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Mancha Verde: advogado cita 'ilegalidade' e diz não ter acesso a processo

Jorge Luiz, presidente da torcida organizada Mancha Verde - Reprodução/Instagram/jorgeluismvzs/Vinicius Baader
Jorge Luiz, presidente da torcida organizada Mancha Verde Imagem: Reprodução/Instagram/jorgeluismvzs/Vinicius Baader
do UOL

Do UOL, em São Paulo

31/10/2024 12h34

O advogado Gilberto Quintanilha afirmou que ainda não teve acesso oficial ao processo da prisão temporária de Jorge Luis Sampaio, presidente da Mancha Verde, por suposto envolvimento na emboscada à Máfia Azul.

O que aconteceu

Quintanilha, que representa o presidente da Mancha, disse que teve acesso negado aos processos. Ele relatou que foi informado pela Justiça de que a liberação não será dada por enquanto porque o mandado ainda não foi cumprido.

O advogado afirmou que a defesa está sendo cerceada e citou "ilegalidade". Ele criticou a postura das autoridades.

Tivemos a informação agora de que não vão liberar o meu acesso ao processo uma vez que não foram cumpridos os mandados ainda, isso demonstra claramente o cerceamento de defesa e por esse motivo a defesa não vai se pronunciar enquanto persistir essa ilegalidade. Importante frisar que lamentavelmente a imprensa está tendo acesso a todo o conteúdo do pedido de prisão temporária Gilberto Quintanilha

Ao UOL, Quintanilha disse que pediu a liberação dos processos na última quarta (30). Ele esteve na delegacia do Dope (Departamento de operações Policiais Estratégicas), na Barra Funda, em São Paulo, representando seu cliente. A conversa com o delegado Cesar Saad durou cerca de 40 minutos.

O advogado afirmou que ainda não tratou com a polícia sobre uma apresentação de Jorge. Ele aguarda ter acesso ao processo para determinar quais serão os próximos passos da defesa.

Quintanilha está representando o presidente da organizada, enquanto outro advogado compareceu pela Mancha Verde. Os dois ficaram de sentar para alinhas se a defesa será unificada ou se seguirá separada.

Pedido de prisão

O TJ-SP (Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo) decretou a prisão temporária por 30 dias do presidente e do vice da Mancha Verde, além de quatro outros integrantes, pela emboscada contra um ônibus com integrantes da Máfia Azul, organizada do Cruzeiro. O tribunal também autorizou busca e apreensão na sede da organizada e em endereços dos suspeitos.

Os mandados de prisão são para o presidente da organizada, Jorge Luis Sampaio Santos, o vice Felipe Matos dos Santos, conhecido como Fezinho, e outros membros ligados à diretoria: Leandro Gomes dos Santos, Henrique Moreira Lelis, Aurélio Andrade de Lima e Neilo Ferreira e Silva, o Lagartixa. O pedido foi feito pela polícia e endossado pelo MP-SP (Ministério Público de São Paulo).

O relatório da polícia apontou o presidente da Mancha como o "mentor intelectual" da ação e "principal interessado" no revide por causa de um confronto anterior entre as torcidas ocorrido em 2022. Já Fezinho e Leandro foram identificados como envolvidos na emboscada por meio de gravações. Todos eles foram enquadrados nos crimes de homicídio qualificado, lesão corporal, delito hediondo, incêndio e associação criminosa, além de promover tumulto, praticar ou incitar a violência.

Macha vetada em estádios

A Mancha Verde está proibida de entrar em estádios de São Paulo. O veto à presença da torcida em jogos foi determinado pelo MP-SP, e a decisão já foi acatada pela FPF (Federação Paulista de Futebol).

Em comunicado, a FPF informou "atender integralmente a recomendação para que seja proibida a entrada, nos estádios de futebol do Estado de São Paulo, de qualquer indumentária e objetos (faixas, bandeiras etc.) que identifiquem os associados da torcida organizada" Mancha Verde.

O MP-MG (Ministério Público de Minas Gerais) também pediu o banimento da Mancha Verde. O órgão acionou a FMF (Federação Mineira de Futebol) e a CBF solicitando a proibição por dois anos.

A investigação

O incidente que aconteceu no início da manhã de domingo (27) envolveu cerca de 150 torcedores de Palmeiras e Cruzeiro. O caso foi inicialmente registrado na Delegacia de Mairiporã (SP), que apreendeu imagens de monitoramento e solicitou exames de IML às vítimas.

Uma parte dos responsáveis pelas agressões que mataram um homem e feriram outros 17 foi identificada pela Polícia Civil do estado de São Paulo através da emissão de sinais dos celulares dos suspeitos e imagens de câmeras de segurança da rodovia.

A investigação está sob responsabilidade da Drade (Delegacia de Repressão as Delitos de Intolerância Esportiva) para a identificação e responsabilização dos envolvidos.

A Polícia Civil qualifica a emboscada como homicídio, incêndio, associação criminosa, lesão corporal e promover tumulto, praticar ou incitar a violência em eventos esportivos.

A emboscada

A emboscada deixou um morto e 17 feridos na madrugada do domingo (27). Durante a confusão, um ônibus foi incendiado e a rodovia Fernão Dias chegou a ficar interditada no sentido Belo Horizonte.

José Victor Miranda, de 30 anos, morreu após sofrer queimaduras e lesões graves provocadas por barras de ferro.

Segundo as autoridades, todas as vítimas foram torcedores do Cruzeiro. Eles foram surpreendidos pelos palmeirenses que carregavam artefatos como barras de metal e madeira e atearam fogo no ônibus em que estavam.

As agressões começaram por volta de 5h20 no quilômetro 65 da Fernão Dias, próximo ao túnel de Mairiporã.

Dos 17 feridos e hospitalizados, dois seguem internados no Hospital Estadual de Franco da Rocha e um deles está em estado grave.

Mancha se pronuncia

Na última segunda (28), a Mancha emitiu comunicado e negou qualquer participação na emboscada. A organizada disse que vem sendo "apontada injustamente" de envolvimento no caso, que classificou como "fatídico e lamentável".

A torcida organizada afirmou que não pode ser responsabilizada por "ações isoladas de 50 torcedores". A Mancha afirmou que conta com mais de 45 mil associados e repudiou o ocorrido, ressaltando que é contrária a atos de violência, e também se colocou à disposição das autoridades.

Confira o comunicado da Mancha

A Mancha Alvi Verde vem sendo apontada injustamente, através de alguns meios de imprensa e redes sociais, de envolvimento em uma emboscada ocorrida na Rodovia Fernão Dias, próximo ao túnel de Mairiporã, na madrugada deste domingo (27). O incidente resultou tragicamente na morte de um torcedor do Cruzeiro e deixou outros feridos. Lamentamos profundamente mais esse triste acontecimento e manifestamos nossa solidariedade e demonstramos nosso consternamento aos familiares da vítima, repudiando com veemência tais atos de violência.

Queremos desde já deixar claro que a Mancha Alvi Verde não organizou, participou ou incentivou qualquer ação relacionada a esse incidente. Com mais de 45.000 associados, nossa torcida não pode ser responsabilizada por ações isoladas de cerca de 50 torcedores, que desrespeitam os princípios de respeito e paz que promovemos e defendemos.

A Mancha Alvi Verde repudia toda e qualquer forma de violência e reafirma seu comprometimento e compromisso com a segurança e a convivência pacífica entre torcedores. Estamos à disposição das autoridades para colaborar plenamente com as investigações, auxiliando na identificação e punição dos responsáveis por mais esse fatídico e lamentável episódio ocorrido na madrugada desse domingo.

Mancha Alvi Verde

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