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Inteligência artificial encontra 'nova' espécie de hominídeo

Crânio de 400.000 anos de homem de Neandertal Imagem: PNAS

Da Espanha

16/01/2019 12h41

Por meio da inteligência artificial, pesquisadores da Espanha identificaram no genoma de pessoas asiáticas a marca genética de uma nova espécie desconhecida de hominídeo. Resultado do cruzamento entre neandertais e denisovanos, ela que se misturou com o homem moderno há milhares de anos.

Já se sabia que denisovanos e neandertais, os parentes extintos mais próximos dos seres humanos atuais, acasalaram e deram origem a serem híbridos em algum momento da pré-história. Isso foi uma evidência encontrada no ano passado em Denisova (Sibéria).

Agora, o trabalho dos cientistas espanhóis revela que a mistura foi generalizada e deu lugar a uma espécie híbrida que acasalou com o homem moderno.

O estudo, publicado na revista especializada Nature Communications, utilizou com sucesso, pela primeira vez, uma técnica de inteligência artificial chamada de "deep learning" para explicar a história humana --  ela consiste em usar algoritmos de aprendizagem automática. O projeto abre as portas para ampliar o uso desta tecnologia para responder outras perguntas em biologia genômica e evolução.

Os pesquisadores identificaram no genoma de indivíduos asiáticos a marca desta nova espécie de hominídeos ao usar de forma combinada algoritmos do "deep learning" e métodos estatísticos.

A análise computacional do DNA humano atual indica que a espécie desaparecida era um híbrido de neandertais e denisovanos, que depois se misturou na Ásia com os humanos modernos que tinham saído da África.

Participaram da pesquisa cientistas do Instituto de Biologia Evolutiva (IBE-UPF), do Centro Nacional de Análise Genômica (CNAG-CRG) e do Centro de Regulação Genômica (CRG), todos estes na Espanha; e também especialistas da Universidade de Tartu, na Estônia.

Segundo explicou o pesquisador do IBE-UPF de Barcelona, Jaume Bertranpetit, "há aproximadamente 80 mil anos aconteceu o conhecido 'Out of Africa' ('Saída da África', em tradução livre do inglês), quando uma parte da população humana que já era de humanos modernos deixou esse continente e se estendeu para outros, dando lugar a todas as populações atuais".

A partir de então, sabíamos que tinham acontecido cruzamentos de humanos modernos com neandertais em todos os continentes, menos na África, e com os denisovanos na Oceania e, seguramente, no sudeste da Ásia, mas a evidência de cruzamentos com uma terceira espécie extinta ainda não tinha sido confirmada com certeza

Jaume Bertranpetit

Até agora, a existência desta terceira espécie era só uma teoria que explicaria a origem de alguns fragmentos do genoma humano atual, mas, segundo o pesquisador do IBE-UPF, foi o uso do "deep learning" que permitiu passar do DNA para a demografia das populações ancestrais.

Tecnologia profunda

Segundo Óscar Lao, pesquisador do CRG, "o "deep learning" é um algoritmo que imita a forma como funciona o sistema nervoso dos mamíferos, com diferentes neurônios artificiais que se especializam e aprendem a detectar nos dados aqueles padrões que são importantes para realizar uma tarefa determinada".

Nós aproveitamos essa propriedade para fazer com que o algoritmo aprendesse a prever a demografia humana usando genomas obtidos através de centenas de milhares de simulações para percorrer um possível caminho da história da humanidade

Óscar Lao

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