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Oposição aumenta pressão sobre Maduro, que busca apoio de militares

27/01/2019 22h53

Caracas, 27 jan (EFE).- A oposição venezuelana aumentou neste domingo a pressão sobre o chavismo ao repartir entre os militares uma lei do Parlamento com a qual buscam desconhecer o governante Nicolás Maduro, que respondeu com uma visita de quartel a quartel na qual pareceu um soldado qualquer.

O esforço da oposição começou durante a manhã com a ousada ação de repartir o texto da lei, aprovada no Parlamento de maioria opositora, que teve um recebimento díspar entre militares e policiais.

No posto de controle da residência presidencial, conhecida como La Casona, os funcionários recolheram as cópias deixadas debaixo dos portões de entrada e as devolveram rasgadas.

Mais contundentes foram outros uniformizados, como um comandante da Guarda Nacional Bolivariana (GNB, polícia militarizada), destacado no bairro de Petare, que assim que recebeu sua cópia a queimou diante de várias pessoas.

No entanto, a Agência Efe pôde constatar que o documento foi entregue em vários destacamentos de Caracas, alguns dos quais não foram tão hostis ao receber o documento.

Assim ocorreu com um funcionário da Polícia Nacional Bolivariana (PNB) que em um comando do leste de Caracas recebeu, não sem reservas, sua cópia e garantiu estar disposto a "escutar" os opositores.

"Eu sou instituição, os Governos se vão e a instituição fica", disse o policial aos jornalistas antes de afirmar que não conhece o conteúdo da lei e de se definir como "apolítico".

Seu discurso contrastou com o que Maduro pôs na boca de um grupo de militares diante dos quais não titubeou em dizer que eles conformam "a força armada chavista" e pediu que estivessem orgulhosos de serem chavistas porque o presidente Hugo Chávez foi "quem fundou este Exército".

Foi no Forte Paramacay, situado na cidade de Naguanagua, do cêntrico estado de Carabobo, onde foi testemunha de primeira mão de práticas militares de tiro após as quais os soldados foram convocados ao centro do campo e rodearam Maduro.

Lá, entre os coros dos militares, assegurou que os opositores "querem que a força armada se transforme em golpista".

"Os senhores são golpistas?", perguntou, a quem os soldados reunidos responderam com um sonoro "não, presidente".

Após escutar as respostas, repetiu um slogan que cunhou recentemente e que repete com frequência: "traidores nunca, leais sempre", que também foi cantado pelos soldados.

Ao sair do quartel, Maduro quis ressaltar ainda mais seu perfil militar e trotou à frente da tropa e inclusive marchou com os braços entrelaçados aos do comandantes militares e do ministro de Defesa, Vladimir Padrino.

Não terminou aí a exibição, já que o antigo motorista de ônibus se pôs à frente de um tanque anfíbio com o qual participou de outro exercício militar na Base Naval Agustín Armario, situada no caribenho Puerto Cabello.

Por sua vez, o líder do Parlamento e autoproclamado presidente da Venezuela, Juan Guaidó, acudiu a uma missa dominical na igreja San José do bairro de Chacao, no leste de Caracas, após a qual deu "uma ordem" aos militares para que não disparem e nem reprimam os cidadãos que se manifestam nas ruas para exigir o fim da crise no país.

"Hoje te dou uma ordem: não disparem no povo da Venezuela, que de maneira clara, constitucional saiu para defender sua família, seu povo, seu trabalho, seu sustento. Hoje, soldados da Venezuela, te dou uma ordem: não reprimam manifestações pacíficas", disse Guaidó.

Além disso, insistiu que o ato de repartir o texto da lei em guarnições é uma forma de "estender a mão" aos militares e policiais.

Com esta situação de tensão latente, a grande incógnita são as ações que serão convocadas por Guaidó durante a que ainda não rvelou e que, presumivelmente, terão como finalidade "rematar o trabalho" para forçar a saída de Maduro e ocupar o seu posto de maneira pacífica, como comentou em entrevista em ao "The Guardian". EFE

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