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PMs acusados de matar líder das Mães de Acari vão a júri popular no Rio

do UOL

Douglas Corrêa

Da Agência Brasil, no Rio

23/10/2014 15h52

O juiz Fábio Uchôa, titular da 1ª Vara Criminal do Fórum Central do Rio de Janeiro, decidiu nesta terça-feira (22) submeter a julgamento pelo Tribunal do Júri sete acusados de participar do assassinato da diarista Edmea da Silva Euzébio, líder das “Mães de Acari”. Edmea e Sheila da Conceição foram emboscadas e mortas a tiros no estacionamento do metrô da Praça Onze, no centro do Rio, em 15 de janeiro de 1993.

Edmea e outras mães ganharam projeção ao reclamar publicamente do desaparecimento dos filhos, no caso que ficou conhecido como a chacina de Acari. Em 26 de julho de 1990, 11 pessoas, muitas moradoras da favela de Acari, zona norte do Rio, foram sequestradas na Baixada Fluminense e desapareceram. As investigações apontaram para a participação de policiais civis e militares que teria tentado extorquir algumas das vítimas com passagem na polícia. Até hoje, nenhuma das vítimas foi encontrada.

De acordo com a denúncia do Ministério Público, Edmea teria sido morta por ter conseguido novas informações que localizariam o corpo dos jovens. O crime teria sido ordenado pelo coronel reformado da Polícia Militar e ex-deputado estadual Emir Campos Larangeira. Além dele, também são réus os policiais militares Eduardo José Rocha Creazola, o "Rambo", Arlindo Maginário Filho, Adilson Saraiva Hora, o "Tula" e Irapuã Ferreira; o ex-PM Pedro Flávio Costa e o servidor municipal Luiz Cláudio de Souza, o "Mamãe" ou "Badi". A denúncia aponta ainda a participação de uma oitava pessoa, o agente penitenciário Washington Luiz Ferreira dos Santos, cujo processo foi desmembrado do principal e ainda está na fase de produção de provas.

O caso, que chegou a ser arquivado, passou por uma reviravolta em 2011, após o depoimento de uma nova testemunha. Ela contou que a reunião para matar Edmea teria ocorrido no gabinete do então deputado estadual Emir Larangeira, na Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro). Ainda não há data para o julgamento. Todos os acusados poderão recorrer da decisão em liberdade.

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