Ex-líder da Mancha preso por emboscada pede transferência por 'grave risco'
Jorge Luis Sampaio Santos, ex-presidente da Mancha Verde preso pela emboscada a ônibus da Máfia Azul, teve pedido de transferência negado pela Justiça.
Pedido de transferência
Jorge está preso há dois meses no centro de detenção provisória de Guarulhos II, na região metropolitana de São Paulo. Considerado pelas autoridades como o "mentor intelectual" do ataque aos cruzeirenses, ele se entregou à polícia em 11 de dezembro do ano passado, após mais de um mês foragido e tendo renunciado ao cargo na torcida organizada.
A defesa do ex-presidente da Mancha solicitou a transferência à Penitenciária de Tremembé para "assegurar sua integridade física". O receio da equipe de Jorge é que ele tenha contato e seja pego por integrantes de organizadas rivais.
Tremembé é conhecido como um "presídio seguro", abrigando presos de casos de midiáticos, famosos e ex-policiais. O local, que fica a mais de 130 km da capital paulista, também é onde o ex-jogador Robinho cumpre sua pena.
No entanto, o pedido dos advogados de Jorge não foi atendido pela Justiça. Além disso, a prisão temporária do ex-líder da organizada foi convertida em preventiva, tendo em vista os antecedentes criminais do detento.
Planejamento da emboscada
O UOL teve acesso aos autos do processo em que Jorge Luís Sampaio Santos e outros palmeirenses são suspeitos de terem praticado homicídio e tentativa de homicídio contra cruzeirenses.
Nos documentos consta a participação de mais de 100 integrantes da Mancha Verde em todo o processo de planejamento e execução da emboscada. Os torcedores adulteraram placas de carro dias antes do ocorrido a fim de dificultar a identificação.
Um dia antes do ataque que aconteceu no último 27 de outubro, um dos integrantes da Mancha foi ao local do crime, na rodovia Fernão Dias, em Mairiporã, para entender o funcionamento da região. Esse e os outros fatos citados embasam o argumento de que foi uma ação planejada.
Jorge, o ex-presidente da Mancha, é apontado pela polícia como o "mentor intelectual" da emboscada à Máfia Azul. Descrito como um indivíduo de "alta periculosidade", ele seria o "principal interessado" no revide por causa de um confronto anterior entre as organizadas, ocorrido em 2022, quando foi espancado e teve documentos roubados por cruzeirenses.
Ele não havia sido identificado nas gravações da emboscada quando teve o mandado de prisão expedido, mas outros indícios sustentaram o pedido das autoridades. A localização do celular do ex-presidente apontou que Jorge esteve no local onde ocorreu o ataque aos cruzeirenses.
Além disso, um agressor foi gravado esbravejando o nome do então presidente da Mancha enquanto chutava a cabeça de uma vítima: "É a tropa do Jorge".