Topo
Esporte

Brasil é campeão do Sul-Americano Sub-20 que começou com 6 a 0 da Argentina

do UOL

Do UOL, no Rio de Janeiro

16/02/2025 23h23

O Brasil é campeão do Sul-Americano Sub-20 2025, pela segunda edição consecutiva. A Argentina começou a última rodada com o mesmo número de pontos do Brasil, mas não conseguiu tirar a vantagem brasileira no hexagonal final do torneio na Venezuela.

Os hermanos começaram o jogo contra o Paraguai precisando compensar quatro gols no saldo e ficaram bem longe disso: perderam para o Paraguai por 3 a 2, neste domingo (16).

O Brasil conquista o título mais uma vez sob o comando do técnico Ramon Menezes. Ele já tinha comandado o time em 2023.

O próximo desafio da categoria é o Mundial, que será ainda este ano, no Chile. A data? 27 de setembro a 19 de outubro.

E pensar que a campanha começou com uma derrota histórica e constrangedora para o Brasil: 6 a 0 diante da própria Argentina, ainda na primeira fase.

Mas aquela goleada ficou para trás, em um período de recuperação psicológica e reorganização parcial do time.

A seleção brasileira terminou o hexagonal com 13 pontos. A Argentina ficou com 10.

O Brasil ampliou a vantagem na condição de maior vencedor do Sul-Americano Sub-20. Agora são 13 títulos.

A rodada final

A confirmação do título brasileiro veio em uma rodada de vitória da seleção sobre o Chile, por 3 a 0. Um placar meio enganoso, considerando a draga que o time foi no primeiro tempo. Mas a situação deslanchou no segundo, para o bem do Brasil.

A Argentina entrou em campo contra o Paraguai precisando vencer por quatro gols de diferença. Saiu perdendo por 2 a 0, até igualou no segundo tempo, mas perdeu por 3 a 2.

Na hora H, uma Argentina irreconhecível, sobretudo se nos lembrarmos do 6 a 0 na primeira rodada, ainda na fase de classificação. De todo modo, Claudio Echeverri, capitão e camisa 10 dos argentinos, foi o destaque da competição.

Os garotos do Brasil assistiram à última partida do campeonato na arquibancada. Ainda com uniforme de jogo, viveram a experiência de torcedor, enquanto comiam o lanche para repor as forças. Comemoraram cada gol como se fosse deles e até gritaram "olé".

Depois, desceram ao gramado para levantar o troféu e receber as medalhas de campeão.

Pedrinho em ação durante Uruguai x Brasil, duelo do Sul-Americano sub-20 - Reprodução/Instagram conmeboltorneos - Reprodução/Instagram conmeboltorneos
Pedrinho em ação durante Uruguai x Brasil, duelo do Sul-Americano sub-20
Imagem: Reprodução/Instagram conmeboltorneos

O legado do 6 a 0

Se o 6 a 0 serviu para alguma coisa para o Brasil foi para mudar a chave em termos de competitividade do time, que pareceu aceitar passivamente a surra para o maior rival.

Ramon mexeu no time, ficou mais preocupado com questões defensivas. Sem um futebol vistoso, o Brasil compensou na garra, na competitividade e até no pragmatismo.

O início do hexagonal final apagou os efeitos numéricos da goleada na estreia. O Brasil respirou aliviado quando venceu Uruguai e Colômbia por 1 a 0. Curiosamente, o saldo de gols foi o que fez a diferença até a última rodada em relação à Argentina.

O Brasil flertou com o vice-campeonato no próprio hexagonal, quando enfrentou os argentinos. Estava perdendo por 1 a 0, jogou mal, mas arrancou um empate que levou a definição para a rodada final.

Deu certo para o Brasil. A Argentina teve a vantagem de saber o que fazer para ser campeã. Mas não conseguiu executar a tarefa.

E o técnico Ramon, hein?

Ramon Menezes é um caso curioso na CBF. Ele foi o primeiro nome contratado para a base da seleção quando Ednaldo Rodrigues assumiu a presidência, em 2022.

Ramon Menezes, técnico da seleção sub-20 - Staff Images/CBF - Staff Images/CBF
Ramon Menezes, técnico da seleção sub-20
Imagem: Staff Images/CBF

O título do próprio Sul-Americano em 2023 deu moral para ele, mas isso não se sustentou com a queda do Brasil nas quartas do Mundial Sub-20 e, depois, com o fracasso à frente do time sub-23 na tentativa de vaga nos Jogos Olímpicos de Paris.

Ramon quase foi demitido. Mas Ednaldo estava mais preocupado com a necessidade de mudança na seleção principal do que com a base.

Em determinado momento, daria mais trabalho trazer um novo nome para a sub-20 do que oferecer mais um projeto a Ramon Menezes. Assim, chegamos a esse torneio na Venezuela.

A base vem como?

Os problemas são os mesmos do ciclo passado para a montagem do time. Por questões de calendário e de mercado, a seleção sub-20 não conta com os melhores jogadores da geração.

Mas tem nomes que deram conta do recado, como o atacante Pedrinho, do Zenit, o meia Breno Bidon, do Corinthians, o atacante Rayan, do Vasco, e Iago, zagueiro do Flamengo. David Washington (agora de volta ao Santos) foi reserva, mas crucial na rodada final.

Depois que chegou ao hexagonal passando em terceiro do grupo da primeira fase, só um novo vexame tiraria o Brasil do Mundial. Eram quatro vagas para cinco seleções — o Chile já tinha vaga direta, por ser sede da Copa.

O Brasil foi ganhando confiança, lutando jogo a jogo, até que conseguiu o título. Um time que apostou mais na força e velocidade dos homens de frente e menos no controle de jogo dos meio-campistas.

Curiosamente, à luz do resultadismo imediato, o legado imediato do 6 a 0 é o título continental. Mas o trabalho no sub-20 vai precisar melhorar para fazer com que o Brasil volte a ser campeão mundial.

Esporte