Briga entre China e EUA preocupa Votorantim
Mônica Scaramuzzo
São Paulo
16/08/2019 07h03
O bom desempenho do grupo no segundo trimestre reflete os resultados das operações de cimento no Brasil e na América do Norte, vendas maiores de produtos mais caros de alumínio e de excedentes de energia. A desvalorização do real frente ao dólar (de 9% na comparação entre o segundo trimestre de 2018 e o mesmo período de 2019) na consolidação das operações no exterior também contribuiu para os bons resultados.
Tensão. Sergio Malacrida, diretor financeiro do Votorantim, disse que o grupo está acompanhando o desenrolar da guerra comercial entre Estados Unidos e China para entender o impacto futuro nos negócios. Dono da CBA, produtora de alumínio, e da Nexa, produtora de zinco, o grupo entende que o agravamento da disputa entre os dois países pode afetar os resultados dessas divisões do conglomerado. "Uma resposta rápida a essa guerra traria maior estabilidade às commodities de maneira geral", disse Malacrida.
A retomada lenta da economia brasileira também é outra preocupação do grupo. Os resultados da divisão de cimento, sobretudo, estão atrelados ao melhor desempenho do PIB. "Nossos negócios de cimento estão indo muito bem nos Estados Unidos", disse ele. "Aqui no Brasil, contudo, ainda não. Se a economia não reage, a indústria não volta a crescer. Com a retomada da confiança, os investimentos voltarão."
Diante desses dois fatores, Malacrida não arrisca fazer projeções de desempenho de resultados financeiros para os próximos meses. "O risco de errar é grande", afirma.
Para este ano, o grupo prevê investimentos de R$ 3,5 bilhões. No segundo trimestre, o valor de aporte foi de R$ 719 milhões, com aumento de 38% sobre o mesmo período do ano passado. Quase 90% desses recursos foram destinados para a fábrica da Nexa de Aripuanã (MT) e o aprofundamento da mina de Vazante (MG).
Aposta em infraestrutura. No fim do ano passado, a família Ermirio de Moraes, controladora do grupo, deu dois passos importantes na reestruturação dos negócios. Além de vender a gigante de celulose para o grupo da família Feffer, tornou-se controladora da Companhia Energética de São Paulo (Cesp), em parceria com o fundo de pensão canadense CPPIB. Aquisições na área de energia estão no radar do grupo. O conglomerado avalia também disputar concessões de portos e aeroportos, além de expandir atuação no mercado imobiliário.
Também sócio do banco Votorantim e da Citrosuco, o conglomerado encerrou junho com dívida líquida de R$ 10,4 bilhões, 21% inferior a dezembro. A alavancagem financeira, medida pela relação dívida líquida com geração de caixa, atingiu 1,56 vez, redução de 0,36 vez em relação a dezembro e 1,15 vez em relação a junho de 2018.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.