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Ministro do Interior e ex-chanceler conduzirão transição na Argélia

11/03/2019 18h12

Argel, 11 mar (EFE).- O ministro do Interior, Nouredin Bedaui, e o ex-ministro das Relações Exteriores, Ramtane Lamamra, conduzirão a transição na Argélia após a desistência do presidente do país, Abdelaziz Bouteflika, de concorrer a um quinto mandato nos pleitos, agora adiados, de 18 de abril.

A emissora de televisão estatal leu nesta segunda-feira uma mensagem à nação atribuída ao presidente na qual este cedia às pressões das ruas e admitia que seu grave estado de saúde lhe impedia de concorrer a um quinto mandato consecutivo.

Diante desta situação, Bouteflika, de 82 anos e gravemente doente há meia década, ordenou o adiamento das eleições e a implementação de um período de transição destinado a escolher um sucessor em futuras eleições.

Essa etapa de transição será composta por uma Conferência Nacional "inclusiva e independente" e que estará tutelada por um "governo de concertação nacional", do qual não deu mais detalhes.

Após ler a mensagem, o apresentador indicou que Bouteflika tinha assinado também um segundo decreto presidencial no qual pela primeira vez na história recente da Argélia se criava a figura de vice-primeiro-ministro.

Meios de comunicação locais asseguram que a chefia desse governo foi concedida a Bedaui, um homem do aparelho que dirigirá a transição junto com Lamamra, um hábil diplomata que representa outra das famílias que lutam pelo poder no seio do poder argelino.

Bedaui, que monopolizou muito poder após os expurgos que se sucederam nos últimos cinco anos no seio do exército e sobretudo no dos poderosos e influentes serviços secretos, substitui no cargo Ahmed Ouyahia, que ficou conhecido como "o encanador de Bouteflika" nas suas duas décadas no poder.

Chefe de gabinete do presidente entre 2014 e 2017, Ouyahia foi chefe de governo em quatro ocasiões, a primeira entre 1995 e 1998, durante a cruenta guerra civil que assolou o país.

As três restantes aconteceram em 2003-2006, 2008-2012 e de 2017 até agora, sob a presidência de Bouteflika, que no domingo retornou ao país após 15 dias internado em um hospital da Suíça sem que se saiba qual é seu verdadeiro estado de saúde.

Na presidência desde 1999, Bouteflika sofreu em 2013 um "derrame cerebral" que minou suas faculdades físicas e que já lhe impediu de fazer campanha nas eleições presidenciais do ano seguinte, embora mesmo assim tenha vencido o pleito.

Desde então não fala em público, se locomove em uma cadeira de rodas empurradas pelo seu irmão Said e suas aparições públicas são escassas, reduzidas às imagens gravadas pela emissora estatal por conta dos conselhos de ministros ou de visitas de altos dignatários estrangeiros.

Além disso, há meia década Bouteflika não viaja para o exterior e nos dois últimos anos cancelou de última hora, por "recaídas de saúde", reuniões já confirmadas com dirigentes como a chanceler alemã, Angela Merkel, e o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammad bin Salman. EFE

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