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Mais de 390 religiosos são acusados de abusarem de menores nos EUA

As informações foram extraídas dos dados preliminares de uma investigação realizada no ano passado pela então procuradora-geral de Illinois, Lisa Madigan - Markus Schreiber/AP
As informações foram extraídas dos dados preliminares de uma investigação realizada no ano passado pela então procuradora-geral de Illinois, Lisa Madigan Imagem: Markus Schreiber/AP

20/03/2019 21h17

Cerca de 395 padres e funcionários de igrejas católicas do estado americano de Illinois foram acusados de abusar sexualmente de menores de idade, de acordo com um relatório apresentado nesta quarta-feira por advogados que representaram vítimas e que desejam revelar "identidades e informações escondidas por bispos".

Em entrevista coletiva, o advogado Mark Pearlman disse que essa é a primeira vez em que uma lista tão completa foi elaborada. O documento tem 185 páginas e contém antecedentes e histórico de trabalho dos acusados.

As informações foram extraídas dos dados preliminares de uma investigação realizada no ano passado pela então procuradora-geral de Illinois, Lisa Madigan, que analisou 690 denúncias "críveis" nas arquidiocese de Chicago e nas dioceses de Belleville, Joliet, Peoria, Rockfort e Springfield, todas em Illinois. A investigação comprovou que o problema dos abusos cometidos por padres era "muito mais extenso" do que o reportado pelas dioceses de Illinois, que "desprezaram e não averiguaram denúncias de sobreviventes", afirmou Pearlman.

"Os dados revelam a horrorosa escala dos sacerdotes que atacam sexualmente menores até os dias de hoje", diz o relatório, intitulado The Anderson Report.

"Talvez a mais impactante das descobertas tenha sido que alguns autores (dos abusos) foram transferidos intencionalmente e mantidos em postos de confiança com fácil acesso a menores, mesmo depois de ser descoberto que abusavam sexualmente deles", acrescenta.

O relatório afirma que podem existir centenas de outros supostos abusadores nas dioceses e ordens religiosas de Illinois, cujas identidades nunca foram reveladas publicamente, e por isso o trabalho por informação e nomes continuará.

Em uma declaração sobre o relatório, a Arquidiocese de Chicago afirmou que ele mistura nomes de pessoas que foram acusadas, mas podem ser inocentes, com nomes de pessoas que tiveram as acusações confirmadas, referindo-se assim a todos como autores.

Na lista divulgada hoje estão 22 padres que apareciam no site da arquidiocese, sendo que 20 foram denunciados às autoridades civis, o nome de outro foi divulgado recentemente e o último caso corresponde a um suposto abuso cometido com um maior de idade.

De acordo com a Arquidiocese de Chicago, muitos nomes que aparecem na lista correspondem a sacerdotes de outras ordens religiosas, que ela ressalta serem gerenciadas de maneira separada na Igreja Católica, e cada grupo é responsável por sua própria cadeia de comando.

John O'Malley, assessor especial da Arquidiocese de Chicago sobre problemas de conduta indevida, disse hoje que a Igreja informou todas as denúncias à polícia desde 1992, quando o então cardeal Joseph Bernardin coordenou uma comissão sobre o escândalo dos abusos.

"Se as autoridades públicas decidem não processar, ou não podem processar, então temos o nosso próprio processo de investigação", disse.

Segundo o assessor, a Arquidiocese publica as denúncias registradas e a descrição dos casos desde 2006 em seu site.

O sucessor de Madigan à frente da Procuradoria-Geral, Kwame Raoul, declarou antes de assumir o cargo, em janeiro, que se comprometia a continuar a investigação, mas seu escritório não divulgou mais informações sobre denúncias desde então.

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