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Seis dias após massacre, Nova Zelândia propõe mudanças nas leis de armas

Diego Vara/Reuters
Imagem: Diego Vara/Reuters

Do BOL, em São Paulo

21/03/2019 14h58

Apenas seis dias após o massacre que deixou 50 mortos na cidade de Christchurch, o governo da Nova Zelândia anunciou mudanças em suas leis de controle de posse e porte de armas de fogo.

Nesta quinta (21), a primeira-ministra neozelandesa, Jacinda Ardern, anunciou que armas semiautomáticas dos mesmos modelos usados pelo atirador serão banidas do país. Além disso, qualquer arma de fogo de tipo militar terá venda proibida. Ainda não se sabe se as pessoas que já compraram armas do tipo serão obrigadas a revendê-las ao governo.

A expectativa é que a lei entre em vigor no dia 11 de abril, menos de um mês antes de o massacre completar um mês. Em comunicado à imprensa, a primeira-ministra declarou: "No dia 15 de março, nossa história mudou para sempre. Agora nossas leis mudarão também. Estamos anunciando hoje uma ação em nome de todos os neozelandeses para endurecer nossas leis de armas e transformar este país em um lugar mais seguro".

Repercutiu ao redor do mundo a rapidez com que surgiram as mudanças nas leis de controles de armas propostas pela primeira-ministra Jacinda Ardern, que se autodescreve como progressista, tem 38 anos e é a chefe de Estado mais jovem atualmente no mundo. Nos Estados Unidos, o senador Bernie Sanders, que foi pré-candidato à presidência em 2016, pelo Partido Democrata, comentou nas redes sociais: "Isso é que é uma verdadeira ação para impedir a violência armada. Precisamos seguir o exemplo da Nova Zelândia e banir a venda e a distribuição de armas militares nos EUA".

Primeira-minisra Jacinda Ardern classificou os atentados em Christchurch como 'um ato de terror'  - Image caption  - Image caption
Primeira-minisra Jacinda Ardern classificou os atentados em Christchurch como 'um ato de terror'
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Armas na Nova Zelândia

De acordo com a organização suíça Small Arms Survey, há pouco mais de 1,2 milhão de armas de fogo na Nova Zelândia. Em comparação, o Brasil, por exemplo, tem cerca de 17,5 milhões de armas; os Estados Unidos, 393 milhões.

Apesar do banimento de boa parte dos tipos de armas, algumas exceções serão permitidas, como em casos de pessoas que precisem delas para a prática de caça ou para fazer controle de peste.

Entrega voluntária

Desde o massacre, diversos neozelandeses têm entregado voluntariamente suas armas para que as autoridades as destruam. Os relatos se espalharam no Twitter. O fazendeiro John Hart, por exemplo, compartilhou uma foto do formulário de entrega das armas à polícia e escreveu em sua conta no Twitter: "Até hoje eu era um dos neozelandeses que tinham um rifle semiautomático. Aqui na fazenda eles são úteis em algumas circunstâncias, mas a minha conveniência não se sobrepõe ao risco de mau uso. Nós não precisamos disso no nosso país".

O massacre

No dia 15 de março de 2019, 50 pessoas foram mortas e mais de 20 ficaram feridas em tiroteios realizados em duas mesquitas na cidade de Christchurch, na Nova Zelândia. O atirador, identificado e preso, é o australiano Brenton Tarrant, de 28 anos. Em um manifesto de mais de 70 páginas publicado na internet, ele descreveu a si mesmo como "etnonacionalista e fascista".

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