Mancha Verde: O que polícia diz da atuação de cada integrante em emboscada
O UOL teve acesso aos autos do processo em que Jorge Luís Sampaio Santos, ex-presidente da Mancha Verde, e demais palmeirenses são suspeitos de terem planejado a emboscada que deixou um cruzeirense morto e 17 feridos no fim de outubro.
Os documentos mostram a atuação de cada integrante da uniformizada do Palmeiras tanto na concepção quanto na execução do ataque ocorrido na rodovia Fernão Dias, em Mairiporã.
A atuação da Mancha na emboscada
O ex-presidente da Mancha Verde, Jorge Luís, e mais 19 homens são apontados como os responsáveis pelo planejamento do conflito. Entre eles está Luiz Ferretti Júnior, que se apresentou como advogado da uniformizada desde o início das investigações, e Felipe Matos dos Santos, vice-presidente da Mancha, conhecido como Fezinho.
O advogado, inclusive, foi o responsável por transportar Jorge Luís até o local da emboscada. Ferretti teria utilizado o carro da própria esposa e, em sua residência, a polícia encontrou uma notificação de infração de trânsito pelo excesso de velocidade no retorno do local do crime.
O mesmo grupo é suspeito de causar o incêndio no ônibus que transportava integrantes da torcida organizada do Cruzeiro, a Máfia Azul.
Também integrantes da Mancha Verde, Lucas Henrique Zanin dos Santos e Cesar Augusto Pinheiro Melo adulteraram as placas de veículos utilizados na ação.
"Para a concretização da emboscada, dividiram-se em diversos automóveis e armaram-se com barras de ferro, pedaços de madeira, fogos de artifício, bolas de bilhar, pedras, entre outros objetos. Além disso, a maioria dos denunciados adotou medidas para dificultar o reconhecimento", diz o inquérito.
Ainda segundo o documento, a polícia identificou através de dados de GPS de celular que Felipe Mattos, o Fezinho, esteve no local do ataque na véspera do crime. Tal fato reforça o argumento de que foi uma ação planejada.
A reportagem não localizou a defesa dos integrantes citados, mas assim que obtiver contato, o texto será atualizado.
Pedido de transferência
Jorge está preso há dois meses no centro de detenção provisória de Guarulhos II, na região metropolitana de São Paulo. Considerado pelas autoridades como o "mentor intelectual" do ataque aos cruzeirenses, ele se entregou à polícia em 11 de dezembro do ano passado, após mais de um mês foragido e tendo renunciado ao cargo na torcida organizada.
A defesa do ex-presidente da Mancha solicitou a transferência à Penitenciária de Tremembé para "assegurar sua integridade física". O receio da equipe de Jorge é que ele tenha contato e seja pego por integrantes de organizadas rivais.
Tremembé é conhecido como um "presídio seguro", abrigando presos de casos de midiáticos, famosos e ex-policiais. O local, que fica a mais de 130 km da capital paulista, também é onde o ex-jogador Robinho cumpre sua pena.