Mãe de mulher que acusa Caio Paulista: 'Já passei por isso e não denunciei'
A denúncia de agressão feita por Ana Clara Monteiro, ex-mulher de Caio Paulista, ganhou novos desdobramentos após Carol Bernardi, irmã da suposta vítima, publicar um post falando que haviam "inverdades" na história (mas sem citar quais seriam). Já o jogador do Palmeiras nega as acusações de agressão feitas pela jovem de 21 anos.
O caso, que repercute no clube paulista desde o último sábado (14), dividiu as famílias, gerou novas linhas de investigação e respinga na presidente Leila Pereira. Nesta reportagem, o UOL conta os detalhes.
Irmã de Clara cita 'inverdades' e mãe rebate
Na noite da última quarta-feira (18), Carol Bernardi, irmã de Ana Clara, 30, publicou vídeos nas redes sociais dizendo que nunca vai compactuar com coisas errados e acusou a irmã de mentir.
Está sendo muito difícil para mim, minha família e meus filhos. Não compactuo com isso. A Clara me bloqueou porque eu já havia conversado com ela antes que não compactuava com isso que ela está fazendo. Conheço o Caio e a família do Caio. Não acho correto o que está acontecendo. Não vou compactuar nunca com o errado. Ela está falando inverdades sobre o Caio, isso não é verdade.
Carol Bernardi, irmã da suposta vítima
"Sou madrinha da Maria, filha dela com o Caio, e ela é madrinha da minha filha do meio. Nós sempre fomos confidentes e melhores amigas para tudo. Quando eu não compactuei com o que ela estava fazendo, ela simplesmente me bloqueou e me tirou da vida dela", ponderou Carol.
Em entrevista ao UOL, Alexandra Ladeira, 54, mãe de Clara e Carol, diz não entender o que motivou a primogênita a fazer tais afirmações. Segundo a mãe, que está em São Paulo desde agosto para ajudar a filha caçula, a irmã mais velha foi a primeira pessoa a saber das agressões há cerca de dois anos.
Me sinto traída. Sou mãe das duas e eu fiz a criação das duas da mesma forma. No momento, não entendi por que ela ficou contra a Clara, a favor dele, mesmo sabendo que tudo era verdade, porque ela foi a primeira pessoa a saber [da agressão].
Alexandra Ladeira, mãe da suposta vítima
"Eu passei por isso também e nunca denunciei. Eu passei por isso dez anos na minha vida, nunca denunciei e eu sei a dor que a minha filha, a Clara, está sentindo. Eu sei na pele o que ela está sentindo, o que ela está passando, porque é verdade, isso não é mentira, ninguém está inventando nada", acrescentou.
Na última quinta-feira (19), a Polícia Civil instaurou um inquérito para apurar os fatos narrados por Clara em um boletim de ocorrência.
Advogado aponta tentativa de 'manchar reputação' de Clara
Em contato com a reportagem, o advogado de acusação afirma que Carol Bernardi não esteve presente nos episódios de agressão e visitou amigos e familiares da suposta vítima, acompanhada da mãe e da irmã de Caio, para arrolar testemunhas a favor do jogador.
Procurada, a defesa de Caio Paulista não se manifestou sobre a acusação de que pessoas ligadas ao jogador estariam tentando buscar testemunhas para ajudá-lo no caso.
Já a nota da assessoria jurídica de Clara sustentou que as irmãs não possuem bom relacionamento atualmente.
Em nenhuma das datas das agressões sofridas por Clara Monteiro sua irmã estava presente, de modo que ela não pode afirmar nada sobre os episódios. Tal relato demonstra uma parcialidade acentuada a favor de Caio. Neste sentido, é importante destacar que na data de 18 de setembro de 2024, testemunhas relataram que Ana Caroline, acompanhada da mãe e da irmã de Caio Paulista, estiveram no antigo bairro onde sua irmã residia no Rio de Janeiro, a fim de recrutar pessoas que de alguma maneira possam manchar a reputação de Clara Monteiro, numa tentativa de desviar o foco da discussão que envolve as agressões sofridas por esta. Por fim, Ana Caroline não possui bom relacionamento com sua irmã, o que se acentuou recentemente, após Clara Monteiro revelar que evita contato com esta, haja vista não concordar com a conduta delituosa de seu companheiro, que atualmente cumpre pena de reclusão no sistema prisional.
Marcos Paulo Arias, advogado de Ana Clara
O que disse a defesa de Caio Paulista
O jogador Caio Paulista, por meio de sua advogada, apresentou-se de forma espontânea à Delegacia de Defesa da Mulher nesta data, com o objetivo de agendar seu depoimento e indicar as provas documentais e testemunhais que irão desmentir completamente as falsas acusações de agressão contra a mãe da sua terceira filha.
Reforçamos, mais uma vez, a total inocência de Caio, e aguardamos que, com a maior brevidade possível, essa farsa seja desmascarada, uma vez que foi criada com intenções claras de prejudicar a imagem do atleta. Confiamos plenamente na justiça e estamos certos de que Caio será absolvido de todas as acusações infundadas que lhe foram atribuídas quando então poderemos acionar civil e penalmente todos que compactuarem com essas falsas afirmações.
O que diz o Palmeiras
A Sociedade Esportiva Palmeiras esclarece que, tão logo tomou conhecimento sobre a carta aberta publicada pela mãe de um dos filhos do atleta Caio Paulista em uma rede social, o jogador foi convocado pela diretoria para uma reunião, ocorrida na noite de sábado. Questionado a respeito do relato e das imagens divulgados, Caio Paulista negou ter cometido qualquer agressão e disse não haver processo ou investigação contra ele na esfera criminal. É de conhecimento público que o Palmeiras não tolera qualquer forma de violência e tem no respeito pela mulher um de seus valores fundamentais. Todos os colaboradores do clube devem seguir as normas de conduta estabelecidas internamente, que preveem diferentes medidas punitivas, a depender da gravidade do fato e da comprovação penal. O Palmeiras seguirá acompanhando o caso com a devida atenção.
Entenda o caso
Em fotos e vídeos postados nas redes sociais, Clara mostrou hematomas pelo corpo, além de um olho roxo, marcas das supostas agressões de Caio Paulista. O episódio mais recente teria acontecido em outubro de 2023, segundo o relato.
Na publicação, a tatuadora não cita diretamente o nome do jogador, mas se diz "cansada de se calar diante das violências que sofreu".
Em contato com a reportagem, Clara atribuiu as marcas das agressões a Caio Paulista. Segundo a jovem, que é mãe da filha caçula do atleta, as violências aconteceram em dois momentos da relação.
Por meio de sua assessoria, Caio Paulista nega que tenha agredido Clara. O jogador diz que está em processo judicial com a ex apenas por questões financeiras.
Clara foi à 1ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) na última terça-feira (17) para registrar o BO e prestar depoimento. A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo confirmou a informação ao UOL.
Ela compareceu à delegacia para fornecer mais informações sobre os fatos e demais providências necessárias para o andamento das investigações. No entanto, "outros detalhes serão preservados para garantir a autonomia do trabalho policial e resguardar a vítima".
Em caso de violência, denuncie
Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.
Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.
Também é possível realizar denúncias pelo número 180 — Central de Atendimento à Mulher — e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.
Há ainda o aplicativo Direitos Humanos Brasil e através da página da Ouvidoria Nacional de Diretos Humanos (ONDH) do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH). Vítimas de violência doméstica podem fazer a denúncia em até seis meses.
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