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Marquinhos sobre Argentina x Brasil: 'É o tipo de jogo que a gente gosta'

Marquinhos, zagueiro da seleção brasileira - Igor Siqueira/UOL
Marquinhos, zagueiro da seleção brasileira Imagem: Igor Siqueira/UOL
do UOL

Do UOL, em Brasília

23/03/2025 13h41

Capitão da seleção brasileira atualmente, o zagueiro Marquinhos admitiu que espera um jogo tenso contra a Argentina, terça-feira, em Buenos Aires, pelas Eliminatórias. Ao longo da coletiva de hoje, em Brasília, o defensor apontou alguns detalhes para os quais a equipe de Dorival precisa se atentar. Mas admitiu: é desse tipo de jogo que ele gosta.

"Argentina x Brasil é sempre um clássico à parte, muita história envolvida, muitos confrontos. Todos que eu joguei não foram diferentes disso, aguerrido, de contato, de duelo. As equipes se matam a cada bola dentro de campo. Esse jogo de terça não vai ser diferente. Duas equipes que vivem momentos diferentes, uma Argentina recém-campeã do mundo, com mais estabilidade no trabalho, a gente vindo de mudanças, se encaixando, se entendendo no estilo de jogo. Crescendo a cada partida, a cada oportunidade de estar aqui. Independentemente do momento das seleções, vai ser sempre um jogo difícil, jogo muito bom. Quem sonha em estar na seleção gosta desse tipo de jogo. Motivação é fácil para todos que estamos aqui em um jogo como esse. É preparar da melhor forma para buscar resultado positivo. Crescer, fazer bom jogo, ganhar confiança".

Clima de Libertadores. "Pela história nunca foi diferente. Todos os jogos lá sempre tem energia de Libertadores. Já faz um tempo para mim, mas sempre teve essa energia, independentemente do lugar. É sempre gostoso, mesmo que não seja na nossa casa. É ambiente de Libertadores, eu conheço pelo clube e muito pela seleção. Não é nada novo. Apesar de ser um ambiente pesado e hostil, estamos preparados para isso. Temos que estar tranquilos para fazer um grande jogo".

Quase seis anos sem vencer a Argentina. "É sempre um objetivo nosso. Nunca vamos nos acostumar a não ganhar da Argentina. Dessa vez não é diferente. Estamos nos preparando da melhor forma, chegou a hora de ganhar, já faz um tempo que não ganhamos. Não vai ser nada dado em campo, será difícil, temos que estar no melhor dia tecnicamente, taticamente e mentalmente. São momentos diferentes das duas seleções, mas nunca vai ser um jogo qualquer. Essa é a mentalidade, a motivação, a energia que temos que levar. Temos que estar preparados para um grande jogo e se Deus quiser trazer essa vitória".

O que mais Marquinhos disse

Mudanças no setor defensivo

"É um desafio. Temos que trabalhar com as cartas que temos na manga. Perdemos alguns jogadores por suspensão e lesão, algumas outras coisas, mas no jogo passado todos que entraram mostraram o real valor. Agregaram muito no fim do segundo tempo, trazendo algo a mais. Oportunidades acontecem assim, aconteceu comigo, onde pude aproveitar. É aproveitar da melhor forma. Momento de mudança, muita coisa mudando. Jogadores novos, com pouca rodagem. Muitos novos jogadores vindo também. Isso dá experiência, são oportunidades de ouro. Estamos bem tranquilos. Todos estão aqui por merecerem, têm rodagem nos clubes. Podem ser jovens, não vieram muito, mas têm rodagem em clube, sabem como é o futebol sul-americano. Passamos tranquilidade para que eles estejam na melhor forma".

Liderança e faixa de capitão

"A diferença maior é levar a braçadeira. Dentro de um time, no clube e na seleção, existem lideranças sem braçadeira. Muda pouca coisa, usando a braçadeira ou não vou sempre entregar o melhor, falando, motivando, passando uma palavra. Muda mesmo é ir ali tirar o cara ou coroa, falar mais no vestiário, mas estamos sempre ativos. Existem lideranças sem braçadeira, mas que são fortes em um grupo. Liderança defensiva, liderança ofensiva, liderança de talento. São muitas lideranças em um grupo. Usar braçadeira é simples detalhe de cara ou coroa".

Ambiente

"Aqui na seleção é muito importante essa questão de resultados. Não temos muito tempo para trabalhar, para estar junto. Não estávamos treinando há quatro meses. Dois ou três treinos para o jogo, sabíamos da importância de vencer após dois empates. Víamos a colocação na tabela e precisávamos vencer. Tirou o peso, subimos um pouco na tabela, vencemos após dois empates. Tem coisa boa no empate, coisas para melhorar também, essa vitória trouxe essa tranquilidade a tirar peso dos dois empates e subir um pouco na tabela. Mas nunca estaremos satisfeitos na seleção, talvez relaxar, não existe aqui e nem nos clubes. Futebol é dinâmico, rápido, tem que sempre melhorar, evoluir. Essa busca da melhora, da evolução tem que ser insaciável. Estamos nesse momento agora. Se pegarmos o começo do trabalho do Dorival, estamos numa crescente, melhorando. Precisamos melhorar muito, buscando evolução constante, independentemente dos resultados".

Meio-campo - inferioridade no setor

"Essa é uma das forças que eles têm. É tudo uma questão de estratégia a ser trabalhada. O professor analisou bem esse time da Argentina, vai colocar estratégias em prática nos treinamentos e vamos executar da melhor forma no jogo. Não sei ainda, não posso falar o que já sei, eles não vão falar também. Não sabemos ainda. Teremos nossa estratégia, eles terão as deles. Será como uma luta de boxe. Nossas forças contra as deles, uma luta, uma guerra. Vamos tomar nossas medidas para sairmos vencedores. É um ponto forte deles, temos que tomar cuidado. Fisicamente fortes, perde e pressiona muito forte. Temos que evitar erros que cometemos contra a Colômbia, de perdas de bola. Pequenos detalhes fazem diferente em um jogo assim".

Como não perder a cabeça?

"Esse também é um lado importante a se levar para o jogo. Por experiência falando, eles tentam desestabilizar no jogo emocional, contato físico. Conhecemos o estilo deles. Os juízes estão rapidamente nos dando cartões por pouca coisa, foi assim contra a Colômbia, eles não tomaram amarelo em sucessão de faltas e nós tomamos na primeira. Contra a Argentina teve contato, coisa muito pior e não houve amarelo também. Temos que tomar cuidado, são dois pesos e duas medidas. Sabemos muito bem como são Eliminatórias, essas competições. Nosso forte é jogar bola, vamos lutar, a cada bola como se fosse a última. Temos que explorar cada vez mais nosso ponto forte, não deixar que nos desestabilizem, juiz pendendo para um lado. Vamos falar e focar nisso para conseguirmos o resultado da nossa maneira".

Wesley na estreia

"Wesley entrou muito bem, trouxe aquele algo a mais que precisávamos, assim como Savinho, Cunha, todos que entraram. Isso faz diferença. Fico feliz por um menino começar com tanta personalidade, energia, velocidade, trazendo tudo que pode trazer. Que tenha sabedoria, tranquilidade. Na nossa carreira vivemos de altos e baixos, muitas emoções rápidas. Que seja muito feliz, que tenha tranquilidade. Falei para ele jogar tranquilo, como se estivesse no Flamengo. Não sentiu a camisa da seleção, que continue assim porque temos a ganhar. Que ele esteja bem, assim só temos a ganhar".

Autoestima maior depois da Colômbia

"Espero que sim. Em outros momentos a bola bateria na trave e sairia [do Vini]. Com trabalho, com honestidade, fazendo as coisas bem feitas, tendo mais chances, mais posse, jogando mais no campo que o adversário… Colômbia teve chances, mas o Brasil teve mais. 14 finalizações, com sete ou oito no gol. Vemos evolução em relação à Copa América, com muito menos chances. Futebol é isso, falam que o Brasil está devendo, que está abaixo, mas vemos evoluções, vemos coisas boas e os números mostram: posse, finalizações e o expected goals que muitos falam. Números mostram que o chute do Vini bateu e entrou não à toa, não foi mera coincidência. Foi isso que aconteceu. Esse gol, essa virada de chave, mostram evolução, confiança, as certezas boas e ruins que temos. Saber o que pode melhorar também é importante. Esse momento mostra isso. Temos nos conhecido mais, Dorival sabe melhor quem tem nas mãos, entende as peças. As mudanças dele trouxeram algo a mais. É tudo uma fórmula, um acúmulo de coisas que vêm melhorando e que deu certo no chute do Vini ali".

Raphinha

"Raphinha é um fenômeno. Do jogador vocês veem o potencial, tudo que pode fazer, e a gente já via internamente na seleção. Víamos o quanto é importante, o esforço, mentalidade, liderança. Eu vinha falando na resposta anterior das lideranças não vistas. Hoje enxergam liderança do Raphinha, mas a gente já enxergava lá atrás, ele recém-chegado tinha liderança física, defensiva para o ataque, no ataque também. Sempre chamou responsabilidade em campo, no vestiário, sempre falando, sempre nas reuniões. Coisas que não viam externamente e que a gente já via. É um grande amigo que tenho, como jogador não preciso falar, ele luta pela Bola de Ouro se continuar assim, vai ser um dos grandes candidatos. Como pessoa é excelente, dia a dia maravilhoso, muito inteligente, sempre com palavras oportunas. Ele transmite isso, foi num gesto como o Vini que mostra como é líder, um dos capitães também. O quanto é importante. Um grupo é feito disso, não pensar apenas em si mesmo. Ele pensou no grupo, estava do outro lado e correu cheio de cãibra para levar o Vini, que caiu na real e saiu por ali. Cunha foi junto também. São jogadores assim que formam um grupo, que fazem um grupo forte".

Mudança no posicionamento dos laterais - saída com três ou com quatro

"Foi uma estratégia que trouxemos para o jogo. Sempre temos um lateral que fica mais, mas com análise do adversário, nossa estratégia era explorar lado do campo. Explorar as costas dos atacantes, eles pressionam mais a saída e tiram passe do lateral. Queríamos explorar as costas dos laterais, fazendo que o meio pressionasse nos laterais, balançando o time para pegar o outro lado sozinho. Foi uma estratégia que deu muito certo, depois eles subiram o James e encaixaram. Ainda existia espaço vendo nos vídeos, faltou mais conjunto para sair da pressão. São momentos, estratégias, podemos melhorar para os próximos jogos, entender melhor nossa estratégia e saber adaptar se corrigirem para sair da dificuldade. Faltou no fim do primeiro tempo para não tomar gol em momento de dificuldade. A gente sempre vinha com formação de saída de três, mas mudamos para esse jogo, fazendo o volante deles sair mais para defender as costas dos atacantes, abrindo meio ou lado oposto".

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