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Bolsonaro mostra nos EUA conservadorismo do governo e afinidades com Trump

18/03/2019 21h59

Alfonso Fernández.

Washington, 18 mar (EFE).- O presidente Jair Bolsonaro participou nesta segunda-feira dos primeiros eventos públicos de sua viagem oficial ao Washington com uma mostra da guinada do país rumo ao conservadorismo, baseado na família e em Deus, e de seus afinidades com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

"O Brasil mudou (...). Hoje vocês têm um presidente que é amigo e tem afinidade com os EUA", disse Bolsonaro em breve discurso na Câmara de Comércio dos Estados Unidos.

Como exemplo concreto da aproximação entre os dois países, Bolsonaro citou a crise política da Venezuela.

"Eles não podem seguir assim, devemos libertar a Venezuela", disse Bolsonaro, um dos primeiros líderes mundiais a seguir os passos de Trump e reconhecer, no fim de janeiro, o opositor Juan Guaidó como presidente interino do país.

Bolsonaro evitou dar detalhes concretos sobre metas de seu governo e se limitou a estabelecer as diretrizes que adotará no Planalto, tendo como base as crenças na família e em Deus.

Conhecido no exterior pela promessa de endurecer as políticas de combate ao crime no Brasil, Bolsonaro começou o dia com uma visita à sede da Agência Central de Inteligência (CIA), que não estava prevista na agenda, em um gesto de claro componente simbólico.

A reunião na CIA foi revelada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro, um dos filhos do presidente, que o acompanha nos EUA.

As declarações de Bolsonaro na Câmara de Comércio dos EUA foram precedidas por contundente discurso do ministro da Economia, Paulo Guedes, algo pouco usual em eventos desse tipo.

"Ninguém tinha tido colhões até agora para controlar o gasto público no Brasil. Esse presidente tem isso", afirmou Guedes, surpreendendo a audiência, formada exclusivamente por empresários.

O ministro ressaltou a agressiva agenda de privatizações que quer implementar, a reforma da previdência e as ideias para simplificar a cobrança de impostos no Brasil. Guedes também afirmou que o compromisso de Bolsonaro é criar o "sonho brasileiro".

"O Brasil está aberto para fazer negócios", destacou.

Bolsonaro será recebido por Trump na Casa Branca amanhã, o que será a primeira reunião das duas principais lideranças do populismo de direita no continente americano.

Depois do encontro, os dois concederão entrevista coletiva.

Em conversa com jornalistas para comentar a visita, um funcionário do alto escalão do governo americano, que pediu anonimato, classificou a reunião como um "primeiro passo" para uma "histórica reconfiguração" das relações entre Brasil e EUA.

Ao chegar a Washington, Bolsonaro admitiu que escolheu os EUA como primeiro destino de uma visita oficial de seu governo para deixar claro o desejo do Brasil de se aproximar da Casa Branca e das políticas de Trump.

"Pela primeira vez em muito tempo, um presidente brasileiro que não é antiamericano chega a Washington", escreveu Bolsonaro no domingo, pouco depois de desembarcar na capital americana. EFE

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