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Sob a sombra do radicalismo, pauta de Bolsonaro enfrenta teste das ruas

24.mai.2019 - O presidente Jair Bolsonaro durante reunião do Conselho Deliberativo da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), no Instituto Ricardo Brennand, no Recife - Chico Peixoto/Estadão Conteúdo
24.mai.2019 - O presidente Jair Bolsonaro durante reunião do Conselho Deliberativo da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), no Instituto Ricardo Brennand, no Recife Imagem: Chico Peixoto/Estadão Conteúdo
do UOL

Bernardo Barbosa

Do UOL, em São Paulo

26/05/2019 04h00

Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PSL) prometem ir hoje às ruas de dezenas de cidades em todo o país para defender pautas de interesse do governo, como a reforma da Previdência e o pacote anticrime, e repudiar o "centrão" --visto pelos militantes como obstáculo à aprovação das propostas no Congresso.

As manifestações poderão servir de termômetro do apoio a um governo que recebeu a pior avaliação para um começo de mandato nos últimos 24 anos e foi alvo de uma grande mobilização da oposição em seu quinto mês de vida, motivada pelos cortes nas universidades públicas.

A convocação para os protestos teve sobre si a sombra de militantes que levantaram, nas redes sociais e no WhatsApp, pautas radicais como uma intervenção militar ou o fechamento do STF (Supremo Tribunal Federal) e do Congresso Nacional. Os organizadores do ato rechaçaram tal associação, da qual Bolsonaro também buscou distância.

Não foi o suficiente para atrair movimentos como o MBL (Movimento Brasil Livre) e o Vem pra Rua, protagonistas da mobilização pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT). O MBL, especificamente, declarou que não iria aderir às manifestações por causa de "um setor em especial" que incentivou "pautas antirrepublicanas".

Entre os movimentos da sociedade civil que convocaram as manifestações estão Nas Ruas, Avança Brasil e Ativistas Independentes. O Clube Militar também declarou seu apoio, e parlamentares federais e estaduais do PSL confirmaram presença.

Os organizadores dos atos marcados para hoje negam envolvimento com o governo ou partidos e tratam o movimento como "espontâneo". Bolsonaro cogitou participar das manifestações, segundo relatos de pessoas próximas, mas depois anunciou publicamente que não o faria.

Representantes de caminhoneiros também decidiram apoiar o governo neste domingo, mas nenhum grupo declarou endosso formal aos atos --a classe não apoia de forma unânime o governo ou pautas como a reforma da Previdência.

Movimento "espontâneo"

O domingo também deixa no ar a expectativa sobre a reação da classe política ao que acontecerá nas ruas, já que a mobilização dos militantes pró-Bolsonaro tem como pano de fundo a turbulenta relação entre Executivo e Legislativo.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse neste mês que o Congresso aprova a nova Previdência "com o governo ajudando ou atrapalhando". Bolsonaro, por sua vez, endossou dois dias depois uma carta em que o Brasil é descrito como "ingovernável" fora de "conchavos", em discurso de tom bastante similar ao adotado pela militância que promete apoiá-lo hoje.

Neste clima, a ideia de um "protesto a favor" do governo e mirando o "centrão" foi rechaçada até mesmo por estrelas do partido de Bolsonaro, como a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP), líder do governo no Congresso; e a deputada estadual paulista Janaina Paschoal.

Por adotarem tal atitude, ambas foram alvo da ira de militantes mais devotados a Bolsonaro nas redes sociais. O mesmo ocorreu com o MBL e seus integrantes mais conhecidos, como o deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP).

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