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De aliados a "traidores": quem é a direita que virou alvo de bolsonaristas

Ao lado de Janaina Paschoal, Bolsonaro chora durante convenção do PSL que formalizou sua candidatura a presidente - Ricardo Moraes -22.jul.2018/Reuters
Ao lado de Janaina Paschoal, Bolsonaro chora durante convenção do PSL que formalizou sua candidatura a presidente Imagem: Ricardo Moraes -22.jul.2018/Reuters
do UOL

Bernardo Barbosa

Do UOL, em São Paulo

26/05/2019 04h00Atualizada em 26/05/2019 07h40

A convocação para as manifestações deste domingo em defesa de pautas de interesse do governo Jair Bolsonaro (PSL), como a reforma da Previdência e o pacote anticrime do ministro Sergio Moro, colocou aliados do presidente na mira de parte de seus apoiadores. Fazem parte desta lista o MBL (Movimento Brasil Livre) e nomes de peso do partido de Bolsonaro, que ganharam nas redes sociais a pecha de "traidores" por não aderirem aos protestos sob diversas justificativas.

No Twitter, o escritor Olavo de Carvalho -- tido como a principal referência ideológica do governo -- sintetizou, com palavrão, o tom das críticas.

O MBL apoiou Bolsonaro no segundo turno das últimas eleições e é um dos principais grupos da direita brasileira desde o processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT). Em nota oficial para explicar sua ausência das manifestações, o movimento disse que "um setor mais radical" defendeu o fechamento do STF (Supremo Tribunal Federal) e a invasão do Congresso durante a divulgação dos protestos.

O coordenador nacional do MBL, Renan Santos, disse que o ato sabota a reforma da Previdência proposta pelo próprio governo Bolsonaro --um dos alvos dos protestos é o chamado "centrão", cujo apoio é crucial para o avanço de projetos no Congresso.

Nada disso foi suficiente para acalmar os ânimos de parte da militância mais aguerrida pró-Bolsonaro. Um dos nomes mais conhecidos do MBL, o deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP), chegou a ser retratado como "Kim Nóquio" em cartuns compartilhados por bolsonaristas no Twitter e em grupos públicos de WhatsApp monitorados pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Em outro desenho, MBL virou sigla para "Movimento Barganha Livre".

Janaina "já vai tarde", diz Malafaia

Outro alvo de críticas foi a deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP), do mesmo partido de Bolsonaro e que chegou a ser cotada, no ano passado, para ser sua vice. Um dos ataques veio do pastor evangélico Silas Malafaia, presidente da Assembleia de Deus Vitória em Cristo.

A deputada estadual explicou sua oposição ao protesto dizendo que Bolsonaro "está confundindo discussões democráticas com toma-lá-dá-cá".

Houve também quem defendesse, no entanto, que Janaina não podia ser colocada no mesmo balaio do MBL, como fez a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP).

Apesar da ponderação, a própria Carla não ficou imune ao tiroteio virtual motivado pela adesão ou repúdio aos protestos, e criticou a colega de bancada Joice Hasselmann --do mesmo PSL de São Paulo e líder do governo no Congresso.

Para Joice, a manifestação pode prejudicar a articulação do governo para que os projetos de seu interesse sejam aprovados no Parlamento.

"Não vamos conseguir aliados atacando quem pode votar conosco nos textos que são importantes para o governo", disse. "A hora é de preservar a relação do governo com o Parlamento."

O presidente Jair Bolsonaro chegou a considerar sua participação nas manifestações, segundo interlocutores, mas depois veio a público para dizer que não o faria. Na quinta, afirmou que "quem defende o fechamento do Supremo Tribunal Federal e do Congresso Nacional está na manifestação errada".

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