Presidente da LFU admite conversa para união com Libra: 'Desejo real'
Presidente da Liga Forte União (LFU), Marcelo Paz admitiu que existe o "desejo real" de uma união com a Liga do Futebol Brasileiro (Libra). O CEO do Fortaleza indicou, porém, que ainda não há prazos no debate.
Estamos conversando, sim, nos bastidores, telefonemas, chamadas de vídeo... Existe uma real intenção de criarmos uma entidade única e criar a liga de clubes. Não tem prazo ainda. Pode ser em 2027, não sei se antes, acho difícil, mas existe o desejo real dos clubes de dar esse passo, de unificar, porque ficamos muito mais fortes, podemos maximizar ainda mais as receitas, melhorar o produto. É o que já se faz em outros lugares do mundo, não estamos inventando a roda. É assim que funciona na Itália, na Alemanha, na Espanha, na Inglaterra, nos Estados Unidos, na França. Então, temos potencial para fazer isso também, mas precisamos dessa unificação que está caminhando para isso Marcelo Paz
O que aconteceu
Paz citou que os clubes vão estar juntos no Conselho Técnico da Série A, na CBF, nesta quarta-feira. Além disso, ressaltou que houve uma reunião ontem na sede do Flamengo, na Gávea, no Rio de Janeiro.
"Temos 33 clubes na Liga Forte União. Temos essa intenção de criar a Liga Unificada de Clubes. Queremos nos juntar com a Libra, que é uma entidade muito forte, tem clubes gigantes como Flamengo, Palmeiras, São Paulo, Grêmio, Atlético-MG, entre outros. Estamos conversando", disse
Os obstáculos acho que estão bem superados, que era a questão comercial, como dividir o dinheiro. Como os dois blocos já venderam seus direitos comerciais para os próximos cinco anos, então não tem a discussão do dinheiro agora. A discussão é operacional, é cooperativa, é gestão. Acho que isso facilita muito. E até no financeiro já estamos dando passos. Um deles é a Série B, que tem 16 clubes da LFU e quatro da Libra, e já vai vender junto. Os direitos internacionais já queremos vender juntos. Então, acho que está em um bom momento para que isso possa avançar Marcelo Paz
Marcelo Paz participou da primeira edição da CBC & Clubes Expo. O evento acontece em Campinas, entre os dias 11 e 15 deste mês, e conta com a presença de medalhistas olímpicos.
O CEO do Leão apresentou a palestra "Os onze titulares da boa gestão". Ele contou a trajetória à frente do Fortaleza, quando o time saiu da Série C do Brasileiro e alcançou resultados expressivos, como a final da Sul-Americana.
O que mais ele falou?
Conversa para renovação de Vojvoda? "Contrato vai até o final do ano, mas ele sabe do nosso desejo pela permanência dele. Na hora certa, vamos conversar."
Fortaleza sonha com estádio próprio? "O investimento é muito alto, custo de manutenção ainda maior. Desconheço arena no Brasil em que a operação se pague, e é uma conta muito simples de entender. Qualquer grande espaço você tem de ocupar, por ano, 250, 300 dias. Não tem como um estádio ter esse volume de jogo. Vai ocupar 50, vão ter shows, outros eventos... Difícil essa conta fechar. Não está nos nossos planos. E jogamos em uma estádio excelente, a Arena Castelão tem tudo. A nossa casa é a Arena Castelão."
Você começa e termina a palestra citando seu filho, Marcel. Por quê? "Acho que precisamos humanizar as relações, humanizar o esporte, O futebol, às vezes, embrutece as pessoas, as pessoas ficam mais grossas, há aquela disputa, adrenalina o tempo todo brigando um com o outro. E futebol tem paixão, futebol tem família, futebol tem envolvimento, e o dirigente tem essas características. O Marcel, meu filho, acompanhou a minha trajetória. Quando eu entrei lá, com 31 anos de idade, ele era um garotinho de 6 anos de idade e foi se formando como torcedor, entendendo o que era o futebol com o pai dentro do clube, ganhando e perdendo, sofrendo e sorrindo. Então, é contar essa história através também do olhar de uma criança que se tornou adolescente e que hoje tem orgulho do que foi feito, tem orgulho do time que ele torce, das coisas que a gente conquistou. Acho que, quando vamos contar essa história, é legal passar por isso."
Como você chamaria esse crescimento do Fortaleza, com uma SAF sem aporte? "É orgânico. O crescimento do Fortaleza foi 100% orgânico. Como não houve investimento externo, foi com as próprias pernas crescendo esportivamente, participando de melhores competições, ganhando cotas de direito de transmissão, porque chega na Série A e fica na Série A, jogar uma Libertadores da América, avançar em Copa do Brasil, passa a revelar mais jogadores, vender melhor os seus jogadores, passa a ter um tíquete maior de sócio-torcedor, um tíquete maior de bilheteria, de produtos licenciados... Então, foi um crescimento, de fato, orgânico dentro do que já tinha de linha de receita do clube."
O que fez o Fortaleza virar a chave? "Acho que tem dois pontos. Primeiramente, desde lá do início, entendemos que tinha de trabalhar de maneira profissional, fazer gestão profissional, escolher pessoas competentes, ter planejamento estratégico, métricas e objetivos. Ser resiliente na hora das dificuldades, que no futebol muitas vezes é na hora que perde, na hora que tem um momento ruim, e aí se joga tudo para o alto, volta às práticas mais antigas, se busca atalhos. Então, manter a profissionalização e envolver o torcedor nisso. Um clube como o Fortaleza, que tem massa, que tem torcida, precisa envolver o torcedor. E o que é envolver o torcedor? É fazer ele confiar na gestão, dar crédito, passar a ir ao estádio, passar a comprar mais camisas, passar a ser sócio-torcedor, passar a ser o combustível de tudo que o clube proporciona. O envolvimento com a torcida e a profissionalização acho que são os dois pontos fundamentais, que vale para qualquer clube que queira fazer algo semelhante. Claro que existem clubes maiores e menores do que o Fortaleza, mas existem clubes que podem seguir um pouco desse caminho."