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Relatório da ONU incrimina Arábia Saudita no assassinato de jornalista

20/06/2019 13h09

Genebra, 20 Jun 2019 (AFP) - Após seis meses de investigação do assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi, Angès Callamard, uma especialista em direitos humanos da ONU, publicou um relatório incriminando a Arábia Saudita, e especialmente o príncipe herdeiro Mohamed bin Salman.

Estes são os principais trechos deste documento que contém mais de uma centena de páginas:

- Assassinato premeditado -Callamard cita os nomes da "equipe de 15 sauditas", entre eles um médico forense, enviados em outubro de 2018 para Istambul para executar o jornalista e opositor saudita. Destaca que alguns deles tiveram ou todavia possuem vínculos diretos com o gabinete do príncipe herdeiro, apelidado MBS, por suas iniciais.

- Investigação adicional -"Esta investigação (...) mostrou que há provas críveis suficientes sobre a responsabilidade do príncipe herdeiro que exigem uma investigação adicional".

- Sanções contra MBS -"Tendo em conta as provas críveis sobre as responsabilidades do príncipe herdeiro no assassinato, estas sanções também deveriam incluir o príncipe herdeiro e seus bens pessoais no exterior".

- "Animal do sacrifício" -Callamard teve acesso às gravações efetuadas pelos serviços secretos turcos no consulado saudita no dia do assassinato.

Alguns minutos antes da chegada do jornalista, ouvimos um funcionário saudita identificado como Maher Abdulaziz Mutreb perguntar se será "possível colocar o torso numa bolsa".

"Não. Muito pesado", respondeu outro funcionário, Salah Mohammed Tubaigy.

Mutreb disse que "será fácil. Vamos esquartejá-lo. Não é nenhum problema...".

"Se usarmos sacos plásticos e o cortarmos em pedaços, vai dar certo".

Pouco depois, Mutreb pergunta se o "animal do sacrifício" havia chegado.

Callamard indica que em nenhum momento é mencionado o nome do jornalista. Segundo os serviços secretos turcos, provavelmente morreu dez minutos apáos chegar ao local.

"Vamos ter que levá-lo. É uma ordem da Interpol", lhe diz um funcionário saudita.

Khashoggi responde que não há nenhuma ordem de detenção contra ele e avisa que a noiva dele e o motorista estão esperando por ele do lado de fora.

"Vamos fazer isso rapidamente", diz um funcionário saudita.

Segundo Callamard, ouvem-se sons de luta e em seguida um funcionário pergunta: "Dormiu?". E depois: "Levante a cabeça". "Continue empurrando".

"A análise das gravações por parte dos serviços secretos da Turquia e outros países sugerem que Khashoggi foi provavelmente sedado antes de ser asfixiado com uma sacola plástica", escreveu Callamard.

Ouvem-se depois ruídos de movimento e "respirações ofegantes" que, segundo os serviços turcos, poderiam corresponder ao momento em que "os funcionários sauditas estavam cortando o corpo".

Os especialistas turcos afirmam inclusive que identificaram o som de uma "serra".

nl-gca/bg/al/pb/lca

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