são causadas pelo mesmo material.

As primeiras manchas surgiram no litoral de Pernambuco, no início de setembro. Depois, material semelhante foi encontrado na Paraíba, Alagoas, Rio Grande do Norte e se espalhando para o Ceará, Piauí e Maranhão. Por fim, o material chegou ao estado da Bahia no último dia 3. O número de praias afetadas pelas manchas de petróleo vem aumentando com o passar dos dias.

O governo de Sergipe decretou estado de emergência nos municípios atingidos pelo óleo. As medidas tomadas foram tomadas por conta do surgimento de extensa mancha de óleo na praia dos Artistas, em Coroa do Meio. A praia foi interditada devido à presença do material, que é tóxico. Segundo a Adema, esta é a maior concentração da substância já encontrada nos nove estados nordestinos afetados pelo derramamento de petróleo cru desde o mês passado.

Manchas de óleo atingiram a foz do Rio São Francisco, em Alagoas. A substância fixou a 150 metros do rio e causa preocupação, pois a água do rio é utilizada para consumo humano.

A Petrobras afirma que o material trata-se de petróleo cru e que não é compatível com substratos extraídos no Brasil. Até agora, análises laboratoriais não conseguiram identificar a origem da substância e tentam cruzar dados com material genético de outros países.

A fauna marinha está sofrendo com a poluição do petróleo cru encontrado no litoral de todos os estados do Nordeste brasileiro. A maioria dos animais encontrados com vestígios do óleo acabou morrendo, segundo o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).

O projeto Tamar suspendeu, temporariamente, a soltura de filhotes de tartaruga marinha em Sergipe e no extremo Norte da Bahia devido ao risco de morte dos animais com a contaminação de petróleo na costa do Nordeste brasileiro.

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) determinou investigação sobre as causas e de quem é a responsabilidade sobre o derramamento de óleo que vem atingindo a costa nordestina há um mês. No despacho publicado no sábado (5), Bolsonaro determinou que sejam apresentados, no prazo de 48h, dados coletados e as providências tomadas sobre o problema ambiental.

A Polícia Federal instaurou inquérito, no último dia 2, para investigar o derramamento de óleo no litoral do Nordeste. O MPF (Ministério Público Federal) no estado também apura o desastre ambiental.

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