Vai de Bet: Corinthians cita 'sumiço' de documentos após invasão no clube

O Corinthians notificou à Polícia Civil, nos autos do inquérito da Vai de Bet, sobre o receio de documentos sigilosos — que possam impactar na investigação — terem sido subtraídos ou acessados indevidamente em 31 de maio, dia em que Augusto Melo e seus aliados invadiram o prédio administrativo do clube para tentar retomar o poder.
O que aconteceu
O UOL apurou que o clube, vítima no inquérito, notificou as autoridades sobre a entrada não autorizada de Augusto e seus apoiadores na sala da presidência do Timão, no fim do mês passado. Naquela ocasião, Melo exigia a saída do presidente em exercício, Osmar Stábile, com base em uma manobra estatutária. A confusão durou algumas horas.
Neste contexto, o Corinthians também ponderou sobre uma eventual necessidade de adoção de medidas cautelares para proteger a instituição. Só em junho, Augusto teve ao menos três liminares, com o objetivo de recolocá-lo na cadeira de presidente, rejeitadas por tribunais de São Paulo.
Em resposta à cautelar, o delegado Tiago Fernando Correia, que conduz a investigação, apontou que os assuntos políticos devem ser tratados internamente. Caso não se encontre uma resolução satisfatória com base no estatuto, o clube deve buscar o Poder Judiciário.
Nas últimas semanas, Melo tem concedido uma série de entrevistas, nas quais afirma ainda ser presidente do Corinthians. Porém, em 26 de maio, o Conselho Deliberativo do Timão votou a favor do impeachment por ampla maioria, em decorrência das irregularidades encontradas no patrocínio da Vai de Bet e seu indiciamento.
No dia 9 de agosto, a assembleia de associados votará a última instância do impeachment. Os associados do clube, portanto, serão responsáveis por ratificar ou não a decisão do Conselho. Se sócios endossarem que ele deve deixar o cargo, o mandatário será definitivamente destituído. Caso contrário, ele será reconduzido ao cargo.
Reta final e 'chamada' do delegado
A reportagem também apurou que o inquérito deve ter o relatório final publicado até quarta-feira. A investigação corre desde maio do ano passado.
O prazo para a conclusão se esgotou no último dia 20, mas questões externas ao trabalho investigativo alongaram o encerramento. Dentre os pontos, dois foram os principais responsáveis por retardar o processo:
- A apreciação da Justiça para que a defesa de Yun Ki Lee, ex-diretor jurídico do Corinthians, que também é investigado, tivesse acesso aos autos. Na última sexta-feira, a juíza Marcia Mayumi Okoda Oshiro concedeu acesso;
- O alto número de petições dos diversos advogados da defesa de Augusto Melo. A situação até gerou uma "chamada de atenção" do delegado aos representantes do dirigente.