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Marcola está na 2ª prisão federal mais cara, que custa R$ 6 milhões ao mês

Presídio Federal de Porto Velho, em Rondônia, onde Marcola foi levado - Out.2017 - Divulgação
Presídio Federal de Porto Velho, em Rondônia, onde Marcola foi levado Imagem: Out.2017 - Divulgação
do UOL

Aiuri Rebello, Beatriz Montesanti, Flávio Costa e Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

14/02/2019 13h37

Resumo da notícia

  • Líder máximo do PCC é levado ao presídio federal de Porto Velho
  • Números obtidos pelo UOL mostram custo das unidades prisionais
  • Brasil tem, no total, cinco presídios federais em atividade

Desde a noite de ontem, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como o líder da maior facção criminosa do Brasil, o PCC (Primeiro Comando da Capital), está na penitenciária federal de segurança máxima de Porto Velho, capital de Rondônia.

O presídio fica localizado em uma área de mata densa, na rodovia federal BR-364, que corta o estado de Rondônia quase em paralelo ao rio Madeira e à divisa com o estado do Amazonas. Lá, segundo o governo de São Paulo, que transferiu Marcola por meio de acordos políticos e uma medida judicial, ele deve permanecer por 360 dias - nos primeiros dois meses, em total regime de isolamento. 

Dados do Ministério da Justiça obtidos com exclusividade pelo UOL, por meio da LAI (Lei de Acesso à Informação), apontam que o presídio federal de Rondônia é o segundo, dos cinco existentes, mais caro do país. A média mensal de gastos é de R$ 6 milhões por mês. Veja, abaixo, a média de quanto custam os presídios federais brasileiros mensalmente, baseado nos números de 2018:

  1. Presídio Federal de Catanduvas (PR) - R$ 6.110.864,01
  2. Presídio Federal de Porto Velho (RO) - R$ 5.918.922,18
  3. Presídio Federal de Campo Grande (MS) - R$ 5.501.145,07
  4. Presídio Federal de Mossoró (RN) - R$ 4.768.487,73
  5. Presídio Federal de Brasília (inaugurado em 2018) - R$ 1.531.417,95
  • Total gasto por mês com todos os presídios - R$ 23.830.836,94

A reportagem obteve os custos do governo federal, mês a mês, entre janeiro de 2013 e dezembro de 2018. Com um presídio a menos no sistema federal até 2017, a média mensal de gasto nos quatro presídios (PR, RO, MS e RN) era de R$ 21.533.502,96. Ou seja, o governo federal teve gasto 10,7% superior no último ano.

Os gastos incluem material de consumo, locação de mão de obra, obrigações tributárias, obras e instalações, aquisição de equipamentos, além de serviços terceirizados que atuam dentro do sistema penitenciário federal. 

Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola

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Como base de comparação, o presídio estadual de Presidente Venceslau (SP), onde estava Marcola até a manhã de ontem, custava, por mês, R$ 2,2 milhões para manter 800 presos ali, conforme revelou o UOL em outubro do ano passado.

Socióloga vê PCC com "capacidade de adaptação"

A socióloga Camila Nunes Dias, professora da UFABC (Universidade Federal do ABC), que estuda o PCC, afirma que existe a probabilidade de outras lideranças ocuparem os postos daqueles que estão confinados em presídios federais.

06.ago.2018 - Socióloga Camila Nunes Dias - 06.ago. 2018 - Carine Wallauer/UOL - 06.ago. 2018 - Carine Wallauer/UOL
Imagem: 06.ago. 2018 - Carine Wallauer/UOL

Ainda de acordo com a professora, em um curto prazo, a impressão será de que o governo está, de fato, combatendo o crime. "Mas no caso do PCC, já vi isso acontecer dezenas de vezes nas últimas duas décadas. E o PCC demonstrou sempre capacidade de adaptação a essas novas condições. Até porque a estrutura do sistema não foi alterada, então ele se renova", disse.

"Vejo como um grande equívoco apostar no aumento das prisões, no geral, e no aumento do rigor disciplinar, porque vai apenas no longo prazo piorar situação do país", complementou a especialista. 

A movimentação no interior de SP durante a transferência

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Nenhuma rebelião em presídios federais

Desde 2011, quando os presídios federais foram criados, nunca houve registro de fuga ou rebelião.

De acordo com o CNJ, das 832 vagas mantidas nos quatro presídios federais existentes até o primeiro semestre do ano passado, 492 (59%) estavam ocupadas. Dentro desses estabelecimentos, os presos ocupam celas individuais em total confinamento por 22 horas diárias, com direito a 2 horas destinadas ao banho de sol, monitoradas de perto por agentes federais.

Questionado sobre o número de presos abrigados nos presídios federais, o Ministério da Justiça informou, em nota, que "por questões de segurança, essas informações não são divulgadas".

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