César Sampaio chora e sonha com chance no Santos: 'Vamos ver quanto dura'
O auxiliar e interino César Sampaio se emocionou durante entrevista coletiva e se mostrou esperançoso por uma chance como treinador efetivo do Santos após a saída de Pedro Caixinha.
O que aconteceu
César Sampaio parou a entrevista para chorar após a vitória por 2 a 0 sobre o Atlético-MG nesta quarta-feira, na Vila Belmiro.
O auxiliar disse que Deus tem um propósito para ele e demonstrou o desejo de ser o treinador do Santos após a saída de Pedro Caixinha.
O Santos tentou Dorival Júnior, Jorge Sampaoli, Luis Castro e Tite, sem sucesso, e agora reavalia o mercado. Enquanto isso, Sampaio deve comandar o Peixe contra o São Paulo, no clássico de domingo, no Morumbi.
Vamos ver quanto dura isso. Estou muito feliz com o que aconteceu hoje. Vamos preparar bem o amanhã para eu atender às exigências do elenco César Sampaio
Veja a entrevista coletiva na íntegra
Jogo e Neymar
"Infelizmente, sim [mesma coxa]. Ainda é muito precoce dar uma posição, não temos um diagnóstico. Isso será feito amanhã. É uma perda importantíssima para um jogo onde o que planejamos vinha acontecendo. As substituições sustentaram. É orar para que ele não fique ausente muito tempo. E preparar as reposições para suprirmos nesse intervalo de tempo enquanto estiver fora".
Análise da partida
"Até então o que planejamos vinha acontecendo. Sem o Ney, perdemos um pouco da qualidade na nossa criação. Colocamos o Rollheiser com uma característica próxima ao Neymar, mas não conseguimos sustentar, fazer a aproximação com o Tiquinho para ter superioridade no meio-campo. Ficamos dependentes de jogadas individuais do Barreal e Guilherme. Sustentamos a primeira parte, depois o Atlético aposta na imposição técnica, num grupo com mais tempo de trabalho e conexões. Essa competição está muito igual, assistindo qualquer jogo você vai ver. O retrospecto nosso faz com que um gol pesasse muito. Usamos o estilo conservador na transição por isso. Não gosto desse jeito de jogar, mas em alguns momentos vai ser preciso".
Marcação em bloco médio
"Era importante recuperar a confiança dos atletas. Na minha opinião, essa pressão individual, quando batida, corre-se o risco e tem que compensar. Na pressão por zona, sempre temos os paraquedas se der errado. Pode induzir para um lado e outro. E para deixar o Ney mais em função de criação, construção, finalização mais na parte ofensiva, dependendo menos na parte defensiva por ser um diferencial técnico. Foi por isso. E depois temos que aceitar o que o jogo pede e fizemos um jogo de transição".
Diagnóstico
"É não tomar gol. O gol pesa muito nesse momento no emocional nosso, nas estratégias todas. Confesso que a prioridade hoje era sustentar, estar organizado, ocupando os espaços de forma correta. É impossível neutralizar o ataque do Atlético com essa qualidade. Scarpa conectado com Rony e Hulk, tem que respeitar. Brazão fez duas defesas importantes. Em um geral estivemos bem estruturados, defendendo de forma organizada, e isso gerou confiança aos atletas".
Futuro
"De verdade eu já sou [risos]. Estou por dentro maluco, esse clube deu vazão aos meus sonhos. Tinha muita responsabilidade, sonhos. E o Santos me proporcionou o que eu nem imaginava. Eu falei para os atletas que o amanhã não existe. Ninguém pode te certificar nada. Vou viver o hoje 100%, pedi para os atletas viverem o hoje. A vida é uma dádiva de Deus mesmo. Até em forma de gratidão ao que o Santos me proporcionou, enquanto eu for importante, vou ajudar independentemente do cargo, departamento, setor. Vamos viver o dia a dia".
Conexão com o torcedor
"O torcedor às vezes nem percebe a força que tem. Eu digo como ex-atleta. Emocionalmente, fisicamente, destruído? Ao ouvir um grito, uma palavra de incentivo em um lance assertivo, isso renova as cargas, já passei muito por isso. O torcedor foi importantíssimo. Eu não gosto de misturar as coisas, mas foi Deus que me colocou aqui. E ele tem um propósito nisso [pausa para chorar]. Enquanto estiver aqui vou fazer meu melhor, estudar. Peguei o Axel do sub-20, tudo muito corrido. O Raphael, Gabriel, Felipe, Matheus? Acho interessante dar nome às pessoas. Neymar foi muito importante, Rincón com sua experiência. É uma vitória construída por todos, isso fortalece muito o grupo. Em todas as equipes que joguei eu fui capitão. Eu sei o quanto essa mobilização ganha jogo. Não é só isso, lógico, mas hoje foi um pouco de tudo isso. Estratégia legal, abraçaram a causa, torcedor foi importante. Se um falhar, é chance que damos à derrota. Precisamos do máximo de cada um, o campeonato é muito igual. Temos uma equipe qualificada desde que cada um entregue o melhor a cada jogo e a cada treino. Basso e João Paulo também. Pedi para que quem estivesse no banco de reservas passasse essa energia. Fiz as minhas escolhas, foi uma vitória do grupo".
Desempenho defensivo
"É um trabalho mais convencional. Não podíamos mudar muita coisa. Isso traz insegurança. O novo pode ser bonito, mas mais do que a beleza é essa estrutura. Preservei nesse primeiro momento a ideia de não tomar gol. Enquanto estivéssemos estruturados, tivéssemos essa ideia defensiva construída, estaríamos vivos. O gol tem pesado muito. Gratidão aos atletas. Não vou citar nomes, porque vocês olham o que as câmeras apresentam, mas vemos o dia a dia e há pessoas de fundamental importância. Vou falar do Muscula, um homem muito importante. Monta e desmonta o CT e trabalha sorrindo. Falei que eu falaria dele na entrevista, ele disse para eu não falar. É o prazer de estar aqui. Quem se sente bem acaba sendo pró-ativo, criativo. Foi um pouco de tudo que vimos aqui hoje".
Importância da primeira vitória pré-clássico
"Agradeço ao torcedor. Eles foram importantes em tudo isso. É só o começo de algo grande. Passa por a gente comemorar, sim, temos que desfrutar. Eu disse aos atletas que precisam ter uma vida de atleta dentro e fora de campo para que possam performar. A excelência é hábito, principalmente nessa sequência de jogos. Um dia não bem estruturado vai pesar, vai faltar no momento da execução. É muita renúncia. Tenho renunciado algumas coisas para estar aqui desde que o Pedro me ligou. As noites ficaram mais curtas, nesses dois dias acordei na madrugada algumas vezes. Mas não tem mistério. Se você quer algo diferente na nossa vida, tem que renunciar, abrir mão de algo. Tenho plantado isso para eles. Não temos uma equipe tecnicamente acima do que o campeonato vem apresentando, então vamos precisar do máximo de cada um".
Mudança para o clássico?
"Foi um 4-2-3-1 com bola e um 4-4-2 sem bola. Com as pressões e gatilhos pelas laterais. Até o momento em que o Neymar sustentou. Depois fizemos dois ajustes. Estou aqui para servir ao Santos, vou reiterar: me sinto importante aqui. Aos poucos os atletas vão me conhecendo também. Mesmo tendo essa história, nem todos me conhecem como atleta e agora como treinador. Eu como auxiliar em nenhum momento quis passar por cima dos meus superiores. A comissão do Caixinha me tratou muito bem, me aceitou muito bem. É um momento oportuno para agradecer. O futebol não tem certo ou errado, vim mais de um modelo na seleção com o Tite e no Flamengo, mais convencional, mais zonal. E eles tinham um modelo um pouco mais de referência individual, de marcação individual em modelo mais agressivo. Pude conhecer mais desse modelo, aprender hoje e entendo que em determinados momentos dá para utilizar um pouco de um e de outro. No dia a dia o trabalho meu e nosso da comissão é analisar as forças e as fraquezas de quem a gente vai enfrentar e desenvolver mecanismos para neutralizar as forças e explorar as fraquezas. E é um jogo de xadrez mesmo como foi hoje. Vamos ver quanto dura isso. Estou muito feliz com o que aconteceu hoje. Vamos preparar bem o amanhã para eu atender às exigências do elenco".