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Homem foi morto por causa de estupro que não cometeu

do BOL, em São Paulo

07/03/2014 13h39

A iniciativa de "fazer justiça com as próprias mãos", que tem ganhado espaço no Brasil nas últimas semanas, já apresenta os efeitos trágicos da barbárie: a morte de inocentes. Na última semana, um homem foi agredido por moradores e depois assassinado em Vila Velha (ES) após ser acusado de estupro. A polícia afirma, porém, que ele era inocente.

O auxiliar de serviços gerais Marcelo Pereira da Silva, de 31 anos, foi morto na manhã do dia 27 de fevereiro, quando homens armados invadiram sua casa e o executaram com mais de 20 tiros. Segundo a polícia, o crime foi motivado pela acusação de que Marcelo teria estuprado três enteadas. 

No dia 26, Marcelo havia sido agredido por moradores depois que sua ex-namorada, mãe das crianças,  Rosalina da Silva, denunciou o suposto abuso. Marcelo havia ficado responsável nesse dia por cuidar das garotas, enquanto Rosalinda trabalhava. Porém, de acordo com a Gazeta Online, as garotas de 11, 10 e três anos foram submetidas a exames no Departamento Médico Legal (DML), e o estupro não foi confirmado.

De acordo com familiares de Marcelo, ele teria chamado a atenção da menina mais velha, que não teria gostado da atitude e teria contado aos colegas da escola que ela e as irmãs tinham sido abusadas sexualmente pelo padrasto.

A informação chegou até a professora, que acionou o Conselho Tutelar para investigar o caso. "Depois disso, a fofoca se espalhou pelo ar e todo mundo do bairro já estava sabendo", contou a mãe de Marcelo.

Assim que o boato se espalhou, Marcelo foi agredido por populares e socorrido pela Polícia Militar. O auxiliar de serviços gerais permaneceu no Departamento de Polícia Judiciária (DPJ) de Vila Velha por quatro horas e foi liberado, após os resultados dos exames comprovarem que as meninas não haviam sofrido abuso. No dia seguinte, foi assassinado em casa. Os suspeitos fugiram.

Justiça com as próprias mãos

Um dos primeiros casos a ganhar repercussão na mídia por vingança feita por populares em 2014 aconteceu no início de fevereiro. Um adolescente foi torturado e amarrado nu a um poste depois de ter assaltado turistas na região do Flamengo, no Rio de Janeiro. A coordenadora da ONG Projeto Urerê, Yvonne Bezerra de Melo, divulgou a imagem do garoto nas redes sociais, e o caso gerou polêmica em torno dos chamados "justiceiros".

Outro caso do gênero aconteceu em uma movimentada avenida na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, quando um rapaz foi morto com três tiros à queima-roupa depois de a vítima ter assaltado pedestres e comerciantes da região. 

Na última quarta-feira, quatro pessoas de uma família foram presas acusadas de torturar uma adolescente de 14 anos em Várzea Paulista, no interior de São Paulo. A família, dona de um bar na cidade, suspeitava que a jovem teria roubado o local. Ela foi levada para o interior do bar e teve o dedo cortado para que confessasse o crime. A dona do bar, o marido, a mãe e o irmão vão responder por tortura, crime hediondo e inafiançável, e podem pegar de dois a oito anos de prisão.

(Com informações da Gazeta Online)

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