'Gordo mais rápido' apela a Ratinho após picada de aranha e 140 kg a menos
Aos 72 anos, Mozart Soares de Souza, que dedicou grande parte de sua vida ao futebol brasileiro como massagista e fisioterapeuta, enfrenta uma batalha de saúde que parece não ter fim e tem até uma vaquinha online que foi organizada para arrecadar fundos para auxiliá-lo.
Em 2011, ele foi picado por uma aranha-marrom enquanto trabalhava no centro de treinamento do Serrano de Prudentópolis, hoje Prudentópolis Futebol Clube, no Paraná. A picada, que ocorreu em uma noite fria enquanto dormia no CT após tratar um atleta, desencadeou uma série de complicações médicas que perduram até hoje.
"Eu tratei de um atleta até por volta das 23h e acabei dormindo no CT. Quando acordei e começamos a viagem para Londrina, meu pé já estava gangrenando. A dor foi monstruosa", disse.
Após exames médicos, foi confirmado que a aranha-marrom era a responsável pelos sintomas devastadores que incluíam necrose e dores insuportáveis. Ele também teve problemas nos rins, fígado e estômago, além do desenvolvimento de diabetes.
Conhecido como o "Gordo mais rápido do Brasil", Mozart ganhou esse apelido devido à sua habilidade e agilidade ao atender os jogadores em campo, apesar de seu peso elevado. Na época, ele chegou a pesar 199 kg, mas, mesmo assim, impressionava a todos pela rapidez com que corria para socorrer os atletas durante as partidas.
Hoje, após uma drástica perda de peso causada por uma combinação de reeducação alimentar e problemas de saúde, ele pesa cerca de 59 kg.
Sem o apoio do clube, que o demitiu em 2014 sem pagar seus direitos trabalhistas, segundo ele, Mozart vive uma vida de dificuldades em São Vicente, no litoral paulista, em um pequeno quarto alugado. Ele sobrevive com a ajuda de amigos e familiares, mas as necessidades financeiras e médicas são constantes. Em meio a essa situação, decidiu fazer um apelo a uma figura que ele admira: Carlos Massa, o Ratinho.
O fisioterapeuta conheceu Carlos Massa em 1988, quando foi trabalhar no Grêmio Maringá. Na época, o apresentador trabalhava em uma rádio local. Depois, ele trabalhou no projeto esportivo de Ratinho.
Trabalhei com o Ratinho no Astral Esporte Clube, onde ele coordenava um projeto sub-15 e sub-17. Eu era o fisioterapeuta e também coordenava todas as atividades. O projeto acontecia no resort dele na Fazenda Ribeirão Grande, em Agudos do Sul, no Paraná. Ele se dedicava exclusivamente às categorias de base juvenil. Ele é uma pessoa maravilhosa, veio do nada e conquistou tudo o que tem hoje. Seu Carlos Massa, eu preciso de ajuda. Queria ir até o SBT, mas estou muito ruim.
A vida de Mozart, no entanto, não tem sido apenas de desafios e dificuldades. Desde o final de 2019, ele conta com o apoio de Júlio Peixoto, um tesoureiro de uma ONG de Compostagem em Santos. Júlio conheceu Mozart quando acompanhava a sobrinha do ex-massagista, que na época estava casada com um conhecido, em uma ida a uma loja de brinquedos em São Vicente.
"A irmã do Mozart me chamou para tomar um café, ele estava na mesa, e começamos a conversar. Ele mencionou que foi campeão da Taça São Paulo de Futebol Júnior com o Marília, e isso me marcou profundamente. A partir daí, fui me inteirando de toda a situação dele e do drama que enfrentava. Com certeza foi algo divino, uma obra divina", relata Júlio.
Desde então, Júlio tem sido um apoio constante para Mozart, ajudando-o e organizando campanhas para arrecadar fundos. Em 2019, após uma série de chuvas fortes que devastaram a Baixada Santista, Mozart perdeu móveis, fotos, documentos e diplomas, além de ter a infecção em sua perna esquerda agravada devido ao contato com a água contaminada.
O amigo Júlio, sensibilizado pela situação, resolveu organizar uma vaquinha para ajudar com os custos de transporte para consultas médicas, medicamentos e até mesmo para negociar os débitos que Mozart acumulou.
Apesar das dificuldades, Mozart mantém a fé de que pode melhorar. Contudo, ele reconhece que precisa de mais ajuda, especialmente diante das limitações impostas pela sua saúde. Ele paga cerca de R$ 550 de aluguel, além das contas de água e luz, e precisa de medicamentos constantes para controlar a dor e outras complicações. "Eu pago tudo com muita dificuldade, já passei fome e, com essa doença, gasta-se muito", desabafa.
A situação é extremamente grave. Segundo a médica Ceila Malaque, do Hospital Vital Brazil (HVB), vinculado ao Instituto Butantan, a picada de aranha-marrom pode causar desde necrose local até insuficiência renal e levar a morte, dependendo da quantidade de veneno injetada. No caso de Mozart, as dores são constantes e nenhum analgésico parece ser eficaz.
Nem morfina resolve . Eu quero sarar e voltar a trabalhar. Sou conhecido no mundo do futebol, só quero ter uma chance.
Uma vaquinha online foi organizada para arrecadar fundos que possam ajudá-lo a cobrir suas despesas médicas e de subsistência, mas até agora, as doações têm sido poucas. Mozart espera que seu apelo chegue a Carlos Massa e a outras pessoas.
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