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Filipe Luís tira coelhos da cartola e é crucial em virada do Flamengo

Filipe Luís, técnico do Flamengo, durante jogo contra o Chelsea no Mundial - Image Photo Agency/Getty Images
Filipe Luís, técnico do Flamengo, durante jogo contra o Chelsea no Mundial Imagem: Image Photo Agency/Getty Images
do UOL

Do UOL, no Rio de Janeiro

21/06/2025 05h30

Filipe Luís é daqueles que passa um tempão estudando. O lado "nerd" voltado para o futebol tem dado resultado na função de treinador do Flamengo. A virada sobre o Chelsea, no Mundial de Clubes, é um dos exemplos máximos disso.

Ele conseguiu unir o conhecimento que tem do elenco, o contraponto necessário ao estilo do adversário e o que tem de ideia própria de futebol.

Jogo ofensivo, propositivo e com intensidade na frente. Ele não nega a base de Jorge Jesus nisso tudo.

E essa profundidade do trabalho de Filipe Luís — que já rendeu três títulos à frente do Flamengo — por vezes gera soluções "fora da lógica". Aparentemente.

Na prática, o time de Filipe ofereceu alternativas e soluções adequadas para o jogo contra o Chelsea, tanto que superou a trapalhada de Wesley no primeiro tempo para "botar os ingleses na roda" e virar na etapa final.

"Tenho todos à disposição. Tento escolher o que acredito que são os melhores, em função do adversário pela frente. Às vezes vão ser um, outras vezes vão ser outros. Eu tenho muito mais informação do que vocês no dia a dia, os detalhes micro do jogo. Em função da técnica ou da tática", explicou o técnico do Flamengo após a partida.

Quais decisões foram cruciais?

Wesley na lateral direita no lugar de Varela

Danilo no lugar de Léo Ortiz

Bruno Henrique no lugar de Arrascaeta no segundo tempo

Como entender?

Uma dessas escolhas foi a do próprio Wesley. Não que o jovem lateral fosse um problema em si. Mas Varela, muito mais experiente e rodado, vem em boa fase.

Mas Wesley é um jogador mais intenso, agudo e veloz. Tanto para atacar quanto para ir atrás dos pontas adversários. Por mais que tenha feito a trapalhada que gerou o 1 a 0 do adversário, ganhou vários duelos defensivos, "forçou" amarelo de quem o marcava e foi válvula de escape importante.

"Ele cometeu um erro por algo que eu pedi a ele. Eu peço a todos para controlar as bolas longas. Ele cometeu um erro, mas não parou de jogar. Isso é o que me deixa mais orgulhoso hoje", disse Felipe.

Outra mudança foi na zaga. Danilo começou como titular. Quem acabou no banco foi Léo Ortiz — zagueiro de seleção e um dos mais admirados do time atual.

Felipe revelou um detalhe. Até o último instante, ficou em dúvida se tiraria Léo Pereira para deixar Ortiz como titular. Preferiu o primeiro, por ser canhoto. Quanto a Danilo? Fez o gol da virada, concretizando o tiro certo do técnico.

"A linha é fina, mas as convicções precisam ser seguidas", resumiu Filipe.

A terceira mudança substancial foi no atacante. Ainda na escalação inicial, mas sobretudo durante o segundo tempo.

Primeiro, nem Pedro e nem Bruno Henrique foram titulares.

Plata começou jogando, em um recado claro de que a proposta do Flamengo seria apostar em quem corria mais, dava mais intensidade.

Quando precisava reagir, sacou Arrascaeta — que vive grande fase pelo Flamengo e já tinha feito gol na estreia, contra o Espérance.

Bruno Henrique, então, foi a campo. O time ficaria menos criativo? Não foi isso o que se viu. Contra o Chelsea, veio a virada.

"Todos sabemos que o Bruno cresce em jogos grandes. Ele pressiona, corre, segura bola, sustenta, ataca espaço. Muitas vezes outro companheiro joga melhor pelo Bruno estar no campo. Ele tem todas as valências de um jogador de elite. O jogo estava pedindo perna, pressão. O Chelsea estava conseguindo ter mais a bola, a pressão ficou um pouco mais atrasada. Sabia que ele daria o avanço no território", completou o treinador.

Não por acaso, Filipe usou um termo que remete a um jogo de tabuleiro. Nesse "War", ou melhor, nessa guerra pela vitória, a estratégia funcionou muito bem. Mas ainda falta muito para ganhar o mundo todo.