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O que é real nas mensagens? Houve conluio com MP? Veja 5 respostas de Moro

Moro fala em sensacionalismo e que não tem o que esconder

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Hanrrikson de Andrade, Leandro Prazeres e Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

19/06/2019 17h54Atualizada em 19/06/2019 18h29

Em audiência pública na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado que durou quase nove horas hoje, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, foi sabatinado por senadores sobre as mensagens vazadas de conversas entre ele quando juiz federal e integrantes da Operação Lava Jato.

Moro ressaltou estar à disposição "por todo o dia" e procurou responder de forma objetiva aos mais de 40 senadores que fizeram questionamentos, com réplica e tréplica, até as 18h. Indagado sobre a autenticidade das mensagens, porém, deixou a questão em aberto, sem conclusões concretas.

Apenas em um único momento Moro se negou a fazer uso da fala ao ser criticado por Humberto Costa (PT-PE). O senador disse que, "intencionalmente ou não", o ministro "enganou milhões de brasileiros". Portanto, afirmou ser hora de Moro pedir demissão e pedir desculpas por "ter cassado o voto de milhões de brasileiros, que queriam eleger outro presidente da República, que está preso lá em Curitiba [em referência a Luiz Inácio Lula da Silva, do PT], e não este, que aí está".

Moro falou que as afirmações eram "bastante ofensivas" e, por isso, iria declinar de responder.

Veja abaixo o que ficou em aberto e o que foi respondido.

1 - Moro explicou quais mensagens vazadas são deles e quais seriam forjadas?

Moro disse não se lembrar do conteúdo de conversas. Portanto, afirmou ele, não pode certificar a autenticidade das mensagens vazadas.

"Desde o primeiro momento - podem ir lá examinar as notas que nós emitimos desde o início - nós sempre nos referimos como supostas mensagens. Eu não tenho como me certificar da autenticidade disso. Esse veículo que tem essas mensagens não teve a dignidade...", declarou em um momento da audiência.

Diz lá que tem um grande escândalo, grandes ilícitos, o que ainda está carente de demonstração
ministro Sergio Moro

2 - As mensagens vazadas indicam conluio com integrantes da Operação Lava Jato?

Na avaliação de Moro, não. Embora não tenha confirmado a autenticidade das conversas, disse acreditar serem de teor normal e ressaltou ser comum juízes conversarem com procuradores, juízes e policiais, por exemplo, a fim de discutir logística e outras questões em torno dos processos. Moro nega que as mensagens configurem imparcialidade.

Questionado sobre a suposta fala de "In Fux we trust" - em relação um possível apoio do ministro Luiz Fux, do STF (Supremo Tribunal Federal), à Lava Jato -, Moro perguntou qual o problema de uma mensagem assim e disse acreditar no STF como instituição, com citação a um ministro em específico.

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3 - Moro teve motivação ideológica por trás de suas decisões como juiz federal em Curitiba?

O ministro afirmou nunca ter atuado em processos movido por questão ideológica ou político-partidária e falou que "ter emitido sentenças condenatórias contra agentes políticos me trouxe dissabores, me trouxe peso".

Ele ainda reclamou de ser atacado constantemente nos últimos cinco anos apenas por "ter cumprido o dever" e adicionou:

Não senti nenhuma satisfação pessoal ao decretar a prisão de quem quer que seja ou ao emitir um juízo condenatório, mas o papel do juiz é avaliar as provas, proferir a sentença
ministro Sergio Moro

4 - A condenação de Lula teve relação com a eleição de Bolsonaro?

Segundo o ministro, quando proferiu a sentença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2017, "não tinha o menor contato com o atual Presidente, Jair Bolsonaro (PSL)". Em entrevistas, o ex-juiz já declarou que só foi convidado a ser ministro durante a eleição do ano passado, em um contato com Paulo Guedes - que viria a se tornar ministro da Economia.

Ele acrescentou que a condenação do ex-presidente foi confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (que aumentou a pena) e pelo Superior Tribuna de Justiça (que reduziu a pena). Assim, não houve direcionamento na decisão, afirmou.

5 - A mulher de Moro, Rosângela Wolff, advogou para empresas internacionais que trabalham ou que trabalharam no setor petrolífero, ou trabalhou ou teve sociedade em escritório de advocacia que fez delação premiada?

Moro afirmou serem "tudo fantasias" e negou que a mulher tenha advogado para partes envolvidas na Operação Lava Jato.

"Minha esposa nunca advogou nos processos envolvendo a Operação Lava Jato, não trabalha na área criminal, não trabalha na área civil relacionada a essa área criminal, jamais advogou para essas empresas perolíferas ou fez um serviço específico relacionado a essas empresas", declarou.

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