Ex-nadador Xuxa revela ter tido vício em pornografia: 'Difícil de largar'

O ex-nadador Fernando Scherer, o Xuxa, revelou ter tratado o vício em pornografia. Medalhista de bronze nos Jogos Olímpicos de Atlanta-1996 e Sydney-2000, ele tem, nos últimos anos, falado abertamente sobre problemas pessoais que enfrentou, como depressão e consumo excessivo de álcool.
Xuxa, em entrevista à GQ, disse que o vício em pornografia "foi um dos mais difíceis de largar". Ele buscou ajuda médica em 2008 ao entender estar em quadro de depressão, mas conta que o conteúdo adulto esteve presente em sua vida antes disso, através de revistas.
"Aquilo era socialmente aceito, então, eu não tinha conhecimento. Tem toda uma cultura da venda disso, de erotizar a mulher em todos os sentidos, e fica parecendo natural. Não é natural"
Ao abordar o tema, Fernando Scherer não esconde os impactos que sentiu e citou que o corpo estava acostumado à dopamina, neurotransmissor que está relacionado a diferentes funções do organismo de humanos, dentre eles vinculados aos sistemas de recompensa (prazer ou satisfação).
"Falo sobre mim: hoje, com muito conhecimento, percebi que meu corpo foi acostumado à dopamina. A dopamina que a pornografia gerava chegava a ser maior às vezes que o próprio sexo", contou à revista.
"Quando você treina o teu cérebro a ter o gozo momentâneo, você perde o prazer do antes e do depois. Perde todo o contexto da relação mesmo: a conexão, o amor em dois, a troca, o companheirismo, o olhar, a conexão", completou.
Xuxa descreve ainda uma mudança de comportamento após a batalha contra o vício. "Se viesse aquela necessidade de me masturbar com pornografia e eu entendesse que não é uma escravidão naquele momento, não teria problema. A pergunta que sempre faço é: precisa para quê? O que você está sentindo? Tem uma falta aqui hoje? Pô, não tem. Então por que agora, sozinho? É para descarregar uma energia, um estresse, uma ansiedade? E quando eu começo a questionar, a mente já está em outro lugar. Não preciso mais, já passou".
O ex-nadador passou por um longo processo nos últimos anos até conseguir superar algumas barreiras, e contou com pontos como terapias e leituras.
"As bebidas, as baladas, as compras, os vícios, a pornografia, as medalhas, os títulos, as dores, os traumas. Por quê? Porque esse é o grande sabor da piada no final", diz. "A risada que eu dou hoje de mim mesmo só é tão saborosa e tão gostosa, porque você olha para trás e fala: 'Meu Deus, não precisava daquilo tudo; mas precisou daquilo tudo'."