Brasil vê aumento de 'estrangeiros' no wrestling: 'Calendário confiável'

A Confederação Brasileira de Wrestling realizou seletiva para o Pan-Americano sub-20 da modalidade e um dado chamou a atenção: cinco atletas classificados residem e treinam fora do país.
A "queda" de fronteiras ocorre em meio a resultados expressivos, como a quinta colocação de Giullia Penalber em Paris-2024, melhor resultado do Brasil na história dos Jogos.
Começou com o Cesar Alvan, que treina no New York City. Depois, veio o irmão dele e começaram a vir outros. Todos têm passaporte brasileiro. Acho que isso tem acontecido por nosso calendário ser confiável. Antes, não era confiável, os eventos tinham menos visibilidade. Hoje, fazemos mais de 20 eventos por ano e, no ano anterior, já registramos no calendário, o que facilita para quem vive em outro país planejar e poder vir.
Flavio Cabral Neves, presidente da CBW
"E as regras de classificação são bem claras. Não tem aquela dificuldade de poder ganhar, mas depois não ficar com a vaga. Isso deu uma segurança para esses brasileiros que moram fora", completou.
Caio Aron, que mora no Texas, garantiu vaga no Estilo Livre até 57 kg, e Kyle Oliveira, que reside no Alabama, no Estilo Livre 97 kg. Eduarda Batista, também do Alabama, carimbou o passaporte no Estilo Livre 68 kg, enquanto Benjamin Zuckerman, de Connecticut, no Estilo Livre 65 kg. Já Marco Christiansen, que mora em Minnesota, levou no Estilo Livre 86 kg.
O Pan-Americano sub-20 vai ser realizado entre os dias 10 e 12 de julho, em Lima, no Peru.
Flavio Neves admite que a confederação não esperava a procura da forma que aconteceu. "Nos surpreendeu que tantos nos procurassem e quisessem participar. E o Estilo Livre é que há mais tradição nos Estados Unidos. É uma situação diferente para a confederação, mas que está sendo produtiva".
O mandatário avalia pontos positivos no intercâmbio entre as culturas esportivas. "É fundamental, como em qualquer esporte. Eles, quando vêm pra cá, normalmente, trazem os treinadores, que na maioria das vezes são norte-americanos que têm muita vivência no wrestling, e fazem esse intercâmbio com nossos treinadores. Nos Estados Unidos, o wrestling é uma modalidade de escola. Eles começam desde pequenos e há certas habilidades que eles aprendem muito cedo e que aqui começamos mais tarde".
Neves brinca que esse movimento mudou a maneira como a confederação passou a acompanhar os campeonatos no exterior, principalmente nos Estados Unidos.
Sempre acompanhamos e observamos. Os torneios nos Estados Unidos são muito grandes e famosos. Não há um mapeamento específico, mas, agora começamos a procurar os sobrenomes para saber se são brasileiros que estão competindo lá (risos).
O que mais ele falou
Ciclo para Los Angles-2028: "Pretendemos continuar com os atletas que estavam para Paris, e também temos uma nova geração de atletas que se classificaram agora no Pan-Americano. A Thaís [Tertuliano] e o Kauan [Gomes], que foi medalhista no Campeonato Pan-Americano sub-23, são apostas nossas para o próximo ciclo".
No caso da Giullia Penalber, há algum planejamento específico? "Na verdade, a confederação brasileira teve o melhor ciclo da história. Conquistamos duas medalhas de ouro nos últimos Jogos Pan-Americanos. Tivemos uma prata e um bronze na luta greco-romana... Tínhamos obtido uma prata em 2007, no Rio de Janeiro, mas em uma situação totalmente diferente. Tivemos resultados bem grandes, e culminou com o quinto lugar da Giulia [em Paris-2024], quando ela disputou medalha. No wrestling são duas medalhas de bronze, quem perde a disputa de medalha fica em quinto lugar. Estamos planejando o wrestling como um todo. Vamos verificar os próximos resultados do Campeonato Pan-Americano e do Mundial. A partir daí, criar os programas específicos. Acreditamos que cada atleta tem uma necessidade diferente e vamos observar isso".