Ex-PM investigado pela morte de Marielle presta depoimento em presídio no Rio
O ex-PM Orlando Oliveira de Araújo, apontado por uma testemunha de ser o mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), presta depoimento à Polícia Civil na tarde desta quarta-feira (16), segundo informou a defesa do investigado.
Orlando de Curicica, como também é conhecido, nega qualquer relação com o crime.
De acordo com a defesa do ex-PM, o depoimento acontece no presídio Bangu 1, na zona oeste do Rio de Janeiro, onde Araújo cumpre pena enquanto aguarda sua transferência para uma penitenciária federal.
Araújo é apontado como membro de uma milícia da zona oeste carioca e já estava preso preventivamente por um assassinato ocorrido em 2015, quando uma testemunha o apontou como um dos mandantes da morte de Marielle.
O advogado Renato Darlan afirmou que o ex-policial relatou ter sofrido uma "ameaça" na última quinta-feira (10), quando um delegado da Divisão de Homicídios, responsável pela investigação do caso Marielle, teria visitado Araújo em Bangu 1. "O delegado estava acompanhado de um inspetor e disse a ele: 'ou você confessa esse crime ou eu vou colocar mais dois homicídios na sua conta e vou te mandar para [o presídio federal] Mossoró'", disse.
A reportagem do UOL solicitou esclarecimentos para as assessorias de comunicação da Polícia Civil e da Seap (Secretaria de Estado de Administração Penitenciária). Em nota, ambas informaram que não comentariam o assunto.
Em entrevista à imprensa nesta terça-feira (15), o advogado disse que a família de Araújo está sendo vítima de ameaças e reiterou que ele teria sofrido uma tentativa de envenenamento no presídio. Araújo também estaria sem comer há cinco dias.
A transferência foi determinada pela Justiça na última segunda-feira (14). Para o Ministério Público, que fez o pedido, a transferência “é de grande relevância para o interesse da segurança pública, visando inibir a atuação do preso em referência e de coibir eventuais associações criminosas, bem como quaisquer outras práticas que atentem contra o Estado e a população”.
Na decisão, também foi definido que Orlando deve permanecer em Bangu 1, na Penitenciária Laércio da Costa Pelegrino, enquanto o Depen (Departamento Penitenciário Nacional) decide para qual dos quatro presídios federais ele será encaminhado.
A testemunha, que procurou a polícia em troca de proteção, apontou também o envolvimento do vereador Marcello Siciliano (PHS) no crime. O parlamentar nega relação e diz desconhecer o ex-PM.
A Polícia Civil adotou sigilo nas investigações e não comenta se os investigados são considerados oficialmente suspeitos.
Em abril, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, confirmou que a principal linha de investigação no assassinato de Marielle e de seu motorista Anderson Gomes na noite de 14 de março diz respeito ao possível envolvimento de milicianos.
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