Turismo sustentável e energias renováveis, fundamentais para a América Latina
Alfonso Fernández.
Panamá, 25 jun (EFE).- A Costa Rica voltou a somar 300 dias consecutivos de eletricidade gerada com energias renováveis, em Barbados já falam de temporada de calor pela alta das temperaturas e a demanda global de turismo sustentável de aventura cresce rapidamente.
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Esses exemplos de visão de futuro para a América Latina foram os destaques do segundo dia de conferências na Semana de Sustentabilidade organizada pelo BID Invest no Panamá até a próxima sexta-feira.
A necessidade de adaptação e alívio da mudança climática, assim como um desenvolvimento que inclua todas as camadas sociais, é um dos elementos centrais das discussões.
Neste tema, a Costa Rica, que recentemente conseguiu bater o próprio recorde de 300 dias consecutivos com eletricidade gerada por energias renováveis, é uma das referências globais.
"Contamos com uma lei que há 70 anos definiu que a eletricidade na Costa Rica deveria ser gerada com fontes naturais e recursos do nosso país. Uma lei muito visionária porque falava, além de inclusividade, de levar eletricidade a todo o país e de responsabilidade com o meio ambiente", disse Irene Cañas, do Instituto Costa-Riquenho de Eletricidade (ICE).
"Como consequência, hoje em dia quase toda a população tem acesso a eletricidade, e tudo com fontes renováveis: hidrelétrica, geotérmica, energia eólica, biomassa e solar", acrescentou.
Os efeitos do aquecimento global já são notados em toda a região, e o Caribe é uma das zonas mais vulneráveis. Para Loreto Duffy, da Caribbean Cooling Initiative, uma organização que visa aumentar a eficiência dos sistemas de ar condicionado, alertou que em Barbados, por exemplo, antes só havia "temporada de chuvas e seca, agora há temporada de calor, no Caribe".
"E para um setor como o do turismo, que no Caribe é a principal fonte de faturamento, é fundamental desenvolver energia sustentável e renovável", apontou.
O BID Invest busca envolver o setor privado em todas essas questões, consciente de que o tamanho do desafio supera os governos e só pode ser encarado com o apoio das empresas privadas.
"Os enormes desafios da região, as enormes lacunas, são oportunidades para o setor privado", explicou Javier Rodríguez de Colmenares, chefe de infraestrutura do BID Invest.
"É aí que entra o BID Invest para mobilizar a economia local para investimentos sustentáveis", comentou, ao lembrar que o panorama mudou, já que antes não eram feitos estudos ambientais ou sociais, e agora eles partem das próprias empresas.
Outro elemento interessante é a crescente demanda de turismo sustentável, mais focado em experiências individuais e aventura, e onde América Latina pode ser uma potência mundial.
"Todas as grandes zonas turísticas começaram com os mochileiros. A nossa ideia é manter esse espírito. Não queremos oferecer descanso, queremos dar algo mais, alimentar a alma", ressaltou Moshe Levi, diretor executivo do Casi Cielo, um projeto turístico em Bocas del Toro, no Panamá.
Levi explicou que o objetivo "é unir tecnologia e natureza, criar um ecossistema que seja economicamente viável" ao ressaltar que o "turismo de aventura global movimenta mais de US$ 700 bilhões no mundo todo, com uma taxa de crescimento de dois dígitos".
O BID Invest, que integra o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), é um banco multilateral de desenvolvimento comprometido a promover o desenvolvimento econômico de seus países-membros através do setor privado, e conta atualmente com mais de US$ 12,1 bilhões em ativos sob sua administração. EFE