Investigadores acusam quatro por derrubada do voo MH17
Em entrevista coletiva na cidade holandesa de Nieuwegein, o promotor-chefe holandês, Fred Westerbeke, e o chefe da polícia, Wilbert Paulissen, anunciaram que serão emitidas ordens de detenção internacional para os russos Sergey Dubinsky, Oleg Pulatov e Igor Girkin, e para o ucraniano Leonid Kharchenko.
"Esses suspeitos tiveram um papel importante na morte de 298 civis inocentes. Embora eles não tenham apertado o botão, nós suspeitamos que eles tiveram uma estreita cooperação para obter e posicionar o lançador de mísseis, como o objetivo de abater um avião", ressaltou Westerbeke.
Girkin, de 48 anos, é o mais conhecido entre os quatro acusados. Ele chegou a ser ministro da Defesa da República de Donetsk, que foi autoproclamada por separatistas ucranianos. Ele nega as acusações. Dubinsky e Pulatov são ex-militares russos. Já Kharchenko era comandante militar em Donetsk na época.
Os réus serão julgados pela autoria do ataque com míssil que derrubou o voo MH17. Segundo a comissão internacional de investigação, liderada pela Holanda, o avião foi abatido por um míssil proveniente da 53ª brigada antiaérea russa, baseada em Kursk (na Rússia).
Além de apresentar a acusação, os investigadores disseram ainda que um pedido será feito à Rússia para que interrogue os suspeitos como assistência legal ao processo judicial, embora não seja possível reivindicar "a extradição dos mesmos porque a Constituição, tanto da Rússia como da Ucrânia, proíbe a entrega de seus cidadãos" a outros países.
Os acusados poderão ser julgados à revelia porque não é esperado que a Rússia entregue os suspeitos. Autoridades holandesas disseram que Moscou não cooperou com o inquérito. Holanda e Austrália responsabilizaram formalmente ainda o governo russo pela queda do avião porque a brigada do país "facilitou" o sistema que lançou o míssil BUK que provocou essa tragédia.
O Ministério russo do Exterior contestou o resultado da investigação e afirmou que ela foi destinada a prejudicar a reputação de Moscou. "Mais uma vez acusações absolutamente infundadas estão sendo feitas contra o lado russo com o objetivo de desacreditar a Rússia aos olhos da comunidade internacional", disse em nota.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, parabenizou o trabalho dos investigadores e afirmou que espera que os acusados sejam julgados.
Em 17 de julho de 2014, o voo MH17 da Malaysia Airlines entre Amsterdã e Kuala Lumpur foi derrubado no leste da Ucrânia, zona de conflito armado entre o exército do país e os separatistas pró-Rússia, o que causou a morte das 298 pessoas que estavam a bordo, entre elas 193 holandeses.
No ano passado, o presidente russo, Vladimir Putin, chamou o incidente de uma "tragédia terrível", mas disse que Moscou não tem culpa pela queda e afirmou haver outras explicações para o que aconteceu. A Rússia culpa Kiev pelo desastre, afirmando que o míssil encontrado nos escombros do acidente pertence aos arsenais do exército ucraniano.
A tragédia continua sendo um assunto altamente sensível na Holanda, onde o primeiro-ministro, Mark Rutte, colocou como prioridade encontrar os culpados e levá-los à Justiça. Em 2018, os eurodeputados holandeses ratificaram um acordo assinado com a Ucrânia para iniciar um processo judicial contra as pessoas responsáveis pelo desastre, na Holanda.
A queda do voo MH17 deteriorou ainda mais as relações entre a Rússia e o Ocidente, que já estavam estremecidas após a anexação da península ucraniana da Crimeia por Moscou, em 2014.
CN/efe/lusa/rtr
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