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Grupo de oposição acusa Augusto de querer vender o Corinthians: 'Arquitetado'

Augusto Melo, presidente do Corinthians, durante jogo contra o Grêmio, pelo Brasileirão - Ettore Chiereguini/AGIF
Augusto Melo, presidente do Corinthians, durante jogo contra o Grêmio, pelo Brasileirão Imagem: Ettore Chiereguini/AGIF

20/09/2024 15h09

O "Movimento Reconstrução SCCP", formado por conselheiros de oposição do Corinthians, soltou uma nota oficial nesta sexta-feira (20) acusando o presidente Augusto Melo de querer vender o clube. Os integrantes do grupo entendem que há um "movimento arquitetado" por parte da diretoria, que começaria com a abertura de uma ação cautelar com pedido de liminar na Justiça.

"Está claro que há um movimento arquitetado para vender o Corinthians. A justificativa será a de que o clube não conseguirá pagar seus credores. E a estratégia da gestão, como já publicado pela imprensa, é impetrar uma ação cautelar para travar todos os pagamentos por 60 dias. A esperança é de que a Justiça conceda a cautelar e, assim, o Corinthians entre em recuperação judicial", escreveu o grupo em nota oficial.

"Trata-se de um ato de desespero de quem já gastou, irresponsavelmente, R$ 200 milhões em apenas seis meses e agora não tem como arcar com tais compromissos. Solução: dar um calote no mercado e jogar o clube em um buraco ainda mais fundo", complementou.

Além de manifestar preocupação com a possibilidade do Corinthians virar SAF (Sociedade Anônima do Futebol), o "Movimento Reconstrução SCCP" questionou o aumento da dívida desde a posse de Augusto Melo e a saída da Ernst & Young. O grupo também apontou conflito de interesses com o papel de Fred Luz no clube e os serviços prestados pela Alvarez & Marsal.

Os conselheiros do grupo em questão relataram a preocupação de Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo, com a possibilidade do pedido de ação cautelar. Romeu encaminhou um ofício ao presidente Augusto Melo para "pedir explicações e informá-lo sobre a preocupação de conselheiros a respeito da venda do Corinthians".

Na visão dos integrantes do grupo, a contratação do atacante Memphis Depay vem sendo usada como "cortina de fumaça" para os próximos passos da diretoria.

"De maneira oportunista e manipuladora, Augusto e sua diretoria tentam aproveitar o momento de exaltação da torcida pela contratação de um atleta internacional, como Memphis Depay, para criar cortina de fumaça, desviar o foco e encobrir ações contrárias aos interesses e à história do Corinthians", escreveu o "Movimento Reconstrução SCCP".

Veja a nota completa

O Movimento Reconstrução SCCP manifesta seu total repúdio e sentimento de revolta diante do plano arquitetado pela atual diretoria do Sport Club Corinthians Paulista para VENDER nosso clube e nosso futebol. Além de atacar a centenária história do "Time do Povo", a intenção de Augusto Melo e seus diretores afronta também compromissos assumidos pelo presidente.

Por dezenas de vezes durante a campanha, Augusto foi categórico ao dizer que o clube não entraria em Recuperação Judicial (RJ), que nada mais é do que o passo inicial para a criação de uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF). "Nenhuma chance de vender o Corinthians e montar uma SAF. O Corinthians não pode ter um dono", cansou de falar.

E pela enésima vez, o presidente do Corinthians despreza a inteligência de conselheiros, sócios, torcedores e formadores de opinião ao tentar emplacar narrativa de que "tentamos, mas não deu. Tudo isso será feito para o bem do Corinthians".

Tentaram de tudo mesmo? Augusto só deverá omitir, assim como já fizeram alguns de seus diretores, que em APENAS SEIS MESES aumentou a dívida em R$ 200.000.000,00 (duzentos milhões de reais, totalizando R$ 2,3 bilhões) com gastos irresponsáveis que desrespeitaram tanto o fluxo de caixa, quanto as diretrizes da EY, consultoria contratada para orientar a gestão, o que causou a saída da empresa.

Também fingem não saber que o clube tem a receber, entre créditos e naming-rights da arena, quase R$ 750.000.000,00 (setecentos e cinquenta milhões). E mais: ver o clube nas mãos da Alvarez e Marsal, empresa para a qual trabalha o CEO Fred Luz, em um flagrante conflito de interesses evidente até para quem não frequenta o ambiente corporativo.

Cautelar - Está claro que há um movimento arquitetado para vender o Corinthians. A justificativa será a de que o clube não conseguirá pagar seus credores. E a estratégia da gestão, como já publicado pela imprensa, é impetrar uma ação cautelar para travar todos os pagamentos por 60 dias. A esperança é de que a Justiça conceda a cautelar e, assim, o Corinthians entre em recuperação judicial.

Trata-se de um ato de desespero de quem já gastou, irresponsavelmente, R$ 200 milhões em apenas seis meses e agora não tem como arcar com tais compromissos. Solução: dar um calote no mercado e jogar o clube em um buraco ainda mais fundo.

Se a Justiça aceitar, a gestão venderá o Corinthians. Mas antes vai esperar os agentes que lucram ao negociar dívidas do clube terminarem seus serviços. Se a Justiça recusar, todos os credores executarão o clube de uma só vez. A ideia é que a situação fique caótica para dizerem que "tentamos de tudo, agora vamos ter que vender o SCCP"

Conselho em alerta - O grau da ameaça imposto pela diretoria chegou a tal ponto que obrigou o presidente do Conselho Deliberativo, Romeu Tuma Jr., a se manifestar. Tuma encaminhou, no último dia 17, um ofício a Augusto Melo para pedir explicações e informá-lo sobre a preocupação de conselheiros a respeito da venda do Corinthians.

De maneira oportunista e manipuladora, Augusto e sua diretoria tentam aproveitar o momento de exaltação da torcida pela contratação de um atleta internacional, como Memphis Depay, para criar cortina de fumaça, desviar o foco e encobrir ações contrárias aos interesses e à história do Corinthians.

Foi assim com a constrangedora apresentação do relatório da EY - que era chamado de "Semana da Transparência", foi reduzido a "Dia da Transparência" e terminou como "Hora da Transparência", e é assim também, com a tentativa de vender o Corinthians.

Todo torcedor vibra e se orgulha ao ver grandes nomes do futebol vestirem nosso manto. E estamos todos com esperança de que Memphis nos ajude a sair da triste e incômoda posição em que o Corinthians se encontra no Campeonato Brasileiro. Porém, não permitiremos que a atual gestão explore a fé e a confiança - dois dos sentimentos que mais traduzem o que é ser corinthiano - para expor nosso clube a riscos.

Entendemos que Augusto e seu problemático entorno estejam desesperados diante do montante gasto irresponsavelmente até aqui para tentar salvar a gestão ou pelas quatro investigações em andamento na Polícia Civil e no Ministério Público, que têm a administração como alvo. No entanto, é extremamente preocupante que ações do presidente sejam descritas como "All In", expressão do jogo de pôquer, que significa "tudo ou nada", típica daqueles que sabem que perderam e atiram para todo lado.

O Corinthians exige respeito, amor e responsabilidade.

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