Filipe Luis explica mudança após expulsão e critica arbitragem contra o Fla
O técnico Filipe Luís explicou o que pensou ao colocar Fabrício Bruno na vaga de Gabigol após a expulsão de Bruno Henrique. A mudança acabou dando certo e o Flamengo segurou o 0 a 0 com o Corinthians, garantindo vaga na final da Copa do Brasil.
O plano de jogo, uma estratégia que não vou abrir muito. Mas meu primeiro pensamento era proteger a defesa e entregar a bola para o Corinthians. Saber que eles teriam que criar. Muitas vezes vamos pressionar, corremos riscos e eles têm jogadores rápidos na frente. A partir desse momento dar a bola para eles, sabíamos da capacidade dos jogadores. Do Arrascaeta não perder a bola, Gerson também. O Erick que fez um jogo extraordinário perde pouco. Conseguem segurar e fazer a equipe avançar, foi esse meu pensamento. Quando forçassem alguma jogada teríamos jogadores para tirar o time de trás e ter chances.
Filipe Luís também criticou as decisões dos árbitros contra o Flamengo nas últimas partidas. Ele cita não ter entendido o impedimento assinalado no gol de Alex Sandro, que foi anulado.
Não vi nenhum lance ainda. Eu não gosto de falar de arbitragem. Eu adoro o Daronco, mas o que peço é que respeitem o Flamengo. O que eu sinto, e já sentia como jogador, é que ou você é com o Flamengo ou contra o Flamengo. É mais fácil sempre ir contra o Flamengo. Se o VAR tem uma dúvida é contra. Isso me incomoda. A única coisa que peço é que se respeite o clube. Respite a regra e faça o certo. Se o VAR intervém o menos possível, sigam a regra. Chega na televisão e olha o que está acontecendo, não se manipule pelo que falam de cima. Os árbitros são bons, a gente sabe disso. Tem uma pressão grande. Mas a minha sensação é que está sendo muito fácil ir contra o Flamengo. E isso me incomoda. Não quero vantagem, quero que sejam justos.
O que mais ele disse?
Substituição após expulsão
"Falaria a mesma coisa se tivesse perdido: penso em todas as possibilidades no jogo, anoto, planejo. Nem sempre sai do jeito que esperamos ou acontece o que planejamos, mas uma expulsão sempre é prevista e o possível cenário do jogo também. Muitas experiências que vivi jogando em vários tipos de sistemas diferentes com um a menos, um a mais. Decidimos rápido porque já estava previsto com a comissão se isso acontecesse. Decidimos muito rápido. O time tem que ter uma resposta imediata do treinador nesse momento para saber o que fazer. Eles foram sublimes."
Expulsão
"A expulsão do Bruno foi uma pena porque era o melhor jogador em campo até o momento. Estava sendo um perigo constante pelo lado do Matheuzinho. Estava atacando bem, defendendo, correndo muito. Perder um jogador desse calibre e ficar com um a menos é um golpe importante para a equipe. Mas tenho um grupo de homens fantásticos. Tenho que exaltar o que fizeram em campo. O que correram, se doaram é louvável. Se tivesse outro resultado falaria a mesma coisa. Estou muito orgulhoso da equipe que tenho na mão, conheço esse grupo como ninguém e sei perfeitamente da fome e a ambição que esse grupo tem de ser campeão e ganhar. Sou um privilegiado de poder liderar esse grupo."
Michael
"Michael é um jogador importantíssimo para mim. É determinante, tem gol, drible, um contra um, tudo que um extremo deve ter. Adoro ele, jogamos juntos e fui muito feliz ao lado dele. Teve uma lesão muito grave, grande e está recuperando a melhor forma. Michael era uma troca certa hoje, mas, com a troca que fizemos no primeiro tempo e a segunda com a lesão do Nico me deixou só com uma parada. Tive de segurar ao máximo essa parada caso alguém não aguentasse até o final, se tivesse lesão. Tive de aguentar a última troca. Michael não entrou por um motivo tático hoje, mas vai ter os minutos praticamente todos os jogos porque é muito importante e quero ter a melhor versão dele."
Mental para segurar o jogo
"É um grupo de jogadores gigantes e que crescem nesses momentos. Em clássicos, finais. São jogadores decisivos. Tenho um grupo de jogadores decisivos. A primeira troca que fiz foi um jogador de seleção brasileira. Sei o que vão me dar e render. Eles tem que continuar acreditando neles. Não tenho feito muito mais do que dar soluções táticas porque sei o que esse grupo quer. O tanto que querem ganhar. Vê como os jogadores saem do campo, exaustos. Eles se abraçam, dão a vida um pelo outro. Saem machucados, sangrando. Esses meus jogadores querem mais que ninguém. Quando não conseguem atingir o objetivo, abala. Claro que abala. Jogar no Flamengo, o maior time do Brasil e um dos maiores do mundo, você quer colocar a foto na parede e fazer história. Quando não consegue, dói. Queremos fazer história aqui."
Relação com os experientes
"Antes do jogo eu estudo, faço uma leitura ofensiva, defensiva e em todas as fases. E tomo as minhas decisões, mas deixei claro para eles que preciso não da opinião, mas do que eles estão sentindo. Preciso dar aos jogadores as soluções também segundo a cabeça deles. O que eles querem, o que pensam. Para podermos chegar a um termo bom. Tenho conversado muito com o David, me apoia bastante nisso, me dá feedback do que o grupo sente. Não só ele, mas todos os capitães. Depois a decisão é minha. Quem joga, titular, reserva, sistema, mudanças, tudo sou eu. A responsabilidade é minha, mas gosto de saber o que eles estão sentindo no campo. O treinador não vê tudo. É bom saber a sensação do jogador."
Dias após Fla-Flu
"Depois do clássico deve ter sido uma das piores noites que tive no futebol. A derrota doeu muito. No dia seguinte eu acordei, entrei no CT e me animei de novo. Recebi uma mensagem do meu amigo Renê Simões que parecia estar dentro do meu cérebro. Tive uma troca com ele dessa primeira derrota como treinador profissional. Uma experiência interessante... dura. Sabia que ia chegar. Mas tenho plena certeza do que acredito, das minhas convicções do que é o jogo, das ideias e não vou abrir mão disso. Quando forem julgar o Flamengo do Filipe, é o Flamengo do Filipe. Não é da opinião da imprensa, de um diretor, não, é o que eu penso do futebol. Não vou abrir mão. Me animei, contagiar o grupo. Temos uma oportunidade gigantesca de jogar uma semifinal nessa atmosfera incrível. Os jogadores querem ser campeões."
Arrascaeta apontando para ele no gol anulado
"Comemoração normal com um jogador importantíssimo. Simplesmente nos demos um abraço e comemoramos juntos. Infelizmente o gol... não consigo entender bem a linha. Mas foi anulado e paciência."
Gabigol
"No meu modelo de jogo eu tenho um 9 profundo, que dá profundidade ao time e ataca espaços. O Gabi tem essa função no meu modelo de jogo. O 9 tem essa função. Pedro machucado, Carlinhos não pode jogar e que outro jogador ataca melhor os espaços que o Gabriel? Está no melhor momento dele? Não, todos sabemos. É um jogador que não vai se recuperar nunca? Não sei. Depende dele. Não foi nada a ver com o jogo que ele estava fazendo, mas com a estratégia que eu tive para o time naquele momento. A primeira opção é sempre tirar o atacante e deixar no campo os jogadores que podem aguentar e ser resilientes na parte física. Ele, que tem uma função de ficar mais profundo, eu precisava deixar o Arrascaeta ali. Porque ele é meia e cobre mais o campo que o Gabriel. Questão estratégica."
Arrascaeta
"O posicionamento do Arrascaeta e do Gerson não estava correto no início, eu estava tentando corrigir. A posição dele [Arrasca] era mais perto do Bruno. Mas ele tem a tendência de ficar mais alto, acredito que tenha sido pelo número de erros que tivemos com a bola no começo do jogo. De domínios, a bola estava escapando do pé. Demos um pouco de contra-ataques e transições para o Corinthians. Ele correu demais e perdeu esse posicionamento dele quando tínhamos a bola. Mas eu estava tentando corrigir o tempo todo."
Qual segredo de chegar à final
"Eu e Diego Ribas sempre comentamos. O pessoal cobra títulos, mas como é difícil chegar à final todo ano. Todo mundo quer. São muitos times que jogam e o Flamengo está ali todo ano. Copa do Brasil, Libertadores e Brasileiro. As vezes até peca por querer ganhar todos. É difícil o calendário, mas o com o elenco que tem, tirando as lesões que tivemos essa temporada, o Flamengo pensa muito grande. Não é fácil. Estou completamente tranquilo porque são jogadores acostumados a jogar finais. Não perdem a ambição, querem mais fotos na parede, mais história. O emocional fica mais fácil porque sabem lidar com esse momento."
Bruno Henrique
"O Bruno é um cara muito emocional. Ele sente muito as derrotas, esses acontecimentos, quando o juiz erra. É emocional e coloca para fora. É um jogador que deixa a alma pelo Flamengo. Eu falei para ele que o grupo iria correr e dar tudo por ele. O grupo ama o Bruno Henrique, sabe o quanto ele dá pelo grupo e pelo clube. Foi uma pena. A expulsão foi justa, mas nem tudo foi justo nesse jogo."
Discípulo de Jesus e tarde de Simeone
"Aquele jogo com Jesus foi praticamente a mesma coisa Contra o Del Valle nós demos a bola para eles, esperamos o momento de atacar e no Maracanã foi um show aquele jogo. Hoje era muito difícil, complicado, estádio difícil, gramado rápido. O adversário com todas as vantagens. Tenho experiências jogando com um e dois a menos, até a mais também. Eu acho que estou aqui falando com o resultado positivo, mas a decisão foi firme e convicta. Nem sempre vai ser o caminho certo, mas esses jogadores querem tanto que fazem acontecer."