Topo
Notícias

Sem nem assumir, nova nº 2 diz que deixa MEC em meio à crise

Iolene Lima, indicada para 2º maior cargo do ministério da Educação - Reprodução/Twitter
Iolene Lima, indicada para 2º maior cargo do ministério da Educação Imagem: Reprodução/Twitter
do UOL

Mirthyani Bezerra

Do UOL, em São Paulo

22/03/2019 07h54

Anunciada há uma semana para comandar a secretaria-executiva do MEC (Ministério da Educação), Iolene Maria de Lima afirmou na madrugada de hoje, por meio do Twitter, ter recebido a notícia que não fará mais parte da equipe da pasta.

Ela teve seu nome apenas anunciado pelo ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, mas não chegou a ser nomeada para o cargo. No texto divulgado na rede social, a educadora pareceu surpresa com a decisão.

"Hoje, após uma semana de espera, recebi a informação que não faço mais parte do grupo do MEC. Não sei o que dizer, mas confio que Deus me guardará e guiará. Desejo ao governo do nosso presidente [Jair] Bolsonaro e ao ministro Ricardo Vélez o melhor", disse na postagem.

Iolene foi a terceiro nome sob o comando, ainda que informal, da secretaria-executiva em uma semana. Dois dias antes de anunciar a educadora para a vaga, Vélez demitiu Luiz Antonio Tozi do posto, após ele sofrer críticas dos seguidores de Olavo de Carvalho, e colocou no cargo Rubens Barreto da Silva, que atuava como secretário-executivo adjunto.

O episódio foi visto como mais um desdobramento da briga interna no MEC entre a ala ligada aos militares, os ex-alunos de Olavo de Carvalho e os quadros ligados ao Centro Paula Souza, de São Paulo, com maior proximidade com o ensino técnico. Em uma semana, sete pessoas foram demitidas do MEC.

Iolene é evangélica e faz parte da Igreja Batista em São José dos Campos, no interior de São Paulo. Ela foi diretora de uma escola religiosa.

A nomeação dela para o posto era vista pelo governo como um caminho para acalmar os ânimos e fomentar a articulação com os parlamentares, principalmente com a bancada evangélica, que não apoia o nome de Vélez à frente do Ministério da Educação. Os deputados da bancada evangélica articulam para que o ministro seja substituído pelo senador Izalci Lucas (PSDB-DF).

Os militares tentam emplacar o nome do ex-reitor da UnB (Universidade de Brasília) Ivan Camargo para o cargo. Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, a indicação seria uma forma de garantir não apenas o apoio dos militares à permanência de Vélez, mas também configuraria uma espécie de intervenção na pasta para estancar a crise.

O ministro está na berlinda desde que virou alvo do grupo ligado ao escritor Olavo de Carvalho e se envolveu em polêmicas, como determinar que as escolas gravem os alunos cantando o Hino Nacional e enviem vídeos ao Ministério da Educação (MEC).

Ensino baseado "na palavra de Deus"

Tão logo foi anunciada como secretária-executiva do MEC, um vídeo de 2013 de uma entrevista concedida por Iolene Lima veio à tona e causou polêmica. Nele, a educadora afirma que o ensino deveria ser baseado "na palavra de Deus".

Durante entrevista ao canal de TV evangélico Feliz Cidade, ela disse que o "primeiro matemático e geógrafo foi Deus" e que "as crianças começam a ter contato com essas matérias no primeiro livro da Bíblia Sagrada, o Gênesis". Ela também afirmou que o currículo escolar deve ser estruturado "a partir das escrituras".

"Uma educação baseada em princípios é uma educação baseada na palavra de Deus. [...] O aluno vai aprender que o autor da História é Deus, o realizador da Geografia é Deus. Deus fez as planícies, o relevo, o clima. O primeiro matemático foi Deus", disse.

Iolene foi anunciada por Vélez em meio a crise no MEC

redetv

Notícias