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Com ou sem colete, amarelo se mete na fashion week parisiense antes mesmo dos desfiles

15/01/2019 21h20

Começou nessa terça-feira (15) a temporada parisiense de desfiles de moda masculina outono-inverno 2019/2020. Além de novidades nas passarelas, a maratona fashion abre suas portas em meio aos protestos do "coletes-amarelos", que chegaram a provocar algumas mudanças de calendário das marcas, temendo atos de vandalismo. Mas o que muitos não sabem é que a cor, que agora assusta o governo francês, já preparava seu retorno há um bom tempo, antes mesmo das manifestações.

Começou nessa terça-feira (15) a temporada parisiense de desfiles de moda masculina outono-inverno 2019/2020.

Geralmente a moda costuma captar o que acontece na sociedade, muitas vezes avançando nas passarelas o que será visto nas ruas meses mais tarde. Coincidência ou não, em janeiro de 2018 uma das cores notadas nas coleções masculinas apresentadas em Paris já era o amarelo fluorescente, muito antes dos coletes coletes de sinalização da mesma cor se tornarem o símbolo dos protestos contra a queda do poder aquisitivo na França.

Kenzo trazia a cor em blusas e calças, enquanto Louis Vuitton ousava em alguns acessórios e cadarços dos calçados. Yohji Yamamoto, com sua marca Y-3, pincelou a primeira parte do desfile com amarelões inusitados. Até a quase sempre sobrea Hermès “aderiu ao movimento” com algumas pitadas, muito discretas, dessa cor digna das nossas piores recordações da década de 1980.

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Moda pop, retrô ou "divertida", o que os estilistas não imaginavam é que o feitiço poderia se virar contra o feiticeiro. Afinal, essa cor, que as passarelas tentaram impor discretamente em nossos guarda-roupas, está se tornando um pesadelo na França, inclusive para as marcas que participam da primeira Fashion Week deste ano. Isso porque muitos dos desfiles, eventos e festas são realizados durante o fim de semana, momento em que os chamados “coletes-amarelos” saem às ruas para manifestar desde meados de novembro. E com eles um sem-número de baderneiros que se juntam aos protestos, em passeatas muitas vezes marcadas por violência e atos de vandalismo.

Lojas atacadas e saqueadas

Algumas marcas de luxo foram diretamente visadas durante as manifestações passadas. A loja da Dior no Champs-Elysées teve sua porta arrombada e foi saqueada após um protesto no final de novembro. Não longe dali, a boutique Chanel também foi atacada.

Mal sabiam os manifestantes que Karl Lagerferld, diretor artístico da marca, era “colete-amarelo” muito antes do movimento existir, já que o estilista alemão protagonizou, em 2008, uma campanha sobre a segurança nas estradas, no qual vestia o acessório emblemático. A própria Chanel, aliás, fez em 2014 um desfile reproduzindo uma manifestação de rua, provando que sabe brincar com os clichês sobre as greves que volta e meia paralisam a França.

Piadas à parte, nenhuma marca quer ver o fruto de seis meses de trabalho destruído por uma passeata de verdade na porta de seu desfile e algumas delas já tomaram suas providências. Sem dar muitas explicações, a Dior antecipou a data de seu desfile, previsto inicialmente para sábado (19). Thom Browne, Namacheko e Sacai também mudaram os horários de seus shows, apresentando as coleções às 9h, antes que os manifestantes comecem o protesto, que já foi convocado nas redes sociais. Hermès se manteve soberana em seu horário das 20h, quando geralmente as manifestações já acabaram.

A Federação francesa de Alta-costura e de Moda, organizadora deste evento, foi discreta sobre o risco de transtornos. A entidade se limitou a dizer que está trabalhando "com as empresas e as autoridades para que os desfiles sejam realizados nas melhores condições".

Mas tem gente que aproveitou a deixa. E nem estamos falando da Fendi, que nem precisa de desculpa para usar a cor, ja que o amarelo é a sua marca registrada. Nessa terça-feira, quando foi dada a largada da Fashion Week masculina – que vai até domingo – o estilista americano Heron Preston, que abriu o calendário, não perdeu a ocasião de misturar a seu laranja tradicional algumas peças amarelas, entre camisetas, jaquetas. Tinha até um total-look amarelo ouro. Oportunismo ou apenas o anúncio de uma "maxi-tendência" que irá além das passeatas? 

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