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Regime militar matou poucas pessoas, diz Mourão ao Le Monde

21.fev.2019 - Vice-presidente da República, general da reserva Hamilton Mourão - Sérgio Lima/AFP
21.fev.2019 - Vice-presidente da República, general da reserva Hamilton Mourão Imagem: Sérgio Lima/AFP

25/04/2019 13h40

O jornal Le Monde que chega às bancas nesta quinta-feira (25) traz matéria de quase página inteira com o vice-presidente brasileiro, o general Hamilton Mourão, atualmente no epicentro de um embate polêmico com um dos filhos do clã presidencial, o vereador Carlos Bolsonaro. Mourão foi entrevistado pela correspondente do vespertino francês no Brasil, Claire Gatinois.

Le Monde titula a frase de Mourão durante a entrevista que diz "Fizemos de Jair Bolsonaro um estereótipo", argumenta o vice de Bolsonaro na Presidência, e seu superior na hierarquia militar. A matéria assinada pela correspondente do Le Monde no Brasil, Claire Gatinois, relata o "ambiente estranho que reinava nos corredores do anexo do palácio presidencial, onde Mourão conversou com a jornalista francesa. "Na falta de uma oposição organizada", diz Gatinois, o governo cria inimigos internos".

Le Monde explica a situação delicada causada pelas acusações de Carlos Bolsonaro ao general, que afirma que o vice-presidente deseja tomar o lugar do pai. "A causa desse ataque [de Carlos Bolsonaro] são as repetidas intervenções do general para apagar o fogo das polêmicas criadas pelo presidente brasileiro", explica o jornal.

"Em seus escritórios, com os olhos vermelhos pelo cansaço, o militar da reserva descarta os ataques do filho de Bolsonaro, considerados por sua equipe como problemas psiquiátricos", diz Le Monde. Na entrevista, Mourão relata que Carlos Bolsonaro não o conhece. "Ele nunca se sentou comigo para conversar", completa o vice-presidente. Mourão disse ainda ao vespertino que não "desempenha um papel importante": "eu sou um auxiliar, não sou um agente moderador, nem um intérprete do presidente", assegurou.

"Adesão de 100%" a Jair Bolsonaro

Le Monde ressalta que Hamilton Mourão confirma sua adesão de 100% ao líder da extrema direita brasileira e chega a minimizar os numerosos problemas dos 100 primeiros dias do governo Bolsonaro. "A situação não é assim negativa. São problemas, é verdade, mas a maioria das pessoas que critica Bolsonaro não se dá conta que ele teve problemas de saúde seríssimos. Essas coisas ligadas ao Twitter, a seus filhos, são de menor importância, fazem parte da aclimatação do governo" insistiu o general da reserva.

Apresentando-se como um homem preocupado com a questão ecológica, Mourão afirma, no entanto, segundo o jornal francês, quando o assunto é abrir os territórios indígenas à exploração de metais preciosos, "que o índio brasileiro não pode ficar preservado dentro uma bolha como se fosse um cidadão de segunda categoria". Le Monde conta ainda que o vice evita empregar o termo ditadura para evocar o regime que se seguiu ao golpe de estado de 64 e prefere falar de "presidências militares".

A grande conquista desse período, segundo Mourão, teria sido "impedir o Brasil de ter caído na ditadura do proletariado". "No final, o regime militar matou muito poucas pessoas", disse o vice-presidente brasileiro ao jornal francês, que lembra que, segundo o relatório da comissão da verdade, 434 assassinatos aconteceram durante a ditadura militar no Brasil.

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