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Novas sanções de Trump atingem líder supremo do Irã

24/06/2019 20h20

Presidente americano assina ordem executiva que amplia punições financeiras a autoridades iranianas, incluindo Ali Khamenei e comandantes da Guarda Revolucionária. Embaixador do Irã na ONU descarta diálogo com os EUA.O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta segunda-feira (24/06) uma ordem executiva que impõe novas sanções contra autoridades do Irã, incluindo o líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei, no último episódio da escalada de tensões entre os dois países.

Ao assinar a medida em cerimônia no Salão Oval, o republicano disse se tratar de uma "resposta forte e proporcional às ações cada vez mais provocativas do Irã" e que agora cabe a Teerã negociar.

"Não procuramos conflito com o Irã ou qualquer outro país", afirmou o presidente, acrescentando que, dependendo da resposta iraniana, as sanções podem chegar ao fim amanhã ou durar "por anos". "Só posso dizer que não podemos deixar jamais o Irã ter uma arma nuclear."

Segundo Trump, as sanções "negarão ao líder supremo e a seu gabinete – e àqueles estreitamente ligados a ele e a seu gabinete – acesso a recursos financeiros chaves".

Em comunicado, o Departamento do Tesouro americano informou que a medida atinge ainda oito comandantes da Guarda Revolucionária iraniana.

"Esses comandantes estão no topo de uma burocracia que supervisiona as atividades regionais maliciosas da Guarda Revolucionária, incluindo seu provocativo programa de mísseis balísticos, o assédio e a sabotagem de embarcações comerciais em águas internacionais, além de sua presença desestabilizadora na Síria", diz a nota.

Autoridades americanas afirmaram que o ministro do Exterior do Irã, Javad Zarif, também será alvo de novas sanções nos próximos dias. Foi ele quem negociou o acordo nuclear de 2015 com os Estados Unidos e outras grandes potências, abandonado por Washington em 2018.

Ao lado de Trump, o secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, afirmou que a ordem executiva desta segunda-feira bloqueará bilhões de dólares em ativos iranianos. Analistas preveem, contudo, que o impacto da medida será limitado num país já fortemente atingido por sanções.

As sanções de Washington seguem a derrubada de um drone americano de 100 milhões de dólares por Teerã na semana passada, no Estreito de Ormuz. Trump chegou a autorizar ataques a alvos no Irã em represália ao abate do drone, mas cancelou a missão de última hora. Ainda assim, ele continua sua campanha de pressão contra o governo iraniano.

"Continuaremos a aumentar a pressão sobre Teerã até que o regime abandone suas perigosas atividades e aspirações, incluindo a busca por armas nucleares, o crescente enriquecimento de urânio, o desenvolvimento de mísseis balísticos, o envolvimento e o apoio ao terrorismo, o fomento a conflitos estrangeiros e os atos beligerantes contra os EUA e seus aliados", disse Trump.

As tensões vêm se elevando no Golfo desde que Trump retirou os Estados Unidos de um acordo multilateral de 2015 em que Teerã havia concordado em restringir seu programa nuclear em troca da retirada de sanções econômicas. Essas tensões resultaram recentemente na sabotagem de petroleiros no Golfo Pérsico, além do abate do drone.

Segundo o presidente americano, contudo, as sanções seriam impostas independentemente do episódio envolvendo o drone. Mnuchin confirmou que Washington já estava preparando as medidas desde a semana passada, antes do incidente, mas disse que as sanções são também uma resposta ao abate.

Trump disse ainda que está disposto a dialogar com o Irã – mas as novas sanções parecem tornar essas conversações ainda mais improváveis, pelo menos a curto prazo, especialmente se os Estados Unidos seguirem com sua ameaça de sancionar o ministro Zarif.

Nesta segunda, o embaixador iraniano na ONU, Majid Takht Ravanchi, descartou negociar com os EUA. "Ninguém em sã consciência pode ter um diálogo com alguém que está te ameaçando com sanções", afirmou. Em vez disso, ele pediu ao secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, que promova negociações regionais envolvendo o Irã e seus vizinhos.

As declarações de Ravanchi foram feitas enquanto o Conselho de Segurança da ONU se reunia a portas fechadas nesta segunda-feira, a pedido de Washington.

Após o encontro de duas horas, o órgão clamou, num comunicado unânime, por diálogo e medidas que acalmem as tensões no Golfo, além de condenar os ataques a petroleiros, que representam uma ameaça ao suprimento de energia do mundo e à paz e segurança internacionais, diz a nota.

Nesta mesma segunda-feira, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, iniciou às pressas uma viagem ao Oriente Médio com o objetivo de formar uma coalizão internacional contra o Irã.

Pompeo chegou aos Emirados Árabes Unidos após uma reunião com o rei Salman e o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, na Arábia Saudita, onde foram discutidas formas de proteger os navios no Golfo. "A liberdade de navegação é primordial", escreveu o americano no Twitter a partir da cidade saudita de Jidá.

A Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos são aliados sunitas de Washington que temem o aumento da influência do Irã, país de maioria xiita.

Zarif, ministro do Exterior iraniano, acusou o governo americano e seus aliados de estarem "sedentos" por uma guerra entre os dois países.

"Donald Trump está 100% certo em dizer que o Exército dos EUA não tem nada o que fazer no Golfo Pérsico. A retirada das forças americanas [da região] está totalmente em linha com os interesses dos Estados Unidos e do mundo", disse Zarif no Twitter.

"Mas agora está claro que o 'time B' não está preocupado com os interesses dos EUA. Eles desprezam a diplomacia e estão sedentos por uma guerra." Por "time B", Zarif se refere ao assessor de Segurança Nacional dos EUA, John Bolton, ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e ao príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman.

EK/afp/ap/efe/rtr

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