Sucesso da WSL Brasil contrasta com pressão constante sobre matriz global

É fácil encontrar críticas à WSL global: decisões de julgamento polêmicas, mudanças de calendário, escolhas questionáveis de etapas, formato das divisões de acesso... Mas se há um lugar onde a liga parece ter acertado o caminho — pelo menos fora d'água — é no Brasil.
A renovação com o Banco do Brasil até 2027, anunciada semana passada, é uma prova disso. Segundo a própria entidade, trata-se do maior contrato da história do surfe na América Latina. Um feito que não surgiu do acaso: a WSL Brasil vem, nos últimos anos, construindo um produto comercial forte, com alto engajamento de público e um ecossistema de marcas cada vez mais envolvido.
É só olhar para Saquarema. A etapa brasileira do Circuito Mundial se transformou em um dos eventos mais importantes do calendário - pelo menos fora do mar.
Em 2023, foram 300 mil pessoas passando pela Praia de Itaúna. Em 2024, o movimento já parecia maior antes mesmo de o campeonato começar. Foram 15 marcas patrocinadoras, ativações por toda a cidade e um clima de festival que vai além do surfe competitivo.
É claro que o modelo não é perfeito. O excesso de ações pode, às vezes, desviar o foco do esporte, e nem todo mundo está 100% satisfeito com o formato adotado. Mas é inegável que existe uma estratégia bem executada para transformar o evento em algo mais amplo — e isso tem dado resultado.
Outro pilar importante é o Circuito Banco do Brasil de Surfe, que segue firme como principal vitrine de novos talentos do país. Desde 2022, a competição já passou por nove cidades e revelou quase 300 surfistas que estrearam profissionalmente. Além de fomentar o alto rendimento, o circuito também leva o surfe a novos públicos e reforça o compromisso com causas sociais e ambientais.
A soma desses fatores explica o momento positivo da operação brasileira. Como uma vez disse Ivan Martinho, presidente da WSL América Latina, trata-se de um ciclo virtuoso: quando o público participa, as marcas se interessam — e isso retroalimenta toda a estrutura do evento.
Enquanto a sede global da WSL tenta se reequilibrar em meio a críticas e constantes pressões, o Brasil mostra que é possível entregar um projeto sólido, popular e comercialmente viável. Dentro d'água já somos protagonistas há tempos. Agora, fora dela, também estamos ditando tendências.