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Juiz argentino abre novo processo contra Cristina Kirchner por corrupção

Cristina Kirchner, ex-presidente da Argentina, participa de fórum de lideranças de esquerda em Buenos Aires, uma semana antes do G-20 - Martin Acosta / Reuters
Cristina Kirchner, ex-presidente da Argentina, participa de fórum de lideranças de esquerda em Buenos Aires, uma semana antes do G-20 Imagem: Martin Acosta / Reuters

18/03/2019 16h07

Um juiz determinou nesta segunda-feira a abertura de um novo processo por corrupção contra a ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner.

O processo inclui um pedido de prisão contra Cristina, mas, por ser senadora, a ex-presidente tem foro privilegiado e só pode ser presa caso seus colegas de Senado derrubem sua imunidade parlamentar.

A ação aberta pelo juiz Claudio Bonadio tem relação com o chamado "Caso dos Cadernos". Desta vez, Cristina será investigada pela importação superfaturada de navios de gás natural liquefeito (GNL) durante o período em que ocupou a presidência da Argentina (2007-2015).

A viúva do também ex-presidente Néstor Kirchner responde a outros sete processos na Justiça. Cristina alega ser vítima de uma perseguição judicial orquestrada pelo atual governo, comandado por Mauricio Macri. No último dia 25 de fevereiro, ela declarou por escrito que não há "um único elemento de prova" que a vincule às acusações.

Bonadio também inclui no processo outros integrantes do governo de Cristina, como os ex-diretores das estatais YPF e Enarsa, além de Julio de Vido, ex-ministro de Planejamento Federal, e Roberto Baratta, ex-subsecretário de Controle e Coordenação. Os dois últimos já estão presos por envolvimento em outros crimes.

"Os acusados colocaram em funcionamento um sistema ilegal destinado a importar GNL por meio de diferentes empresas internacionais sem processo licitatório, mas mediante uma disputa de preços na qual o valor já estava definido", disse o juiz.

O processo também diz que não houve "qualquer negociação" sobre a importação. Além disso, Bonadio afirma que também não houve licitação para escolher quem seriam os intermediários e as agências marítimas responsáveis pelo transporte da mercadoria.

"Pagaram preços com variações injustificadas, o que gerou um prejuízo econômico para os cofres públicos em um valor difícil de calcular", ressaltou o juiz responsável pelo caso.

"Advertiu-se de um superfaturamento nas compras de GNL de US$ 124,7 milhões e de um subfaturamento de US$ 194,2 milhões. Para que o esquema pudesse se configurar e se sustentar no tempo, cada um dos funcionários acusados, a partir de suas respectivas áreas de responsabilidade, foram indispensáveis", escreveu Bonadio no processo.

Cristina está sendo acusada de corrupção passiva, fraude contra a administração pública e administração fraudulenta por Bonadio, em mais um desdobramento do chamado "Caso dos Cadernos".

O escândalo foi revelado em agosto de 2018 após um ex-motorista de Baratta ter apresentado às autoridades blocos de notas nos quais registrou, por mais de uma década, os transportes realizados por ele para entregar propinas de empresários a políticos.

"A finalidade foi organizar um sistema de arrecadação de recursos para receber dinheiro ilegal, enriquecer ilegalmente e utilizar parte desses recursos para cometer outros crimes", afirmou Bonadio.

A quadrilha, segundo o juiz, foi comandada por Néstor e Cristina Kirchner já que parte dos valores era entregue ao casal.

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