'Sou fora da caixinha': Medalhão do Braga tenta fugir do óbvio no futebol
Em um esporte onde boa parte dos atletas têm o perfil considerado como 'padrão', seja por estilo casual, hábitos ou opiniões, o volante Gabriel Girotto, ex-Corinthians, Palmeiras e hoje no Red Bull Bragantino, busca fugir do óbvio.
Influenciado pela NBA e o lifestyle norte-americano, o jogador deixa claro em entrevista ao UOL o que busca não só dentro das quatro linhas, mas também no seu dia a dia: ser autêntico.
Acredito que eu me vejo fora da caixinha. Mas é questão de personalidade de cada um, de estilo de vida, do que as pessoas gostam de fazer. Eu sou um cara nada acomodado, gosto de conhecer coisas novas, esportes diferentes, conhecer pessoas, países, cultura. Eu me vejo fora da caixinha, daquela coisa pragmática de que ser jogador de futebol tem um perfil. Eu tento sair um pouco disso, já venho implementando isso há anos, eu vejo que hoje as coisas já estão melhorando, até mesmo as opiniões de fora.
Gabriel, em entrevista ao UOL
Não é difícil de ver Gabriel compartilhando em suas redes sociais fotos assistindo NBA e NFL, esportes que faz questão de viajar até os Estados Unidos para acompanhar de perto. O volante, inclusive, é torcedor declarado do Oklahoma City Thunder e foi assistir às finais da competição in loco.
Eu gosto muito dos esportes americanos, como o NFL, NBA e o próprio golfe, e acabo vendo a personalidade dos caras, como vão para o jogo, principalmente na NFL e na NBA, que é uma coisa que eles mostram para o público e isso, principalmente lá (EUA) e no mundo, é visto de uma maneira legal. Mas será que no futebol isso seria visto de uma maneira legal, de uma maneira positiva? Acho que é por isso também que acaba limitando um pouco, até pela nossa cultura que foi implementada anteriormente e que nós carregamos até hoje. Eu também respeito isso, procuro sempre estar dentro dos padrões de regras, de tudo que os clubes implementam e como tem que seguir, mas eu acho que essa personalidade, esse estilo que eu vivo mais de vida e de até mesmo se vestir vem muito dos esportes americanos.
Gabriel vê um certo receio de companheiros de profissão em dar opiniões alheias, temendo a maneira como isso irá repercutir e, por causa disso, seguem um padrão - fato que o volante não vê como positivo e busca fugir disso.
"Eu acho que justamente por pensar na opinião do próximo. Isso acaba limitando muitas pessoas, limitando muitos jogadores a se expressar melhor, a falar uma coisa mais tranquila, mais aberta do que realmente aquela coisa pragmática. Nós somos seres humanos e cada um tem a sua opinião, acho que ela tem que ser respeitada. Lógico que com respeito pela opinião do próximo e pela pessoa também. Acho que é isso o que mais trava os atletas".
O jeito 'diferente' até proporcionou um novo hobby para Gabriel, que é jogar golfe. No seu tempo livre, o volante busca espairecer na modalidade, mas sem tirar o foco na sua principal função.
"Eu procuro viver como eu sou. Eu gosto de golfe, jogo quando dá. Lógico que eu não vou interferir no meu projeto de atleta de futebol, nos meus objetivos, não vou fazer nada fora que vai me prejudicar na minha performance ou vai tirar meu objetivo de ganhar no futebol, porque o futebol me deu tudo na vida, tudo que eu tenho hoje".
'Medalhão' do Red Bull Bragantino
Gabriel é um símbolo da mudança de mentalidade na equipe. Quem acompanha o dia a dia do clube afirma que a chegada do volante, hoje com 32 anos, mudou a mentalidade do elenco. Gabriel conquistou títulos pelos dois clubes da capital paulista e tem sido peça importante no elenco jovem do Massa Bruta.
No grupo, apenas o atacante Eduardo Sasha é mais velho que Gabriel. Os longos anos no futebol e os títulos fazem com que o jogador tenha um objetivo traçado no clube de Bragança Paulista: títulos.
"Eu vim para ganhar. Onde eu estou, quero fazer história e ganhar. Acho que é essa a mentalidade, isso nunca saiu dentro de mim e não vai sair. Essa ambição de querer ser o melhor. Aqui é um clube que nós temos uma estrutura que nos proporciona ser o melhor. Isso realmente é uma construção, é um projeto ambicioso, como eu disse, a gente não está aqui para ficar tranquilo, quem vem aqui tem que vir para realmente brigar por título. É uma mentalidade que eu sempre trouxe comigo, procuro também implementar dentro do clube, não só eu, mas o clube já tem esses objetivos e isso facilitou a minha escolha por estar aqui".
A campanha de destaque do Bragantino neste início de Brasileirão não é uma surpresa para quem trabalha no dia a dia do clube. O time brigou contra o rebaixamento no ano passado, mas agora conta com um elenco reforçado e um "CT europeu", que acabou de completar um ano e ajudou na opção do volante em escolher o projeto do Massa Bruta.
"(O CT do Red Bull Bragantino) foi um dos fatores da minha escolha para vir para cá. Eu já conhecia de fora, mas quem realmente está dentro vê como é o dia a dia, como as coisas funcionam, realmente tem uma impressão ainda melhor. Foi uma das coisas que me atraiu bastante, pode ter certeza. Também a ambição do clube, os projetos que o clube tem. A gente sabe que o Red Bull Bragantino é um clube jovem, mas é um clube que vem caminhando realmente para conquistar coisas grandes".