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Ex-PM investigado em caso Marielle depõe por 4 horas e diz ser "bode expiatório"

Araújo é investigado pelo suposto envolvimento no assassinato de Marielle Franco - Divulgação
Araújo é investigado pelo suposto envolvimento no assassinato de Marielle Franco Imagem: Divulgação
do UOL

Do UOL, no Rio

16/05/2018 19h22

A defesa do ex-PM Orlando Oliveira de Araújo, apontado por uma testemunha como um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), disse nesta quarta-feira (16) que Araújo afirmou à Polícia Civil que está sendo usado como um "bode expiatório" por alguém com interesse em mantê-lo preso.

"Ele disse [à polícia] várias vezes que caiu de bucha nessa situação, não tem nada a ver, é um bode expiatório. Existe alguém interessado em incriminá-lo, na manutenção da sua prisão, na ida dele para fora do estado", afirmou o advogado Renato Darlan, que acompanhou o interrogatório, realizado no presídio Bangu 1. 

Araújo prestou depoimento à Polícia Civil por cerca de 4 horas. Agentes da Delegacia de Homicídios foram até o presídio Bangu 1, onde Araújo cumpre pena enquanto aguarda sua transferência para uma penitenciária federal.

Os investigadores teriam, segundo a defesa, questionado o ex-PM sobre sua relação com o vereador Marcello Siciliano (PHS), também elencado pela testemunha como mandante do assassinato de Marielle, e se ele conhecia a vereadora e o motorista Anderson Gomes.

Orlando de Curicica, como também é conhecido, nega qualquer relação com o crime. Na semana passada, Araújo também disse desconhecer o parlamentar. Siciliano também negou envolvimento com o crime e disse que tinha boa relação com Marielle.

Araújo é apontado como membro de uma milícia da zona oeste carioca e já estava preso preventivamente por um assassinato ocorrido em 2015, quando uma testemunha o apontou como um dos mandantes da morte de Marielle.

Ameaças e tentativa de envenenamento, diz defesa

Na semana passada, Darlan afirmou que o ex-policial relatou ter sofrido uma "ameaça" na última quinta-feira (10), quando um delegado da Divisão de Homicídios, responsável pela investigação do caso Marielle, teria visitado Araújo em Bangu 1. "O delegado estava acompanhado de um inspetor e disse a ele: 'ou você confessa esse crime ou eu vou colocar mais dois homicídios na sua conta e vou te mandar para [o presídio federal] Mossoró'", disse.

A reportagem do UOL solicitou esclarecimentos para as assessorias de comunicação da Polícia Civil e da Seap (Secretaria de Estado de Administração Penitenciária). Em nota, ambas informaram que não comentariam o assunto.

Em entrevista à imprensa nesta terça-feira (15), o advogado disse que a família de Araújo está sendo vítima de ameaças e reiterou que ele teria sofrido uma tentativa de envenenamento no presídio. Araújo também estaria sem comer há cinco dias.

A transferência de Araújo foi determinada pela Justiça na última segunda-feira (14). Para o Ministério Público, que fez o pedido, a transferência “é de grande relevância para o interesse da segurança pública, visando inibir a atuação do preso em referência e de coibir eventuais associações criminosas, bem como quaisquer outras práticas que atentem contra o Estado e a população”.

Na decisão, também foi definido que Araújo deve permanecer em Bangu 1, na Penitenciária Laércio da Costa Pelegrino, enquanto o Depen (Departamento Penitenciário Nacional) decide para qual dos quatro presídios federais ele será encaminhado.

A Polícia Civil adotou sigilo nas investigações e não comenta se os investigados são considerados oficialmente suspeitos.

Em abril, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, confirmou que a principal linha de investigação no assassinato de Marielle e de seu motorista Anderson Gomes na noite de 14 de março diz respeito ao possível envolvimento de milicianos.

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