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Vídeo flagra médico agredindo mulher grávida durante o parto

Pedro Fonseca

Do BOL, em São Paulo

20/02/2019 11h59Atualizada em 22/02/2019 09h28

Circula nas redes sociais um vídeo chocante que mostra uma mulher em trabalho de parto sendo agredida por um médico obstetra. Em dado momento, ao 1 minuto e 46 segundos do vídeo, ela recebe tapas do médico entre as pernas e chora. O profissional é apontado como o obstetra Armando Andrade Araújo, e o caso ocorreu na maternidade Balbina Mestrinho, em Manaus (AM).

Segundo a Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (Susam), o vídeo é de 2018 e ocorreu há nove meses. No entanto, não há qualquer registro de denúncia na maternidade ou na Ouvidoria à época. Reportagem do UOL desta quinta-feira (21) aponta que a parturiente é uma adolescente de 17 anos e que a família classifica o episódio como tortura.

Nas imagens que começaram a circular no Facebook na última terça-feira (19), a jovem aparece deitada em posição ginecológica e parece exausta. O médico, sentado à frente da parturiente, pede que ela "desça ainda mais", para ficar mais acessível a ele. Ela reclama de cãibra na perna, chora de dor e pede ajuda. Uma enfermeira se aproxima para fazer massagem na perna da adolescente e, nesse momento, uma outra mulher aparece no vídeo dizendo que a grávida não tem condições de fazer parto normal e pede que o médico a leve para o centro cirúrgico. De acordo com o UOL, a mulher é a sogra da adolescente.

"Por favor, doutor, estou lhe pedindo, estou lhe implorando, por favor", diz a mulher. "Ela não tem condições, por favor, doutor. Salva a vida dela e do bebê", completa. Diante da negativa do médico, a mulher diz: "Então vou chamar a imprensa aqui". O obstetra responde: "Pode chamar quem for. Eles vão ver que ela não ajuda". A mulher insiste: "Ela está em trabalho o dia todo, doutor". E ele responde: "Pode chamar!". Nesse momento, o médico bate nas virilhas da parturiente, com as duas mãos espalmadas. E ela grita de dor. A cena, exibida ao 1 minuto e 46 segundos do vídeo, é chocante. Ele se levanta e ordena: "Desce aí pra baixo". A jovem chora e diz: "Ele me bateu". Um outro profissional se aproxima e aparentemente checa a dilatação da adolescente enquanto o médico a faz ficar encostada na maca.

Médico deve ser afastado

Em nota, a Susam (Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas) diz que não está de acordo com a conduta praticada pelo médico e afirma que o vice-governador e secretário de estado de Saúde, Carlos Almeida, irá solicitar à direção do Instituto de Ginecologia e Obstetrícia do Amazonas (Igoam), empresa ao qual o profissional é cooperado, o seu afastamento. E também reiterar pedido de providências ao Conselho Regional de Medicina (CRM).

O Conselho Regional de Medicina do Estado do Amazonas (Cremam) informa que abriu uma Sindicância 'ex officio' (por iniciativa do juiz ou da autoridade administrativa, isto é, sem a necessidade de pedido pela parte interessada; no caso, a paciente) para investigar o ocorrido.

O Cremam afirma que, se houver alguma infração ao Código de Ética Médica, será aberto um Processo Ético Profissional. O Cremam também investiga a situação da mãe e da criança.

Obstetra foi inocentado em outro crime

Em 2015, o médico Armando Araújo e mais dois médicos chegaram a ser presos durante a operação Jaleco, da Polícia Civil, suspeitos de fazer parte de uma quadrilha que cobrava para fazer partos de pacientes grávidas em hospitais da rede pública de Manaus. 

De acordo com o delegado geral de Polícia Civil do Estado, Orlando Amaral, as investigações apontaram que os médicos utilizavam de aparato público do Sistema Único de Saúde (SUS) para cobrar das vítimas valores indevidos por procedimentos que deveriam ser oferecidos gratuitamente. Armando Araújo foi condenado a dois anos de prisão, mas a pena privativa foi substituída por prestação de serviços comunitários. A reportagem não conseguiu contato com o obstetra Armando Andrade Araújo.

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