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"Armação Ilimitada" e fatos que mostram que os anos 80 não tinham filtro

do BOL

13/12/2017 10h00

Os avanços conquistados nos últimos anos acerca da regulamentação de propagandas e uso de imagens, especialmente de crianças e mulheres, e também direitos raciais e LGBTQ, fizeram com que o conteúdo da TV passasse por uma verdadeira transformação. Ainda é preciso mudar muita coisa, mas o fato é que os benefícios são para todos. Afinal, piada boa é aquela em que todos podem rir, sem "mimimi".

No entanto, é impossível esquecer os anos 1980, quando não havia filtros, e o “politicamente correto” não guiava a programação: havia, inclusive, um programa em que um relacionamento a três era tratado com naturalidade, sem causar a polêmica que isso gera hoje em dia. Mas, por outro lado, tudo era permitido: desenhos pregavam o tabagismo, mulheres com pouca ou nenhuma roupa interagindo alegremente com crianças, um palhaço que falava sobre cocaína em meio a um programa infantil e muito mais marcaram a década em que as pessoas não questionavam o que era exibido na grade televisiva.

A lista abaixo reúne alguns dos episódios mais marcantes do passado:

  • Reprodução/Teledramaturgia

    "Armação Ilimitada" e o relacionamento a três

    O programa começou a ser produzido pela Globo em meados de 1985 e marcava uma fase de reabertura política no país logo após o fim do regime militar. Um dos temas abordados era o triângulo amoroso entre Zelda Scott (Andréa Beltrão) e os amigos Juba (Kadu Moliterno) e Lula (André de Biase). Mulher independente, Zelda, uma estagiária em jornalismo e filha de um político exilado, interagia com o chefe, que não tinha nome, em cenas mostradas de acordo com seu ponto de vista. Algumas vezes, ao entrar na sala do superior, quando ele deveria estar despachando documentos, ela o via vestido "a caráter" em um terreiro realizando "despachos". Além de viverem felizes com o trisal de relacionamento aberto que formavam com Zelda, Juba e Lula, em certo momento, passaram a morar com um menino órfão, Bacana (Jonas Torres), que atuava como uma espécie de secretário na agência que os amigos mantinham juntos

  • Reprodução

    Xuxa e o figurino ousado

    Quando ainda apresentava o Clube da Criança, na TV Manchete, Xuxa podia ser vista em roupas bem mais atrevidas. À vontade, ela interagia com as crianças, aparentemente, sem que os pais vissem nada demais

  • Sergio Duarte/Reprodução/Veja

    Angélica nua aos nove anos

    Foi em 1982, aos nove anos, que Angélica protagonizou um ensaio nu em uma praia deserta pelas lentes do fotógrafo Sergio Duarte. A inspiração foi o filme "A Lagoa Azul" (1980), em que Brooke Shields, aos 14 anos, aparecia com pouca roupa e descobria a puberdade ao lado do primo com quem tem um filho. O estranhamento a respeito do ensaio só veio mais de dez anos depois, já na década de 1990, quando Angélica se defendeu das críticas afirmando que "em casa, só andava peladinha". "Esse trabalho não tem nada de mais: quem nunca viu uma criança de nove anos nua, brincando na praia? As pessoas que enxergam nisso um erotismo deveriam ser internadas para tratamento psiquiátrico", afirmou à revista Veja

  • Reprodução/Propagandas de Gibi

    Propaganda com crianças seminuas

    O Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) foi fundado em 1980, mas, naquela época, não era tão crítico quanto às campanhas. Um exemplo é a propaganda da marca de Jeans Staroup, divulgada em uma edição do gibi do Pato Donald, de agosto de 1980, quando a agência reguladora já havia sido criada, em que duas crianças sem camisa posam de maneira erotizada em cima de uma moto. Hoje, a peça publicitária iria ferir inclusive o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), criado em 1990, por colocar as crianças em situação vexatória, já que elas aparecem sem roupas, em um contexto de erotização, dentro de uma sociedade com tantos casos de pedofilia e abuso sexual

  • Mulher e criança nuas em comercial para TV

    Por falar em propaganda, você consegue imaginar o estardalhaço que esse comercial da Seiva de Alfazema, do final da década de 1980, causaria nos dias de hoje?

  • Reprodução/Anos 80, a Melhor Época

    Xuxa e o bebê de fio dental

    Dá-lhe Xuxa nesta lista! Em 1988, a rainha dos baixinhos lançou o álbum "Carnaval dos Baixinhos" ilustrado com imagens de dois bebês, em que a menina aparece de fio dental e o menino tem sua intimidade coberta por uma folhinha

  • Reprodução/Revista Forum

    Criança com a mão dentro da roupa de Gilberto Barros

    Por incrível que pareça, a capa do disco de Gilberto Barros só foi causar polêmica em 2015. O combo criança fazendo carinho por dentro da roupa de um adulto + o título do álbum, "Me Faz Um Carinho", de 1988, causou alvoroço anos depois e fez com que o apresentador precisasse se explicar. O garoto da foto, na verdade, é o filho de Gilberto, Neto, que apareceu na foto por ideia do pai, uma vez que a faixa principal do álbum levava o nome de "Você Já Abraçou Seu Filho Hoje?". Segundo o apresentador afirmou em entrevista ao BuzzFeed, o menino tinha somente dois anos na ocasião e para fazer a pose de colocar a mão do coração do pai, Gilberto precisou encher o bolso da camisa de balas

  • "Eu Quis Comer Você" para crianças

    Se este ano, internautas estavam preocupados com a participação de Pabllo Vittar no Criança Esperança [ela cancelou por motivos de saúde] comentando nas redes sociais o que a artista poderia cantar que fosse aceitável para as crianças, nos anos 1980, essa preocupação parecia inexistente. "Garotas que querem garotas, rapazes na contramão/ E quando eu volto pra casa a minha garota está dormindo/ Eu tomo uma latinha de cerveja/ Que fome eu estava sentindo!/ Hum... Eu quis comer você!", diz a música que Os Cascavelletes resolveram apresentar no "Clube da Criança", apresentado por Angélica, na TV Manchete, em 1987, inclusive ouvindo da apresentadora o comentário "olha só, que barato!"

  • Xuxa e a gordofobia

    Dois momentos em que Xuxa tira o sarro do peso das crianças em seu programa nos anos 1980 tornaram-se virais nos últimos tempos. "Ihh, a gordinha já vai", ri Xuxa em um vídeo em que media uma competição e uma garota corre em direção ao microfone. Em outro programa, a rainha dos baixinhos pratica bullying com outra criança que tenta vencer os oponentes em uma brincadeira: "Vai gorda! Ai, Renata, tá comendo muita batata frita!", torce, mas lamenta na sequência ao ver a garota perder o jogo. Gordofobia não pode, né, Xuxa?

  • Estereótipos para todos os lados

    Em 1989, Xuxa resolveu fazer uma performance de "Brincar de Índio", na frente de ninguém mais ninguém menos que índios. Com uma roupa de franjas e um cocar, ela não se intimidou em soltar os versos "Índio fazer barulho/ Índio ter seu orgulho", deixando os convidados atônitos

  • Reprodução

    Monique Evans, o topless e a criançada

    Nos anos 1980, Monique Evans foi fotografada diversas vezes com os seios de fora. Porém, em 2013, ela causou polêmica ao relembrar um desses momentos ao postar uma imagem em que aparece de topless e biquíni cavado ao lado de duas crianças na praia de Ipanema, no Rio

  • Reprodução/Anos 80, a Melhor Época

    A primeira nudez a gente nunca esquece

    Se em 2017, foi a vez de a globeleza, Érika Moura, aparecer vestida na TV, no final da década de 1980 a nudez estava com tudo! Ou melhor... Com absolutamente nada. A modelo Enoli Lara foi a primeira mulher a aparecer completamente sem roupa no sambódromo - sem calcinha ou tapa-sexo - em 1989, pela União da Ilha com o enredo "Festa Profana". Na televisão da época, não havia constrangimentos em dar close nas partes íntimas da moça no meio da apresentação. Em tempos mais recentes, no entanto, o mesmo conteúdo foi censurado no YouTube por violar as políticas sobre nudez ou conteúdo sexual

  • Pablo, sucesso absoluto

    Se em pleno 2017, ainda há internautas que implicam com Pabllo Vittar, na década de 1980, outro Pablo era sucesso absoluto na TV. O dublador oficial do "Qual é a Música?" fazia caras e bocas enquanto interpretava músicas usando batom, rosto pintado com flores e roupas brilhantes entre uma jogada de cabelo e outra. Será que ele teria o mesmo sucesso na televisão atualmente?

  • Reprodução/Instagram @lucianavendramini

    Menor de idade na Playboy

    Pois é! Dá para imaginar algo assim nos dias de hoje? Em 1987, aos 17 anos, Luciana Vendramini ganhou fama de ninfeta depois de posar nua, ainda menor de idade, para a revista. O ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) também barraria esse ensaio

  • Homem nu na abertura da novela

    O ano de 1987 parece ter sido particularmente recheado de "loucuras" que não veríamos hoje em dia. Afinal o que dizer da abertura da novela global, "Brega & Chique", em que um homem, ao som de "Pelado", do Ultraje a Rigor, cobre o pênis com as mãos e mostra o bumbum ao sair de cena? Vale lembrar que o folhetim era transmitido no horário das 19 horas

  • Bumbuns para todos os lados

    No dia 3 de agosto de 1988, o conteúdo da Constituição Federal foi votado na Assembleia Constituinte. Por causa disso, atualmente, a data marca o fim oficial da censura no país. Logo, se 1987 já foi repleto de ousadia, prepare-se para o que se sucedeu! A propaganda do bronzeador Coppertone passava na TV, inclusive no intervalo da novela das 19h, inicialmente sem nenhuma tarja, e mostrava muitas nádegas, seios e até crianças correndo sem roupa. Atualmente, até mesmo a imagem da menininha que representa a marca, com o cachorrinho puxando seu biquíni, precisou ser readequada para não aparecer mais com o bumbum de fora

  • Abertura de "Tieta"

    O que dizer da novela que foi um sucesso entre a família brasileira e que contava com Isadora Ribeiro mostrando os seios logo na abertura do folhetim? Ao som de da música "Tieta", de Luiz Caldas, a atriz e modelo aparecia sem pudor diariamente nas casas pelo país em 1989. A novela também contava com temas ousados e incluiu uma cena em que Ninete (Rogéria), gerente do bordel de Tieta (Betty Faria), revelava, na verdade, ser homem para os machões de Santana do Agreste

  • Bozo e a cocaína

    Não é segredo para ninguém que a expressão "mais louco que o Bozo" tem uma razão de ser. Na década de 1980, a criançada era animada por um personagem que aparecia muito doido na TV, às vezes, até com algodão no nariz para conter os sangramentos causados pelo uso de entorpecentes. Na propaganda de um pirulito, além da alegria exagerada com o "pozinho", em determinado momento do vídeo, o palhaço diz "aqui o padê", gíria usada nos anos 1980 para se referir à cocaína. Hoje, o palhaço precisaria se conter nos comentários. Afinal, apologia às drogas é crime

  • Reprodução/Chiclete de Carne Moída

    Cigarro para crianças

    Ok, era de chocolate. Mas, na década de 1980, sequer os cigarros para adultos enfrentavam oposição, aliás, eram até glamourizados em filmes. Logo, não havia nada demais em oferecer cigarrinhos de chocolate para os filhos com um menino "fumando" na embalagem. Tudo normal!

  • Reprodução/Twitter gabriel_groma

    Debate armado

    Outra circunstância tratada com trivialidade foi o anúncio publicado pelo SBT em 1989 para divulgar o debate Lula x Collor na disputa pela presidência. Em referência aos duelos de velho oeste, os candidatos foram retratados armados. Além dos políticos segurando revólveres, a emissora ainda aproveitou a oportunidade para zombar de si mesma, escrevendo no anúncio "não perca Collor e Lula fazendo de tudo para não ser o SBT dessas eleições". Na época, o canal disputava de maneira acirrada a liderança pela audiência com a Globo

  • Reprodução

    Ariel e o cachimbo "da paz"

    Em 1989, em "A Pequena Sereia", a ruivinha inocente é flagrada fumando o cachimbo do mordomo Grimsby após sua transformação em ser humano. Somente em 2015 a Disney proibiu que personagens infantis aparecessem fumando em suas produções. Porém, essa não foi a única polêmica com a turma de Ariel. Na capa do VHS, é possível ver um pênis escondido na arquitetura do castelo de Tritão, sem contar com o bispo tendo uma ereção [que o animador garante ser o joelho do personagem] no meio da cerimônia de casamento da sereia

  • Reprodução

    Roger pé de cana e Jessica Rabbit sem calcinha

    No filme "Uma Cilada Para Roger Rabbit", de 1989, o coelho aparece completamente bêbado depois de tomar uma dose de bebida, que o faz ser lançado como um foguete. Como se não fosse polêmico o suficiente, Jessica Rabbit é arremessada para fora de um carro após uma batida e acaba sendo flagrada em uma posição comprometedora e sem calcinha. Mais tarde, a cena foi corrigida digitalmente para cobrir as partes da moça

  • "Cavaleiros do Zodíaco" e a Bíblia queimada

    Na quarta temporada do desenho, lançada em 1989, uma cena em particular provocou alvoroço e acabou censurada. No episódio que explica a origem de Lúcifer e fala sobre o cristianismo, é possível ver a Bíblia sendo jogada no fogo e queimada. A cena proibida só foi vista quando chegou ao público por meio de VHS em 1995. Ao longo de sua produção, o desenho foi protagonista de várias outras polêmicas e teve cenas cortadas, como em casos de momentos sensuais, mutilações e mais

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