Polícia investiga se sequestrador de ônibus no Rio queria 'suicídio pela polícia'
Roberta Jansen
Rio
22/08/2019 13h12
Na madrugada anterior ao sequestro, enviou uma mensagem para os pais, avisando que ia acabar com a própria vida. Algumas horas depois, foi morto por um atirador de elite com seis tiros.
A família contou que o jovem de 20 anos sofria de depressão e "ouvia vozes". Desde janeiro, quando teve um surto psicótico durante um churrasco, ele estava cada vez mais isolado, sempre na internet, calado e chegou a falar que queria morrer algumas vezes. Os parentes sabiam que havia algo errado, mas, contaram, não poderiam imaginar que ele estivesse planejando sequestrar um ônibus.
Para o sociólogo Ignácio Cano, do Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), a hipótese de suicídio pela polícia não pode ser afastada. "Há casos na literatura em que a pessoa usa a polícia para cometer suicídio", contou Cano. "Veja bem, ele usou uma arma de brinquedo, parou o ônibus num lugar de onde era impossível fugir, disse para os passageiros que não ia machucar ninguém nem queria dinheiro e ainda ficou entrando e saindo do veículo o tempo todo, se expondo."
O próprio secretário de Polícia Civil, delegado Marcus Vinícius de Almeida Braga, em entrevista à TV Globo, chamou atenção para o estado mental de Willian. "Precisamos ainda investigar, conversar com os familiares, ver as redes sociais dele", contou. "Há algum tempo ele vinha demonstrando uma certa depressão e as redes sociais potencializam essas doenças, as pessoas se sentem mais confortáveis para agir; é preciso ter muita atenção."
A polícia já está analisando um celular encontrado no ônibus sequestrado que seria o usado por Willian. Os agentes buscam pistas sobre a elaboração dos planos do sequestro. Embora tudo indique que ele tenha agido sozinho, existe a possibilidade de que ele tenha tido alguma ajuda. A polícia quer descobrir, por exemplo, que páginas da internet ele acessou nos dias que antecederam ao sequestro.