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Atirador de Paracatu estava insatisfeito por ter sido afastado da igreja

do UOL

Marcellus Madureira e Stella Borges

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte, e do UOL, em São Paulo

22/05/2019 14h54

Rudson Aragão Guimarães, 39, autor da ação que deixou quatro pessoas mortas ontem em Paracatu (MG), entre elas a ex-namorada Heloisa Vieira Andrade, 59, estava insatisfeito por ter sido retirado da posição de liderança que ocupava na igreja da qual participava. Esta pode ser uma motivação para o ataque, segundo a delegada Thays Regina Silva, responsável por investigar o caso.

Por volta das 19h de ontem, Guimarães matou a ex-namorada com golpes de canivete na casa da irmã dele e, em seguida, partiu para a Igreja Batista Shalom portando uma arma calibre 36 com a intenção de matar o pastor Evandro Rama.

Segundo as investigações, ele havia sido retirado de uma posição de liderança na igreja por causa do comportamento agressivo que vinha apresentando com pessoas próximas.

Em entrevista ao UOL, a delegada afirmou que o homem está desempregado, é dependente químico e mantinha um relacionamento conturbado com Heloísa, mas não havia relatos de ameaças.

"O Rudson tinha uma posição de liderança, mas o comportamento agressivo dele não seria um bom exemplo para as pessoas na igreja. Ele passou a ofender o pastor e as pessoas ao redor o achavam agressivo e todos foram se afastando. Com isso, ele foi tirado dessa posição de liderança. Isso explica o motivo de o pastor ser o alvo inicial", disse a delegada.

"Não havia motivação em relação à Heloísa. Com ela é a questão de destituição na igreja, porque o relacionamento conturbado influenciou para a retirada dele dessa liderança na igreja", afirmou Silva.

Rudson Aragão Guimarães - Reprodução - Reprodução
Rudson Aragão Guimarães matou quatro pessoas, entre elas a ex-namorada
Imagem: Reprodução

Pai do pastor está entre os mortos

No momento em que o homem invadiu a igreja, ocorria uma reunião com cerca de 20 pessoas, entre elas crianças.

Imagens de câmeras de segurança mostram o grupo reunido em círculo, de mãos dadas, quando Guimarães entra armado no local (veja vídeo acima).

Segundo a polícia, ele procurava pelo pastor e dizia frases desconexas. "Ele disse que teria voltado do inferno e que tinha uma missão para cumprir", disse aos jornalistas o Coronel Luís Magalhães.

Nas imagens, é possível ver que o pastor consegue fugir, mas outras três pessoas que estavam no local foram mortas. São elas: Antonio Rama, pai do pastor, Marilene Martins Melo Neves e Rosangela Albernaz.

Segundo a polícia, matar o pai do religioso foi algo que o atirador premeditou -- ele foi o primeiro a ser atingido. As outras vítimas foram escolhidas aleatoriamente.

Ao chegar à igreja, policiais militares presenciaram um disparo contra uma das mulheres e atiraram contra Guimarães para contê-lo.

Ele foi levado ao Hospital Municipal de Paracatu, onde passou por cirurgia. Segundo a instituição de saúde, o quadro dele é estável e não há risco de morte. Guimarães teve a sedação retirada hoje cedo e foi ouvido pela polícia. Ele foi autuado flagrante. O UOL não conseguiu contato com a defesa.

A delegada afirmou ainda que Guimarães é reservista da FAB (Força Aérea Brasileira). Em nota, a FAB afirmou que desde 2003 Rudson Guimarães não pertence mais ao efetivo do Comando da Aeronáutica, onde prestou serviço militar obrigatório como soldado.

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