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O Brasil na imprensa alemã (19/06)

19/06/2019 14h29

Imprensa alemã destaca recuperação judicial da Odebrecht e prêmio para Sebastião Salgado. "TAZ" fala sobre pedido de ONGs para que UE não feche um acordo comercial com Mercosul por causa das políticas de Jair Bolsonaro.TAZ: 340 organizações não governamentais contra acordo envolvendo Brasil

Mais de 340 organizações não governamentais exigem que a União Europeia deixe de negociar o acordo de livre-comércio com o Mercosul. "A assinatura de um acordo comercial com o atual governo brasileiro viola todos os direitos humanos e diretrizes ambientais da União Europeia", afirma Shefali Sharma, diretora do Instituto Germano-Americano de Política Agrícola e Comercial da Europa. Os tomadores de decisão da UE devem respeitar seus princípios e não celebrar acordos que ponham em causa o Acordo de Paris e os direitos humanos.

Desde janeiro, o Brasil é governado pelo presidente de extrema direita Jair Bolsonaro. Desde então, as violações dos direitos humanos têm aumentado, gays e lésbicas têm sido perseguidos, o governo tem tolerado ataques armados contra povos indígenas e as regiões amazônicas estão sendo desmatadas. "A UE deve agora enviar uma mensagem inequívoca de que se recusará a negociar um acordo comercial com o Brasil, a menos que haja o fim das violações dos direitos humanos, medidas rigorosas para acabar com o desmatamento e compromissos concretos para implementar o Acordo de Paris", afirma uma carta de organizações não governamentais direcionada aos presidentes das instituições da UE.

As organizações são principalmente da Europa e das Américas do Sul e Central. Muitas ONGs criticam o acordo também por terem receio das importações de carne barata da América do Sul, o que conduziria a um desmatamento prejudicial para o clima. As ONGs são apoiadas por Katharina Dröge, especialista em comércio da bancada dos Verdes no Parlamento alemão. "Como está, o acordo com o Mercosul é um desastre para a proteção do clima e a situação dos direitos humanos no Brasil", afirmou. "Se a chanceler federal alemã quer levar a sério a proteção do clima e dos direitos humanos, ela tem que parar com esse acordo!"

Neues Deutschland: Suborno sai caro para a Odebrecht

Na prisão domiciliar, Marcelo Odebrecht se encontra perante um amontoado de destroços: o herdeiro e chefe da rede criminosa em torno da construtora Odebrecht foi condenado em 2016, em primeira instância, a 19 anos de prisão por corrupção e está cumprindo sua pena dos seus últimos dez anos, desde dezembro de 2017, em sua casa em São Paulo.

Mas a história da Odebrecht continua sendo escrita: na segunda-feira, a construtora fundada por imigrantes alemães, cujas subsidiárias também atuam em outros setores, como o petroquímico, pediu recuperação judicial para evitar a falência em São Paulo. A empresa quer reestruturar o passivo de 51 bilhões de reais, anunciou a Odebrecht. Segundo reportagens, esta é a maior falência de uma empresa na história da economia brasileira.

O fato de a Odebrecht estar no centro do maior escândalo de corrupção da América Latina há anos e sofrer as consequências contribuiu para o desequilíbrio da empresa. Na América Latina, o escândalo da empresa provocou um terremoto político. Em muitos países da região, centenas de políticos, empresários e funcionários públicos estão sendo investigados.

No Peru, os investigadores estão se concentrando em praticamente todos os ex-presidentes dos últimos anos. No Brasil, Argentina, Equador, Colômbia, Venezuela, Panamá, Guatemala, México, República Dominicana, Angola e Moçambique, a Odebrecht também teria pago um suborno robusto.

Handelsblatt: Com Confúcio, cultura – e capital

Oliver Stuenkel, professor de relações internacionais da FGV, ficou muito impressionado quando deu recentemente uma palestra na China: não só pelo fato de 100 estudantes em um seminário sobre a América Latina da Universidade Tsinghua, em Pequim, falarem português perfeito, mas também por perguntarem ao especialista alemão sobre detalhes complicados da política interna brasileira.

"Duvido que haja estudantes no Brasil que conheçam tão bem as sutilezas da China", afirmou Stuenkel, surpreso. É surpreendente a rapidez com que a China acumulou um conhecimento abrangente sobre a América Latina – e o usou estrategicamente. Há uma década, gestores ou diplomatas chineses que falavam português ou espanhol ou que conheciam a Amazônia ou qualquer outro lugar da América Latina eram raros. Mas, em poucos anos, a China espalhou suas redes na academia, cultura e política por toda a América Latina.

Diplomatas europeus em Brasília dizem que seus colegas chineses entram e deixam alguns ministérios importantes como se estivessem em casa. Agências de notícias chinesas como a Xinhua ou People's Daily têm várias dezenas de correspondentes na região e publicam em português e espanhol. Pequim concede bolsas de estudos, abre um Instituto Confúcio atrás do outro, convida jornalistas, políticos e tomadores de decisão à China, integrando-se cada vez mais às sociedades localizadas entre o Andes e os pampas.

FAZ: Imagens que não escondem nada do transcorrer do tempo

Esta é a primeira vez que um fotógrafo recebe o Prêmio da Paz do Comércio Livreiro Alemão. E foi alguém que encontrou o seu caminho para salas de estar e para os foyers de hotéis do mundo com temas que são bastante difíceis de transmitir. Migração, fome, condições de trabalho duras, queima de poços de petróleo e paraísos naturais ameaçados não estão entre as coisas que normalmente se gosta de ver ao tomar uma xícara de chá. Mas quando Sebastião Salgado tira uma foto, as pessoas percorrem fascinados por essas imagens precárias de mundo. Terra, Exodus e Genesis são os nomes de seus pesados livros em grande formato, e os títulos já mostram a pretensão universalista. Nada é pequeno no trabalho de Sebastião Salgado.

Enquanto outros repórteres fotográficos trabalham diante da miséria com uma drástica brutal e abordam seu objeto com proximidade, Salgado dá um passo para trás e mostra o grande quadro. As suas fotografias são épicas e de uma perfeição magistral. Suas imagens de campos de refugiados lembram pinturas de batalhas, seus retratos lembram o chiaroscuro do barroco. [...] Desta forma são criadas imagens que são concebidas para terem um efeito e não falharem em seu propósito. Pode-se criticar essa estética avassaladora pronta para a galeria de arte, mas ela funciona. Ele colocou fotos com temas sociais nas mesas de café, pensem o que pensar.

FC/ots

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